60.°

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Quatro dias depois.

Infelizmente, recebi uma notícia muito desanimadora esta manhã. Eu não sou compatível com o Baekhyun, por isso as suas chances diminuem a cada dia.

Não lhe disse nada ainda, ele doi trabalhar o dia inteiro e eu pedi o dia de folga para ir buscar o resultado dos exames pessoalmente. Fiquei a manhã toda em casa, sem falar com ninguém, nem mesmo agarrando no telemóvel, simplesmente fiquei agarrada ao sofá e chorando. Não sei bem porque é que tive essa reação, afinal quem deveria fazê-lo quando soubesse era o Baekhyun, no entanto sou casada com ele.

Mesmo tendo-nos casado nestas situações, acabámos por enconta um no outro o amor verdadeiro e dói-me imenso saber que ele está a sofrer desta maneira, tudo por causa da própria mãe.

A minha mente tentava ocupar-se com outras coisas, como por exemplo o telefonema do meu pai logo de manhã, isto antes de ter ir buscar os resultados. Estava animada, ele contou-me o quanto estava feliz agora que poderia estar com a mãe da Haneul e a felicidade dele não tem preço para mim.

Mesmo assim, não foi o suficiente para suportar a dor de não poder salvar a vida do Baekhyun.

O Baekhyun chegou a hora de almoço, parecendo bem animado, contrastando drasticamente com o meu estado. E não tinha como ele não reparar.

Disfarçadamente, enquanto ele retirava o calçado e o casaco, eu passei a mão pela cara para retirar qualquer vestígio de lágrimas que pudessem ainda resistir no meu rosto. Mas como disse, não tinha como ele não reparar.

— Tu não estás bem — comentou ao aproximar-se de mim. Abaixou-se, ficando de cócoras e de frente para mim.

— Não, está tudo bem — forçei um sorriso e ele balançou a cabeça negativamente.

— Megan... estás pálida, desanimada, parece que estiveste a chorar... aconteceu alguma coisa? — desta vez, fui eu que neguei, com o mesmo gesto.

— Está tudo bem, a sério — assegurei.

O Baekhyun ainda abriu a boca para falar algo, mas desistiu, dizendo qie se eu não queria falar, não me iria obrigar. Sentou-se do meu lado e um grande silêncio se instalou no apartamento, incomodativo a meu ver.

— Vou fazer o nosso almoço, deves estar cheio de fome — afirmei, levantando-me daquele sítio pela primeira vez naquela manhã.

— Estou sim, mas primeiro preciso de te contar uma coisa — fui até à cozinha, procurando algo para preparar a nossa refeição. Enquanto o fazia, conversava com ele de lá.

— Aconteceu alguma coisa de importante hoje? — indaguei, retirando alguns legumes do frigorifico, acho que vou fazer uma coisa bem leve, tipo uma salada.

— Depois de jantar, vou até à esquadra... vou falar com a minha mãe — os meus arregalaram-se ao ouvir o que ele dissera. Não acredito... larguei a minha anterior tarefa e quase corri até à sala.

— Como assim? Tens mesmo a certeza? — ele parecia não demonstrar qualquer medo ou ansiedade, o que é extremamente bom.

— Sim, já andei demasiado tempo a fugir com o rabo à seringa. Vou lá, ouço o que ela tem para me dizer e vou embora, simples.

— Se te sentes preparado, só espero que corra tudo bem.

Sorrimos um para o outro e beijei os seus lábios antes de voltar para a cozinha para preparar a nossa comida. Não demorou muito, afinal era uma simples salada e também sentia a ansiedade do Baekhyun em ir ver a mãe.

Por mais que ele negue, ele sente falta da mãe.

Baekhyun

Algumas horas depois.

Todo o meu corpo treme neste momento, estou com medo e super ansioso, apesar de não o mostrar. Tentei fazer-me de forte em frente à Megan, mas ao meu pai não consegui.

A Megan insistiu em vir comigo, não aceitava deixar-me sozinho numa altura destas mas teve de ser o meu pai a levar-nos, por razões óbvias.

A Megan tentou acalmar-me antes de eu entrar com as suas palavras, mas não queria ser rude e dizer que isso não estava a adiantar de nada, relamente, não adiantava de nada, a única coisa que mudaria o meu estado era mesmo entrar naquela sala. Para o melhor ou para o pior.

Afastei-me um pouco dela e fui ter com o meu pai, que estava do outro lado do corredor, olhando-me com um sorriso no rosto.

— Vai tudo correr bem — bateu no meu ombro de leve.

— Vai — assenti com a cabeça, forçando um sorriso.

Respirei fundo, tentando conter todo o nervosismo que estava, ainda está e vai continuar a estar dentro de mim. Mas continuo a pensar que ali ela nunca poderá me fazer mal. Pelo menos, esse pensamento faz-me diminuir um pouco a minha ansiedade.

O agente fez-me sinal para que pudesse entrar e lançou-me um sorriso amigável. Sennti-me seguro por certos momentos.

Assim que entrei na sala, vi a minha mãe ali, sentada encarando-me. Quase que gritei de medo e corri dali para fora, mas fui forte e desviei o meu olhar, sentando-me numa cadeira que ficava do seu lado oposto, ams bem na sua frente. E demasiado perto para mim.

— Olá filho — ouvi a sua voz pela primeira vez em muito tempo, e não sei se me fazia dar voltas ao estômago ou se... me trazia nostalgia. Simplesmente manti-me calado, deixando-a sem uma resposta — Eu sei que me deves odiar mais que tudo, neste momento, e tens razões para isso. Mas teres vindo aqui já é um começo.

— Só quis vir aqui para descansar a minha consciência — falei pela primeira vez, continuando sem a encarar.

— Podes olhar para mim, eu não te vou fazer mal — suspirei, parecendo que a qualquer coisa que ela dizia, eu só queria fugir dali.

— Nunca se sabe.

— Ok, já percebi que não queres falar muito comigo. Então, eu digo-te tudo o que tenho a dizer e depois, se quiseres ir embora, vai. Mas primeiro ouve-me — aquilo fez-me olha-la pela primeira vez na nossa conversa, e desejava que ela fosse rápida, para não ter de sofrer tanto — Aquele acidente... sim, fui eu que o planeei e tentei incriminar o teu pai, mas pelos vistos, e ainda bem, os agentes são mais inteligentes que eu e descobriram a verdade. O tempo em que estive escondida, fez-me arrepender de todas as escolhas e ações que fiz em toda a minha vida, principalmente em relação a ti. Eu não posso ser considerada uma mãe depois daquilo que fiz e compreendo que nunca mais me chames de mãe. Mas eu gostava de me querer redimir, de te compensar de tudo o que te fiz. Eu amo-te, mesmo muito, filho, mesmo que não acredites neste momento, eu quero mostrar-te o quanto te amo e pedir-te perdão. Por isso, há uns dias fiz os testes de compatibilidade e eu quero doar-te um rim. Eu sou compatível contigo.

Não aguentei mais naquela sala, era demasiado para mim, tinha de aguentar demasiado daquilo que era capaz. Ouvi-la dizer aquilo chocou-me, deixou-me completamente desprevenido e surpreendido, e acho que nunca chegarei a entender porque tive esta reação, porque não continuei ali e falar mais com ela.

Mas depois de tudo, não conseguia ouvi-la dizer que me ama. Uma mãe que ama o filho não o tenta matar. E agora quer-se redimir doando-me um rim? Por amor...

Corri para fora da sala e a primeira pessoa que vi e queria ver foi a Megan. Agarrei bem perto de mim, abracando-a com força, como se o mundo dependesse disso e comecei a chorar.

Foi meio que um grande alívio de toda aquela ansiedade e medo.

Apostada | BaekhyunOnde histórias criam vida. Descubra agora