3.3 Dor

237 23 7
                                    


Acordei sentindo uma leve brisa batendo contra meu rosto, e percebi que esqueci uma das janelas aberta. Olhei Ana no berço e ela ainda dormia, nem parecia que tinha me acordado duas vezes de madrugada.

Vou para o banheiro, com a porta aberta para conseguir ver o berço enquanto tomo banho.

_________________________________________

Eu dirigia numa velocidade normal, quando recebi uma ligação de Tom. O que é meio estranho já que não nos falamos já faz algumas semanas. Deixei no viva-voz e a a voz dele ecoou pelo carro.

- Bom dia.

- Bom dia. - digo virando uma curva na estrada.

- Tudo ok?

- Sim, tudo certo. Ana está comigo, estamos indo para a floricultura.

- Hm, okay. Eu queria dizer que não liguei mais porque eu estive meio ocupado...

- Certo, não se preocupe. - revirei os olhos dizendo isso.

- Obrigada... - ficamos em silêncio por um minuto - Bem, eu tenho que ir. Até mais, Christina.

- Até...

Engraçado como tudo pode mudar na nossa vida. Há um tempo atrás ele era meu "príncipe encantado", um verdadeiro lorde inglês. E hoje, mal nos  falamos, só nos falamos lá de vez em quando, nem vou citar seu lado paterno. Eu sei que tenho que entender a situação dele, mas às vezes fica meio complicado. Vou parar de pensar  nisso.

Há uns dez minutos da floricultura, parei na padaria de Emily Clyde. Ela faz as melhores panquecas do mundo.

- Bom dia. - diz assim que entro no lugar que tem apenas um casal de idosos sentados ao fundo e umas pessoas esperando para serem atendidos no balcão.

- Bom dia, Emily. - digo e vou até  uma das mesas. Ajeito Ana no bebê conforto e sento ao lado dela.

Uma das garçonetes veio até mim anotar meu pedido, que foi o de sempre, panquecas com calda e frutas vermelhas e um latte.

_________________________________________

No trabalho, houve um movimento na parte da tarde como é em todas as sextas-feiras. Stacy pediu a tarde de folga já que ela precisava resolver algumas coisas na cidade vizinha, então foi meio corrido. Ainda bem que não amamento mais, isso facilita muito. Ela é um bebê muito calmo, chora bem raramente, há menos que fique molhada ou com fome por muito tempo. Isso quase nunca aconteceu, então, ótimo!
Eu estou tentando parar de usar o bebê conforto já que ela está crescendo, mas ela adora ficar nele. Pelo menos, aqui na loja, ela tem o cantinho dela com seus brinquedos.

Sempre que eu preciso, Alissa, sobrinha de Stacy, me ajuda com Ana. No caso, hoje foi um dia que precisei. Alissa leva muito jeito com crianças, mesmo tendo só 14 anos. Acho isso adorável.

- Quer uma carona pra casa, Alissa? Ou sua vó vem te buscar? - pergunto assim que fecho a porta quando o último cliente saiu.

- A vovó teve que ir fazer alguma coisa  na igreja.  Aceito a carona. - ela diz brincando com Ana.

- Então, eu vou fechar tudo e já vamos.

Trinta minutos depois, a deixei na porta da sua casa e fui pra minha.
No caminho, despencou uma chuva terrível, parecia que ia cair o mundo.
Quando finalmente cheguei em casa, corri com Ana nós braços, tentando não molhar ela, na maior preocupação do mundo. Mas, quem se molhou fui eu, enquanto ela só ria da mamãe com o cabelo molhado e acabada.

Coloquei ela no tapete da sala e liguei a tv num canal infantil. Fui pegar uma toalha para me secar e tirei meu celular do bolso, percebi que estava sem sinal. Óbvio...

Olhei Ana ao passar pelo corredor e entrei no meu quarto para trocar de roupa. Vesti uma bem quantinha e voltei pra sala. Minha filha imitava uma baleia que cantava e dançava na TV, sorri vendo a cena.

Fui para a cozinha que ficava ao lado da sala e resolvi fazer uma sopa. Enquanto cortava os legumes, olhei lá fora pela janela. Não gosto de olhar muito quando é de noite, é uma escuridão nada atrativa. Por isso, coloquei uma cortina ali, que acabei de fechar. Sou muito medrosa.

_________________________________________

Depois de fazer Anabella dormir, fui para minha cama e olhei o celular de novo. Ainda estava sem sinal, então resolvi dormir também.

_________________________________________

Eu estava lá mais uma vez, coberta de sangue e com ele do meu lado.

Caído .

Estático.

Morto...

Eu tentava me aproximar, mas cada vez ficava mais distante. Até ser puxada, brutalmente.
Senti uma dor terrível na barriga e quando olhei pra ela, estava aberta, mas vazia. Eu só ouvia um choro estridente, mas estava tão tonta que mal conseguia ficar em pé...

_________________________________________

Acordei suando, com Ana chorando, em pé na grade do berço. Um pouco desnorteada, a peguei no colo.

- Calma, meu amor. A mamãe está aqui, sempre vai estar.





_________________________________________

Capítulo meio "básiquinho", desculpa amores. Logo, venho com melhores. Xoxo

Bullet Train Onde histórias criam vida. Descubra agora