39.°

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Megan

Dia seguinte.

Pareço um morto vivo. Não dormi a noite inteira, se dormi foi no máximo uma hora. Foi difícil para mim pregar olho sabendo que o Baekhyun estava na sala ao lado à beira da morte, ou mesmo a morrer...

O meu pai apareceu lá para a noite porque eu decidi telefonar-lhe, precisava dele comigo num momento destes. Ele passou a noite comigo, enquanto eu convenci o resto a ir para casa, menos o senhor Dong-sun. Nunca o tinha visto daquela maneira, ele chorava mais que eu e chegou a gritar os médicos e acusa-los de incompetência. O Baekhyun tem mesmo sorte do pai que tem, já a mãe... ainda nem sequer apareceu. O senhor Dong-sun ligou-lhe várias vezes mas a senhora Sam nunca atendeu.

Percebi que ele precisava tanto dela aqui como o Baekhyun, precisa do máximo apoio num momento destes e está sozinho.
Eu tento de vez em quando anima-lo e conversar constantemente com ele para mantê-lo calmo. Isso também me ajudou um pouco a acalmar-me e não estar a pensar na condição do Baekhyun o tempo inteiro.

Consegui então dormir entre as 5 e as 6 da manhã. Quando acordei, olhei à minha volta e vi o meu pai dormir todo torto do meu lado e nos bancos à nossa frente estava o senhor Dong-sun, igualmente a dormir.

Levantei-me e decidi ir ver o Baekhyun pela primeira vez depois de ter chegado cá e a visão não foi melhor. Aproximei-me do vidro e vi a sua ainda pálida cara, assim como o resto do seu corpo. Já estava com uma roupa diferente e parecia mais limpo, devem ter-lhe dado banho esta noite.

O médico diz que ele teve uma fartura em uma das costelas e uma no crânio, mas que felizmente a segunda não fora algo grave. Ontem à noite também acabaram por lhe fazer uma transfusão, o que o médico disse também que podia ajudar a melhorar a condição dele. Pensar que ele está em coma induzido faz-me ficar mais descansada, pelo menos não está a sofrer.

O que me deixa mais preocupada e com o coração nas mãos é saber que um dos rins não está em bom estado e que pode mesmo deixar de funcionar. O médico disse que é inevitável que ele venha a ter problemas, como insuficiência renal, ou seja, o rim não vai nunca mais funcionar a cem por cento.

O que é que ele fez de tão mal para ter de estar a passar por isto? E o que é que eu fiz de tão mal para ter de estar a sofrer desta maneira? Primeiro a minha mãe, depois ele...

— Bom dia, querida — ouvi a voz do meu pai bem do meu lado. Ele também olhava pelo vidro — Devias ir para casa, para puderes tomar um banho e dormires um pouco. Esta noite não dormiste nada.

— Não quero pai, não quero sair daqui.

— Vai, filha, eu levo-te. O pai dele também vai ficar aqui, ele vai ficar bem e não vai piorar se fores umas horas para casa, está bem?

— Eu não posso perdê-lo pai... eu perdi a mãe mas não posso perdê-lo...

— Ei — ele abraçou-me por trás — Tu não vais perdê-lo, está bem? Ele é forte, vai ficar bem.

Assenti e cedi ao seu pedido, indo para casa depois de informar o Dong-sun e prometi-lhe que voltaria pouco depois da hora de almoço. O meu pai levou-me a casa e eu fiquei preocupada quando me lembrei que ele já deveria estar a trabalhar. Ele descansou-me, dizendo que iria trabalhar a partir do telemóvel pelo menos nos próximos dois dias, era incapaz de me deixar sozinha. É por isto que eu o perdoei por aquilo que ele me fez, além de já ter sido há quase dez anos, ele ama-me e faz tudo por mim e eu só vi uma maneira de retribuir. Ajudando-o.

Fui até casa, tomei um banho, além de outras coisas, para depois me enfiar na cama. Custou-me um pouco a adormecer pois a minha cabeça não parava, cheia de pensamentos e preocupações.

Acordei por volta das onze e meia. Fui trocar de roupa e pedi ao meu pai que me levasse de volta para o hospital e ele então me fez a vontade, dizendo que iria ficar também lá comigo.

Quando lá cheguei, estava lá apenas o Kyungsoo, o que me deixou confusa. O meu pai avisou-me de que iria beber um café e deixou-me sozinha com o Kyungsoo. Fui até ele, que tinha casado de desligar uma chamada.

— Era o Sehun, contei-lhe o que aconteceu ao Baekhyun — ele falou, virando-se para mim.

— Como é que ele reagiu?

— Ficou chocado, e triste claro. Ele queria vir para cá agora, mas é completamente impossível.

— Sim, Alemanha e Coreia do Sul não são propriamente vizinhos. A Emily, não veio contigo?

— Não, ao contrário de mim que consegui folga hoje, ela teve de ir para as aulas de manhã.

— Tudo bem- suspirei — Onde está o senhor Dong-sun?

— Quando cheguei, tive de convênce-lo a ir almoçar.

— Uhm — fiquei um tempo em silêncio e ele percebeu que eu estava inquieta.

— O que é que se passa?

— Quero te perguntar uma coisa. Porque é que a mãe dele não está aqui?

— Para te ser sincero, também não sei. Pensei que ela hoje vinha, mas ainda não apareceu.

— Mas ela é mãe dele, se fosse teu filho não vinhas logo a correr?

— Sim, claro que vinha. Mas aquela mulher nunca me inspirou confiança e o Baekhyun mal me falava dela, se era para falar da família, falava sempre dos avós ou do pai, mas nunca da mãe. Há qualquer coisa estranha na relação deles.

Apostada | BaekhyunOnde histórias criam vida. Descubra agora