Bullet Train

8.8 Quebrado

****ALERTA GATILHO SOBRE SUÍCIDIO****

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_Rio Narrando_

Quando voltei para meu hotel, fui para o jardim. Já tinha dado uma olhada de dia, mas de noite ele ficava muito mais lindo. Tinha uma fonte no meio, várias flores ao redor e grandes árvores por fim.

Parei perto da fonte.

Deitei no chão. O céu estava estrelado, o frio era de bater os dentes, mas eu queria um momento sozinho.

Esse tempo com a Christina, foi realmente necessário. Mas, fiquei preocupado.

Ela está tão triste.

Sei como ela se sente. Mesmo depois de eu matar meu irmão, eu o vejo todo dia. 
Nunca fomos chegados, mas eu sempre quis. Só que Stuart era, sei lá. Eu não descobri até hoje, ele nunca me queria por perto. Já nosso pai...
Por um lado, Eu até entendo meu irmão, mas queria que ele tivesse entendido que eu nunca quis aquela vida. Eu sempre sonhei com uma família, e quando eles me adotaram, eu tive por um tempo. Eu tinha menos de 6 anos, me chamava Maverick, e tinha sido abandonado no orfanato. Quando me adotaram, trocaram meu nome pra Anthony, mas meu pai e seus amigos me apelidaram de Rio, e o apelido ficou. Minha mãe nunca me chama assim, mas Stuart só me chamava de Maverick quando estávamos sozinhos. Ele tinha oito anos quando eu cheguei.

Depois de sete anos, meu pai saiu de casa. Até a minha adolescência, eu não entendia o emprego dele, mas com quinze anos, eu entendi.

Fraude.

Lavagem de dinheiro.

Tráfico de drogas e armas.

E muito mais.

Com dezoito anos, eu assumi a área de tráfico. Minha mãe queria que eu fosse pra faculdade, mas meu pai, não. Com o dinheiro fácil, eu achava que eu era invencível, nada podia me parar. Até meu pai ser preso e ficar três anos. 

Da cadeia, ele mandava as ordens. E como tudo ficou pra cima de mim já que meu pai me deixou no comando de tudo. 

Stuart fazia a parte dele com ódio, mas já não éramos crianças. Agora eu enfrentava ele, ali nasceram várias brigas. Nesse meio tempo, até meu pai voltar, eu comecei a ostentar, gastar muito dinheiro, me distrair. E então, quando meu pai voltou. Durou três meses, a tuberculose que ele pegou na cadeia, matou ele.

Eu amava meu pai.

O tempo foi passando, e eu percebi que não queria aquilo. Fui deixando cada vez mais as coisas nas mãos do Stuart, só cuidava da parte do tráfico. Já tinha meu filho e queria ver ele crescer longe disso. Decidi que eu ia sair, preparei  toda a papelada, mas Stuart armou um incêndio na minha cede, onde matou todos os meus funcionários. Quando eu cheguei no local, estava tudo em chamas, tudo mesmo.

Naquela noite, eu fugi da cidade, mas não do meu passado.

Eu tinha dívidas que precisavam ser pagas, Stuart me ofereceu um empréstimo, mas eu nunca imaginei que o preço seria tão alto. 

Quando ele me ligou dizendo que tinha um serviço pra mim, eu achei que seria fácil já que matei muito traficantes e homens que não valiam nem a droga que deviam. Mas, foi impossível fazer algo contra Christina. Poucos dias depois, eu voltei atrás e ia sair fora. Mas, seria ela ou o Tay. Eu não sabia o que fazer...

Enfim, agora estou aqui, Sem mais dívidas, sem mais drogas, sem mais meu irmão. Quer dizer, ele tinha seus problemas e etc. Mas, ele ainda era meu irmão. Ter o seu sangue nas minhas mãos, é como ter uma corda no meu pescoço, que me puxa pra um precipício todo dia. Essa corda fica mais forte sempre que estou sozinho. Só aguento por conta do meu filho, da minha mãe e a Christina.

Depois que eu saí do hospital, há quase dois anos, eu pensei que ela nunca me perdoaria , eu a procurei por todos os lados, para tentar explicar tudo. Mas, ela havia sumido, e seu amigos nunca diziam onde ela estava realmente. Mas, eu ainda tinha contatos e algumas pessoas me deviam favores, então conseguiram achar ela, foi difícil, mas acharam.

Só vim até aqui porque não teve um dia, nesse tempo todo, em que não pensei nela. Minha mãe aceitou sair do país comigo, e quase me obrigou a vim atrás de Christina porque ela não aceita o tanto de coisa que eu fiz Christina passar. 

A verdade é que, eu não tinha mais esperança sobre isso. Aquele dia na floricultura dela, era a última tentativa, e eu voltei de lá pronto para ir embora. Mas, quando ela me ligou desesperada... Eu tive certeza de que eu ainda tenho um lugar no coração dela. Talvez eu também tenha sorte de recuperar a sua confiança, mas se não tiver. Eu entendo.