YAGO CAPÍTULO 27.

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YAGO 27.

A meia noite se aproximou, eu não faria a vigília no farol. Nessa noite outro lugar necessitava da minha guarda. Acostumado a noites em claro guardava o sono do menino e da sua doce babá. O não que ela me respondeu era um sim claro. Ela mentia, Seu corpo e seus olhos a desmentia, e sim, ela me queria, me desejava! Não conseguia esconder, sua boca negava falsamente, enquanto seus olhos me buscavam constantemente.

A madrugada veio, ela era pequena e a poltrona ainda mais, me levantei a pegando, a depositei na cama ao lado da criança. Se virando para se acomodar agarrou meu braço levando para perto do peito, suspirou profundamente.

Um sorriso convencido preencheu meus lábios, pode negar garota, mas até quando está dormindo me quer por perto, pensei. Puxei meu braço com cuidado, o menino se aproximou se encaixando nos braços dela, ela era como um condutor chamando-o.

Eu os velei durante toda a noite, volte meia ia até o menino verificar sua temperatura, constava que estava tudo bem, a babá dormia serena, a olhava pensando no que faria, em como a traria para os meus braços. 

Já era outro dia quando cochilei, mas antes mandei uma mensagem a minha secretária, mensagem mandada, fechei meus olhos. -Quer começar uma guerra que não terá como ganhar babá, vamos lá?! Sussurrei lhe dando um último olhar.

Acordei sendo observado por uma criatura pequena de cabelos bagunçados sentada na minha frente, aos pés da cama, Yolanda não estava. O encarei, ele me encarou. -Meu avô Alehandro baba quando dorme, o senhor baba? Quem diria o pequeno entregando o velho, querendo saber coisas ao meu respeito, respondi.

 -Não! Provavelmente ele dorme com a boca aberta, aquele babão! Durmo com a boca fechada. A criança sorriu concordando. -Ele também faz uns barulhos engraçados, sempre me acordam.

-Os barulhos engraçados se chamam roncos. -Tia Ceiça disse que era isso, mas meu avô não concordou. Meu pai roncava, mas nunca admitia, Ceiça limpava sua barra dizendo que não eram roncos e sim barulhos charmosos, paixão deixa as pessoas cegas.

Me levantei perguntei se ele não iria escovar os dentes respondeu que sim e tomaria banho. Abri a porta do banheiro e ele continuou sentado onde estava, parecia pensar.

-Não vai vir? Eu ligo o chuveiro para você. -Vou esperar a Yola, tomo banho primeiro para depois escovar os dentes. -Posso te ajudar, se quiser? -A tomar banho?! -Sim, porque não?

 -É que meu avô disse que não podemos tirar as roupas na frente de estranhos. O fitei, então esse era o problema não queria se despir. -Você me acha um estranho Eduardo? Ficou pensando para saber o que responder, era como meu pai dizia ele era inteligente, só falava quando tinha certeza, precoce. -Eu não sei.

Voltei ao quarto voltando a me sentar no sofá, ele continuava sobre a cama, confiança, eu era um estranho e ele não confiava. -Olha eu sei que nunca conversamos, não nos cumprimentamos, que quando venho a essa casa me tranco com seu avô no escritório ou na sala. Eu errei, devia ter prestado mais atenção em você, que por conta desses erros não somos tão próximos. 

-O senhor nunca me cumprimentou, não gostava de mim? Era mais complicado do que eu pensava, eram muitas pendencias eu terei que ter cuidado ao lidar com ele será como pisar em ovos, não posso magoá-lo ainda mais com essas perguntas dele tão diretas, não gostava. A palavra estava dita no passado, sem saber inocentemente ajudava nos aproximarmos. -Acha que hoje gosto de você e, antes não? 

-Acho que hoje você gosta, você me salvou de afogar. -Então pelo fato de ter o salvado pode confiar em mim não pode? Isso significa que não te farei mal, concorda? -Acho que sim.

-Podemos ser amigos? Perguntei passando a mão em seus cabelos. -Podemos, mas temos que começar do jeito certo. Ele levantou da cama ficando de pé no chão esticou a mão para que eu pegasse, repeti o gesto dele.

Senhor de Araruna.EM ANDAMENTO.Onde histórias criam vida. Descubra agora