Capítulo 59

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Rosalie

Sinto alguém me empurrar para longe e então caio no chão com fortidão e grito com o impacto da dor que sinto no cotovelo quando bate no asfalto. Abro os olhos e entro em pânico quando vejo Aiden jogado do outro lado da rua. Meu coração descarrega e eu fico sem fôlego. O ar foge de meus pulmões.

── Aiden! ── Grito. A rua fica cheia de pessoas e eu sinto um medo irromper meu corpo. Corro até Aiden e o vejo acordado, fazendo uma cara de dor.

── Você está bem? ── Me jogo ao seu lado. Meu corpo todo treme e meu coração galopeia no peito. Estou muito aliviada por ele estar acordado.

── Está vendo o que você fez! ── Ele murmura enquanto franze as sobrancelhas para baixo. Desvio o olhar para suas pernas e vejo a calça rasgada e o sangue espalhado por ali. Meus olhos arregalam e lágrimas invadem meu rosto.

── Aiden, me desculpa… ── Falo e o choro não me deixa falar mais nada.

── Está tudo bem, para de chorar! ── Ele diz e eu sei que está doendo muito. 

── Moço me desculpa, eu não tive culpa de nada, essa louca aqui, ela atravessou a rua correndo, você viu! ── Um homem fala atrás de mim e eu me sinto horrível. Foi tudo minha culpa.

── Não a chame de louca, porra! ── Aiden resmunga e logo depois fecha os olhos sentindo dores.

── Aiden não fala nada… Moço, me perdoe, eu posso pagar pelo carro! ── profiro vendo a testa dele sangrando. Só de pensar que poderia ter acontecido uma morte aqui, sinto meu sangue solidificar.

── Eu pago… Eu pago a porra do carro! ── Aiden declarou e ouço o barulho da ambulância chegando.

── Você não sabe falar uma frase sem 'porra' não? ── O homem indagou.

A ambulância para e eu me afasto um pouco quando eles se aproximam.

── Não vou para hospital algum, eu estou bem! ── Aiden enuncia e eu sei que está mentindo.

── Tudo bem, podemos fazer um curativo aqui mesmo! ── Diz o homem e eu me sento na calçada ao lado de Aiden enquanto ele põe um gesso em volta da perna lesionada.

Estou chocada comigo mesma, depois que comecei a namorar, eu sinto que fiquei mais agressiva, grossa e doida. Estamos namorando há duas semanas, mas parece um ano. Tantas coisas aconteceram. Era para ser apenas um domingo animado com o namorado, e por pouco não virou um desastre.

── Vamos? ── Ouço a voz de Aiden e pisco algumas vezes para sair do transe.

── Vocês podem me ajudar a levar ele no carro, por favor… É aqui do outro lado! ── Falo para os médicos com uma cara de desesperada. Eles queriam colocar no meu cotovelo, mas elegi por ficar sem, não feriu tanto, foi apenas uma ralada. 

── Eu dirijo, você não está em condições! ── Digo e Aiden levanta as sobrancelhas.

── Desde quando você sabe dirigir? ── Ele pergunta surpreso, já no assento do carro.

── Você não vai querer saber com quem eu aprendi! ── declaro e ele arregala os olhos.

── Você aprendeu a dirigir com Brady? ── Na mosca.

── Sim! ── Ligo o carro e dou partida.

── Porque eu não estava nesse tempo! ── Ele murmura e eu tento rir, mas não consigo nessa circunstância.

── Já pode começar a explicar… ── Falo e ele desvia o olhar para o outro lado.

── Aquele cara é um velho conhecido, como você viu, ele é um maconheiro… E eu menti que você era minha amiga, para ele não ficar fazendo perguntas desconfortáveis! ── Aiden esfrega o nariz e não sei se engulo essa.

── Como ele sabe da Dafne? E por que ele achou logo de primeira que eu fosse sua amiga? ── Olho para Aiden, depois volto a atenção para frente.

── Na época em que conheci ele, eu namorava Dafne… Então, acho que ele achou que você fosse minha amiga, porque… porque talvez ele pensasse que eu ainda estava com ela! ── Ele explica olhando para suas mãos.

── Por que ficou tão diferente quando viu ele? ── Lembro de como Aiden ficou lívido quando o viu.

── Ah, sei lá… fazia muito tempo que eu o não via!

Não engoli essa história que Aiden me contou, mas decidi não fazer mais perguntas para não deixá-lo estressado. Não hoje.

Quando chegamos na Mansão, chamei por Tristan para me ajudar a colocar Aiden para dentro. Assim que ele nos viu, ficou cabalmente perplexo e escandalizado.

── Meu Deus, o que aconteceu? ── Os olhos de Tristan se exorbitaram.

── Ajude-me, pare de falar! ── Aiden fala e seu irmão revira os olhos. Abraço Aiden e Tristan faz o mesmo do outro lado.

Entramos na mansão e Evangeline nos olhou assustada. Quero ver seus rostos quando Aiden contar o que aconteceu, morrerei de vergonha. Eu sou muito exagerada, não deixei ele explicar, corri feito uma louca e aconteceu o que aconteceu. Preciso parar com isso.

── O que aconteceu? ── Ela perguntou céptica.

Aiden olha para mim. Nós o levamos para o sofá e eu me sento ao lado dele.

── Um carro fez isso comigo! ── responde rápido e retamente. Os olhos dos dois se arregalam e eles esperam que Aiden diga mais alguma coisa, mas ele apenas encara suas mãos. Sobrou para mim.

── Estávamos… Hã… estávamos discutindo… No meio… No meio da rua! ── Digo e os dois abrem a boca. Eles devem estar pensando que somos dois loucos. Na verdade, é o que somos efetivamente.

── Não foi nada de mais! ── Diz Aiden. 

── É, não foi nada de mais. ── engulo em seco.

── Vocês têm que tentar ser mais controlados, Aiden é muito conhecido e não fica bom ficar discutindo por aí. ── Tristan profere e eu me sinto envergonhado.

── Tem razão, sinto muito! 

── E você, Aiden...

── Chega! ── Aiden enuncia. ── Você não pode singelamente se meter na nossa vida assim também! 

Os dois se encaram e eu decido cortar o clima.

── Está tudo bem, só brigamos porque aquele Juan apareceu e eu não gostei dele...

── Juan? ── Ele desvia o olhar para Aiden.

── Você o conhece? ── pergunto a Tristan.

── Não! ── fala e fica um silêncio constrangedor entre nós. 

── Eu… Eu estou indo para o quarto, preciso tomar um banho! ── declaro e me levanto do sofá.

── Tudo bem! ── Aiden diz e eu lhe dou um beijo e então vou para o quarto. 

Chego no meu pequeno quarto, abro a porta e retiro minhas roupas e a bota.

A maneira como Tristan mudou quando eu disse o nome Juan me deixou muito curiosa. Tenho certeza de que ele mentiu quando disse que não o conhecia. Será que Evangeline sabe de algo?

Ligo o chuveiro e fico embaixo dele. Amanhã, preciso acordar bem para ir trabalhar, preciso esquecer o que aconteceu hoje. Não vai me fazer nenhum bem se eu continuar revivendo. 

Fiquei mal por Aiden, além disso, ele salvou minha vida novamente. E ainda vai pagar pelo carro do homem. Estou lhe dando um grande trabalho. Fico me perguntando se sou boa para ele.

Saio do banheiro e coloco um vestido de dormir fino. Me deito na cama e abraço o travesseiro. Não sei se vou conseguir dormir hoje, mas preciso, afinal, amanhã tenho trabalho. Mandei uma mensagem à minha mãe avisando que hoje dormiria na mansão, de novo.

Chamas da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora