Capítulo 71

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Rosalie

Abro os olhos e corro para tomar banho, em seguida visto uma calça jeans e o moletom que ganhei de Tristan no meu aniversário. Faço um coque no meu cabelo e faço uma leve maquiagem.

── Você está melhor? ── Minha mãe pergunta tomando seu café.

── No máximo estou sorrindo! ── Sorrio forçado e retiro um pedaço do bolo de chocolate que ela fez.

── Vai passar, acredite! ── ela sorri.

── Mãe, vou contratar uma empregada para a senhora hoje, já que Abigail viajou.  

── O quê? Como assim? Não preciso de uma empregada! ── Ela resmunga e sua reação foi exatamente como eu esperava.

── Mãe, agora vou começar a receber muito bem e assim poderei pagar uma faculdade para mim e ajudar finalmente a senhora. Não quero vê-la sozinha nesta casa!

── Eu sei, mas estou bem, inclusive tomo meus remédios direitinho todos os dias! ── Ela fala e eu pego sua mão.

── Mãe, por favor, deixe-me lhe ajudar, eu quero! Um dia comprarei uma casa para nós duas! ── Rio e ela revira os olhos rindo.

── Seu pai teria orgulho de você! ── Engulo em seco e sinto uma leve saudade no peito.

Alguns minutos depois, terminei de tomar café e fui para a Crawford. Decidi que não ficarei pelos cantos chorando por Aiden feito uma adolescente boba.

Cheguei e logo vi Amy na recepção, passei direto e não olhei para ela. Entrei na minha sala e me sentei na poltrona.

Como eu estava ausente ontem, hoje há o dobro de livros e documentos para eu revisar. Pelo menos isso ajudará a manter minha mente ocupada.

No horário do almoço, convidei Parker para almoçar comigo. Curiosamente, peguei o hábito dele de não conseguir almoçar sozinha.

── Parabéns, caramba, você merece muito! ── Parker diz dando uma mordida no hambúrguer.

Contei a ele sobre meu progresso na Crawford e de como estou recebendo de bom grado todos os trabalhos entregues.

── Estou tão feliz que até esqueci dos meus problemas! ── Digo e abaixo minha cabeça enquanto lembro de Aiden.

Incrível que consegui parar de pensar nele por várias horas.

── Vocês terminaram, certo? ── Parker olha para mim e eu levanto minhas sobrancelhas.

── Como… Como você sabe? ── Paro de comer.

── Ontem ele invadiu a Editora chamando por você. Ele estava horrível, com a boca sangrando e sujo, nem parecia nosso patrão! ── sinto uma pontada profunda no meu peito, depois fico tonta. ── Rosalie, você está… está tudo bem? ── Parker se levanta e vem até mim rápido.

── Sim, vamos, preciso voltar para a Editora! ── Declaro ainda trêmula.

── Tudo bem, vamos! ── Parker se afasta um pouco e eu vejo tudo simplesmente girando. O que está acontecendo?

Não consigo enxergar direito e sinto como se tivesse chegando perto do chão muito rápido.

Quando abri os olhos, percebi que estava deitada em algo macio e os olhos grandes e azul-mar de Parker me fitavam muito perto do meu rosto.

Rapidamente me levantei e notei que estava em uma sala parecida com a minha, ou seja, estou na Crawford. Como cheguei aqui?

── Você está bem? ── Ele perguntou logo em seguida.

── Estou, o que aconteceu?

── Você desmaiou no restaurante, sua sorte foi que eu estava perto! ── Ele fala e eu fico envergonhada. Não acredito que desmaiei. ── Você quer ir a um médico? Isto não parece normal!

── Claro que não vou ao médico, foi só um desmaio, e também porque você mencionou o Aiden. 

── Pensei em ligar para ele, mas…

── Ainda bem que você não ligou, estou bem agora! ── Eu me levanto do sofá.

── Você tem certeza que está bem? ── Parker pergunta preocupado.

── Tenho Parker, obrigado por me trazer aqui! ── Sorrio e vou para a minha sala.

Me sentei na minha cadeira e pensei por alguns segundos e percebi que não conseguiria trabalhar direito depois do que havia acontecido, então arrumei minhas coisas e fui para casa.

Quatro horas da tarde parei de ler para ir ao mercado para minha mãe. Enquanto pegava algumas hortaliças e frutas, percebi que tinha uma garota me encarando estranhamente do outro lado da rua, e durante todo o momento em que eu fiquei ali no mercado, ela permaneceu me olhando e isso me deixou um tanto tensa. Será que ela me conhece?

── Deixe-me ajudar! ── Ouço a voz de Tristan e de repente ele está do meu lado sorridente.

── Oh, que susto! ── Digo e nós rimos.

── Como você está?

── Estou fazendo o meu melhor para ficar bem! ── Sorrio fracamente.

── Sei que não deveria me intrometer… mas você deveria ter deixado ele se explicar. ── Tristan declara e eu olho para ele.

── Para ele mentir para mim de novo? ── Reviro os olhos e ando rapidamente.

Até o Tristan está o defendendo mesmo?

── Acredite, não é só você que está sofrendo. Aiden está acabado porque você não o deixou explicar! ── diz Tristan e eu não acredito que a pessoa mais sábia que conheço esteja defendendo Aiden. ── Ele não a traiu e a confiança é fundamental em um relacionamento!

── Primeiro, ele não confiou em mim, ele nunca confiou, mas eu… eu sempre confiei nele, e você viu o que aconteceu! ── Encaro Tristan irritada.

── Desculpe Rosalie, só disse isso porque deixei ele explicar e entendi tudo e eu acredito no meu irmão! Aiden te ama muito, e você está sendo injusta em não dar uma chance a ele.

Cheguei em casa e entreguei à minha mãe o que ela me pediu para comprar e fui para o meu quarto apreensiva.

Devo realmente deixá-lo se explicar? Talvez tenha sido apenas um mal-entendido. E se ele vier com aquela conversa de “não me lembro de nada porque estava bêbado”, juro que dou um tapa na cara dele.

── Filha, você está bem? ── Ouço a voz da minha mãe e limpo meu rosto rapidamente. Eu nem percebi que estava chorando.

Ela entra no quarto e olha para mim preocupada.

── Estou… ── Minto, mas minha voz me trai.

── Você não precisa mentir para mim, você pode se abrir comigo! ── Ela se senta ao meu lado na cama que está impecável.

Gosto de deixar tudo arrumado e limpinho.

── Estou sentindo falta dele! ── Sussurro envergonhada.

── Então procure por ele! ── Ela pede e eu me levanto

── O que você disse? ── Franzo a testa.

── Querida, já sou velha, vejo que ele é um cara legal, e sei que ele gosta de você, e não posso acreditar que ele a traiu, então, se você o ama, vá encontrá-lo e o deixe se explicar! ── Mamãe sorri e acaricia meu cabelo.


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