Aiden
Minha vida está de cabeça para baixo, estou me sentindo abominável e desamparado. Aquela maldita bruxa do inferno. Eu devia ter olhado o sinal, eu não deveria ter parado no meio da rua. É tudo culpa minha.
── Aiden? ── Escuto a voz de meu irmão e olho para trás, vejo Tristan e Evangeline. Me levanto e corro para abraçá-los.
── Que bom ver você vivo! ── fala e eu o abraço forte.
── Quero ver ela, eu quero ver ela agora! ── Grito e minha cabeça dói.
── Procura se acalmar, Aiden. Você precisa! ── Evangeline fala e eu passo a mão no rosto e sinto dores.
Estou sentindo dores temíveis fisicamente, mas nenhuma comparada a dor que estou sentindo intelectualmente.
── Preciso saber como ela está, ela morreu, é isso? Por isso não querem me falar, né? ── Olho firme para eles e sinto medo da resposta. Não sei o que seria da minha vida sem Rosalie.
── Ela está viva, ela não morreu! ── Tristan sorri e sinto meu coração ceder.
── O estado dela é grave?
── Não vamos mentir, é muito grave! ── Ele engole um vazio e sinto meu peito subir e descer. Isso não pode estar acontecendo.
── Você sabia que ela estava grávida? ── Evangeline pergunta e meu sangue gela.
── O que foi que você disse? ── Encaro eles, sentindo algo dentro de mim se partir ao perceber que ela falou “estava”. ── Rosalie estava grávida? ── Tudo o que sinto é um buraco no peito, uma faca atravessando meu coração. É como se o mundo estivesse despencando em cima de mim e eu estivesse sendo esmagado por ele.
── Vocês não sabiam. ── Evangeline sussurra para si.
Sinto lágrimas quentes pelo meu rosto, lágrimas que doem e ferem. Perdi um filho sem saber que iria ser pai. Eu perdi meu filho sem sentir a emoção de ser pai.
Passo as mãos na cabeça e ouço Tristan pedir para eu ser forte.
── Mais forte do que estou sendo? Fui o culpado de tudo isso, porra. Ela estava grávida e eu não sabia, nem ela sabia! ── Passo as mãos no meu cabelo e puxo com força. ── Me diz o porquê de eu nunca conseguir ser feliz? ── Grito e Tristan começa a lagrimejar.
Só pode ser meu karma por tudo que eu já fiz, mas ela não merece essa porra, ela não merece.
Não consigo acionar o que está acontecendo. Nem uma dor que eu já senti se compara a esta agora. Nem mesmo quando matei Peter.
Vejo uma cadeira na minha frente, pego-a nas mãos e jogo para longe. Não vejo mais nada em minha frente, somente a dor de perder um filho, a dor de ter uma namorada quase morta, a dor de ter uma vida fodida, a dor de saber que jamais serei feliz…
Grito, grito o mais alto que posso e chuto novamente a cômoda do hospital, então sinto mãos fortes me segurando, braços me abraçando. Tristan e Evangeline chorando ao meu redor.
── Por favor, você precisa ser forte por ela, por favor. ── ouço ela dizer e paro.
── Perdi um filho, não suportarei perder ela. ── Afirmo.
── Você não pode fazer nada agora!
Caminho até a porta devagar e quando saio, tranco eles lá dentro e saio correndo olhando em todos os quartos a procura de Rosalie.
Chego no último e não a encontro, então vou para o outro corredor e vejo uma porta fechada, abro devagar e sinto um estar angustiado quando a vejo deitada na cama. Me aproximo de Rosalie e sento ao seu lado, ela está com vários cortes pequenos no rosto, e outros no pescoço e outros no braço.
── Me perdoa meu amor! ── Digo tocando sua mão ── Desculpa por não ter te protegido! Se você me deixar, eu não suportarei. ── Me aproximo dela e dou um selinho em seus lábios que estão lúcidos.
── Abre aqui, você não pode entrar aí! ── Ouço alguém falar e olho para a porta, onde vejo uma mulher loura.
Me afasto de Rosalie e abro a porta, a mulher entra rápido no quarto e se aproxima dela.
── Saia daqui agora! ── Ela me encara.
── Quando ela sairá? ── Pergunto passando a mão no rosto. Olho para a porta e vejo os meninos se aproximando. ── Quando ela sai, porra? ── Grito vendo que ela não responde e a mesma dar um passo para trás assustada.
── Ela passará por uma cirurgia em 20 minutos. Você não pode fazer nada, faremos o possível para salvá-la.
Passo as mãos na cabeça e fecho os olhos com força. Eu não posso pensar na hipótese de perdê-la. Saio devagar do quarto e quando chego no corredor, me ajoelho no chão.
Nunca senti uma dor tão horrível como a que estou sentindo agora. Jamais poderia ter imaginado isso, nem em meus sonhos mais insanos imaginaria que sofreria desse jeito. Jamais tive nada nem ninguém para amar, nunca senti a necessidade de ter uma pessoa que fosse inteiramente minha.
Nunca quis me apegar a alguém dessa forma. O pânico, esse medo filho da puta de perdê-la não foi nada planejado. Nada disso foi. Era para ser tudo bem diferente. Mas agora, a única coisa que importa nesse mundo para mim é essa garota nesse quarto, por ela eu faria tudo que eu pudesse e fosse capaz.
Aquele dia em que entrei no meu quarto e vi aquela garota vestida em uniforme de empregada esfregando o chão, fui super grosso com ela, não a deixei terminar a frase, eu fiz isso porque a achei linda e muito gostosa e senti algo diferente que nenhuma outra mulher havia me feito sentir só de eu olhar para ela.
Eu sabia que minha mãe tinha contratado uma nova empregada, porém, eu achei que fosse apenas uma simples empregadinha. Como todas as outras.
Desde aquele dia, passei a odiá-la. Odiava como ela me enfrentava, como me provocava e me fazia ter imaginações que eu não queria, mas o que era interessante é que, ao mesmo tempo que eu odiava, eu me sentia desafiado e vivo.
Rosalie diferia de todas as outras que eu havia conhecido, eu achava que conhecia todo tipo de mulher, até ela aparecer.
Ela era apenas mais uma garota, depois de cinco minutos, Rosalie já era alguém especial, sem falar comigo, sem me tocar, algo dentro de mim se acendeu, nos seus olhos estava ficando tarde e eu esqueci do relógio.
Rosalie pensa diferente, ela quer ser independente e dona do próprio nariz. Ela tinha uma grande mulher dentro daquela empregadinha. Quando ela derramou suco na minha camisa, eu a odiei tanto, mas tanto que senti vontade de expulsá-la da mansão.
Depois daquele dia, passei a dormir pensando nela e acordava pensando nela. O rosto perfeito e inocente dela não saía da minha cabeça. Descobri que seu sonho era ser uma escritora, ou trabalhar com isso. Então, foi quando decidi retornar para a minha Editora.
Aquele dia em que Brady a beijou na minha frente, ali, naquela noite, eu senti que não era só um sentimento de raiva, descobri que ela efetivamente não era apenas uma empregadinha tediosa. Eu descobri que a queria.
Minha vontade era abrir o portão e socar a cara dele até avistar o sangue em seu rosto, mas eu sabia que não podia fazer aquilo, eu não era absolutamente nada além do filho do patrão de Rosalie
Depois daquele dia, eu falava para mim mesmo que eu a odiava e que ela era apenas uma empregadinha ridícula. Mas, no fundo, lá, no fundo do meu coração, eu já sabia que a amava. Na primeira vez em que eu a beijei, eu senti a melhor sensação do mundo, a sensação de estar completamente apaixonado e consumido por outra pessoa. Seus lábios macios e doces colados aos meus me fizeram sentir que eu podia sim, fazê-la feliz.
Nunca me importei com ninguém, nunca fiz questão de ninguém, mas depois que ela apareceu, eu passei a me importar e fazer questão dela, eu quis ser um homem melhor. Tanto que todas as vezes em que Rosalie saía para a casa de sua mãe, eu arrumava uma forma de ficar no portão ou na rua a tarde de domingo, esperando ela voltar.
E se eu não tivesse no portão aquela noite em que aqueles caras tentaram contra ela, eu não consigo, é não quero imaginar o que poderia ter acontecido. Senti dores, mas no final me senti feliz. Para vê-la bem, valeu a pena.
Enquanto as estrelas brilharem e os rios resvalarem para o mar, eu irei amá-la. Lutarei cada segundo e cada dia para tê-la sorrindo para mim outra vez.
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Chamas da paixão
Romantizm"Um homem que não sabia amar. Uma garota que nunca teve um coração partido." Rosalie está desempregada e precisa ajudar sua mãe doente, quando é aceita para trabalhar numa mansão de uma família extremamente rica com os donos das maiores editoras de...