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Anna
Olho pela janela do carro, a orla de Copacabana.
- Tá ligado do perigo que eu tô correndo né? - Perguntou.
- Não precisava ter vindo. - Falei, implorando pra que aquela conversa fosse encerrada.
- O filho é meu, pô. - Falou e eu o ignorei, alisando a barriga. 
Demorou mais uns 10 minutos e chegamos a clínica.
Atravessamos a recepção e a recepcionista nos olhou, ou melhor, olhou para Henrique.
- Posso lhe ajudar? - Falou ajeitando o decote.
- Minha mulher tem uma consulta marcada aí. - Falou grosso e só então ela me observou.
- Ah, desculpe. - Falou. - Qual seu nome? - Peguntou.
- Anna Araújo. - Falei.
- Um momento. - Falou mexendo no computador.
Observei que Henrique olhava para todos os lado, nervoso. É perigoso demais pra ele tá aqui, mas quem manda nele?
- Pode ir, sala 22, segundo andar. - Falou e seguimos em direção ao elevador, que estava vago.
- Queria botar meu nome em tu. - Falou de cabeça baixa, assim que entramos no elevador vazio.
- Melhor não. - Falei.
- Tu quer ir embora né? - Peguntou.
- Talvez. - Respondi.
- Não queria que tu fosse. - Falou com a foz embagada.
O ignorei saindo do elevador, procurei a sala e entrei na mesma.
- Bom dia, Anna. Estava a sua espera. E você, deve ser o pai. - Falou conosco.
- Sou. - Falou de cabeça baixa.
Na verdade, eu nunca tinha visto o Henrique assim.
- Deite-se aqui. - Pediu apontando para a cama.
Deitei na cama e levantei o vestido.
Observei o olhar de Henrique sobre mim. Seu olhar triste.
- Vamos lá. - Disse o doutor e eu sorri sem conter a ansiedade.
Ele passa aquele líquido gelado em minha barriga e desliga a máquina sobre a mesma.
- Ansiosos? - Peguntou o médico.
- Sim! - Falei animada.
- Menina! - Falou sorrindo.
Observei Henrique, que mantia um sorriso lindo, porém, olhos tristes.
Ouvi algumas orientações do médico e saímos da sala.
Estava muito animada.
Meu Deus, minha menininha. Henrique sempre disse que era uma menina, eu que não acreditei.
Passamos pelo estacionamento e entramos no carro.
Eu estou muito feliz, muito mesmo. Mas percebo que mesmo com toda essa felicidade, Henrique não está bem.
- Você está bem? - Perguntei ao sairmos da clínica.
- Tô. Sempre soube que era uma menininha, minha princesinha. - Falou olhando em direção a estrada.
Olhei fixamente para a vista, por fora da janela.
- Por que você mudou a rota? - Perguntei ao perceber que não estávamos a caminho do morro.
- Queria fazer uma surpresa. - Falou.
- Não quero suas surpresas, Henrique. - Falei me irritando.
- Mas... - Eu o interrompi.
- Quero ir pro morro. - Falei seria.
- Eu só queria te fazer uma surpresa. - Falou triste.
- Eu só quero ir pra casa, por favor. - Falei fechando os olhos.

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Acham que a Anna tá sendo muito dura com o negão?

Refém no Alemão - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora