capítulo 3

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Oiii?!!? voltei, desculpa a demora e esse é mais longo!!! comentem o que vocês estão achando, se gostaram ou não..
beijo e boa leitura!
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- O que você vai fazer? - Andrew puxou meus ombros para mais perto dele, sua voz saiu baixa para que só eu escutasse. - Já conversou com Owen?
- Eu não sei, você sabe minha ideia sobre filhos. - afastei nossos corpos quando vi Amélia voltando - Depois a gente conversa, só você sabe.
- O que vocês estão fofocando ai? Já viram a quantidade de mesa e cadeiras que tem para arrumar? - Amélia nos chama e Andrew avisa que vai se trocar e já volta para nos ajudar, sigo minha amiga para uma peça grande, onde julgo ser a garagem, mas não há nenhum caminhão estacionado hoje.
Desde a minha adolescência ter filhos passou a ser um tópico muito claro na minha vida, eu não os queria, não que eu não gostasse de crianças, eu trabalho pondo elas no mundo, o problema é que elas não simpatizam comigo é a última coisa que eu quero é fazer alguém, principalmente um filho meu, passar pelo que eu e Andrew passamos com papai, ter perdido minha mãe cedo me faz acreditar que eu não saberia ser mãe, mesmo que tenha passado a vida toda cuidando de Andrew não é a mesma coisa. Sem contar que Owen não deseja ser pai também, já tivemos algumas conversas e o desejo de nos dois de não ter filhos andavam juntos.
Eu não fiz o teste ainda porque não quero confirmar essa gravidez e ter que lidar com ela, mas eu trabalho com isso e ficou muito claro quando minha menstruação não desceu e pelo cansaço que estou sentindo ser maior que o normal. Pelos meus cálculos estou de provavelmente 8 semanas, o que bate com o último dia que transamos, antes de Owen se desculpar. O problema é que os hormônios, ou talvez a ideia de que essa criança possa vir a ser o início de algo bom no nosso relacionamento esta me fazendo questionar, tenho perdido algum tempo considerável do meu dia imaginando contar para Owen, imaginando manter a gravidez e meu Deus, imaginando essa criança e não vejo cenários onde ela ou ele não seja o bebê mais lindo que já coloquei meus olhos. Mas esses pensamentos estão bem guardados.
- Esta no mundo da Lua, Carina! - Amélia jogou a toalha da mesa no meu rosto, chamando minha atenção. - Já contou pro Andrew e não contou pra mim, estou com ciúmes.
- Desculpa, estou com a cabeça cheia mesmo. - Estendo a toalha e arrumo os pratos - Nos podemos conversar depois do almoço?
- Claro, mas estou apenas brincando, se não quiser conversar não precisamos. - Amélia fez drama e me olhou com um bico nos lábios, sorri revirando os olhos e ao mesmo tempo Maya entra na garagem, agora com seus cabelo preso e vestindo o uniforme, sua expressão concentrada na tela do celular, mas assim que se aproxima da mesa que eu e Amélia estamos arrumando ela guarda o celular e sorri na nossa direção.
Não demorou nem 20 minutos e as mesas já estavam todas arrumadas, Maya subiu para a cozinha avisando que iria ajudar Travis, um dos bombeiros, a terminar de fazer o almoço, fiquei curiosa para fazer a tour pela estação guiada pela Capitã mas meu celular começou a tocar e a foto de Owen sorrindo na tela do meu aparelho me fez negar o convite.
- O que o insuportável do Owen queria? - Amélia senta ao meu lado em uma das cadeiras e eu guardo meu celular - To brincando.
- Eu não sei como vou viver minha vida inteira com meu noivo e minha melhor amiga se bicando sempre que tiverem uma chance - dou risada da careta que Amélia faz - A gente pode ir lá para casa essa noite, sei que você não tem plantão. Owen teve que ir para Portland, tem um almoço com um cliente importante no domingo e decidiram fazer uma reunião de última hora hoje.
- Oba! Pizza e vinho, Link ia dormir lá em casa mas não vai mais. - ela comemora - Eu amo esse emprego em Bellevue.
- Eu odeio - resmungo sentindo meu estômago protestar de fome - Eu vou morrer de fome Amélia, você me tirou de casa antes que eu pudesse comer e não me alimentou até agora, faz alguma coisa!
- Ah não! eu estou com fome também, mas as pessoas já estão começando a chegar, não vai demorar pra descerem a comida - Ela resmunga se ajeitando na cadeira, bufo ao sentir meu estômago roncar.
Não demorou e algumas pessoas começaram a chegar, uma senhora sentou ao nosso lado, começamos a conversar e descobrimos que se chamava Katherine e era mãe da Maya, estávamos tão imersas na conversa que nem percebemos quando a capitã começou um discurso de boas vindas à estação e agradecimento por termos vindo e ajudado em um causa tão nobre.
Amélia e eu estavamos voltando para a mesa após passarmos pelo lindo e cheiroso buffet quando a figura de Maya apareceu na nossa frente perguntando se podia fazer campainha as "senhoritas" se referindo a nos duas e sua mãe, que a puxou para um abraço torto, pois também segurava seu prato e a mandou sentar. Logo que terminei meu prato, que estava uma delícia, devo me lembrar de elogiar o Travis, o bombeiro que Maya disse que estava responsável pela cozinha, e por falar nela meus olhos a observaram puxar a cadeira para que pudesse sentar e não pude negar os elogios de Amélia para a mulher, ela é linda, a cor dos seus olhos é um azul tão claro que chega a ser confortante observar seu olhar atento ao local, ela definitivamente era uma capitã preocupada com sua estação, não parece relaxar um segundo enquanto está sentada a nossa frente, algumas crianças estão correndo na volta das mesas e ela foi rápida ao escutar um gritinho fino ao seu lado e segurar uma garotinha de vestido rosa, que vinha correndo e olhando para trás, os músculos dos seus braços contraíram quando fez força para segurar o corpo da garota e eu nunca me senti tão sortuda de estar almoçando na garagem de uma estação de bombeiros, sentada na frente da capitã.
- Princesa Pruitt! O que eu já falei de correr aqui dentro? - Maya a puxou para o colo e a garota, que deveria ter 3/4 aninhos, se colocou de joelhos sobre as coxas da bombeira e inclinou o corpinho, ficando cara a cara e dando um beijo demorado na bochecha da mais velha.
- Pruitt não pode correr aqui - a vozinha fina e as pronúncias erradas fizeram com que eu sorrisse, Maya fazia uma cara séria para a criança, que fez um bico. - Desculpa, tia Maya!
- Ta desculpada! Mas você poderia ter se machucado e não ia poder chorar, porque a senhorita sabe que não pode correr aqui dentro. - a garota gargalhou alto quando Maya começou a pressionar as pontas nas costas dela. - Castigo vai ser 5 segundos de cócegas!
- Meu Deus, Maya! Você fala com uma criança do mesmo jeito que fala com um dos seus bombeiros - Amélia debochou e de fato, o tom de voz que Maya usou com a Pruitt foi normal, sem afinar e sem gracinhas. Dei risada e Maya arqueou as sobrancelhas, mas antes que pudesse responder Katherine começou a falar.
- Isso é influência do pai dela, que a criou para ser uma máquina sem sentimentos. - Percebo a expressão de Maya fechar mais ainda e a mulher mais velha chama Pruitt que pulou na hora do colo da loira e passou por de baixo da mesa, surgindo entre minha cadeira e de Katherine, ela me lançou um sorriso sapeca e subiu no colo da mulher. - Você está pronta para ir passar o final de semana com a vovó Kate?
- Siiiim!!
- Vovó? Não sabia que você tinha irmãos, Maya! - Amélia perguntou.
- Eu não tenho, ela é filha do Dean mas mamãe o ajuda desde que ela era um bebê, não é Pruitt?
- É verdade, a Vovó Kate cuida de mim desde que sou um bebezinho, desse tamanho!! - Ela disse animada, mostrando com as mãos o quão pequena ela era. - Tia Maya disse que empresta a mamãe dela para ser minha Vovó, mas só um pouco porque ela é ciumenta!
- Ei, isso era segredo! - Maya a olha negando com a cabeça e a menina sorri, colocando as mãos sobre a boca e soltando um "opss".
- Que linda a relação de vocês, Maya! - Não pude evitar de comentar quando vi o sorriso da capitã para sua mãe e a criança, seus olhos pousaram em mim e o sorriso não se desfez.
- Pruitt é o nosso mascote da estação, mas a relação dela com a minha mãe fez com que a gente ficasse mais próximas.
Ficamos mais uma hora e meia na estação, Pruitt e Amélia entraram em uma conversa sobre o desenho animado patrulha canina enquanto eu e Kate começamos a ajudar a juntar os pratos e limpar as mesas, descobri que Link era sobrinho da mulher mais velha, e que ele e Maya cresceram juntos, por isso pareciam irmãos se implicando a cada 5 minutos, Andrew e Ben desmontavam as mesas enquanto Vic e Andy lavavam os pratos, cheguei perto de onde Amélia estava com a criança e a convidei para ir embora ou eu pediria um uber, caso ela fosse ficar com Link.
- Eu vou de Uber, a noite você vai lá para casa. -Pego minha bolsa que estava pendurada na cadeira e puxo meu celular, já o destravando e abrindo o aplicativo. - Pode ser?
- Claro, mas você não quer esperar a carona? Acho que Link já deve estar terminando, ele vai de carona comigo também.
- Não, quero chegar logo em casa! Vou lá na cozinha dar tchau, vamos comigo?
- Claro, vamos Pruitt? - ela chama a atenção da criança que estava entretida com o celular da minha amiga.
Depois de me despedir de todos meu celular vibrou, anunciando que o motorista já estava lá na frente, dei um último abraço em Andrew, que fez questão de me acompanhar até a porta e entrei no carro. Chegar em casa foi reconfortante, apesar do sol ainda brilhar forte lá fora, a temperatura já estava começando a cair novamente, entrei no meu quarto jogando meu casaco em cima da cama e corri para o banheiro, que particularmente era o meu cômodo preferido da casa, além de uma janela gigante com vista para o pátio da casa, tinha também uma banheira para duas pessoas, super moderna e com um painel na borda onde podia regular temperatura e jatos d'água, apertei o botão de ligar em temperatura quente e enquanto a água preenchia a banheira comecei a tirar minha roupa, procurei alguns sais e joguei na água, voltei para o quarto só para pegar meu celular e voltei para o banheiro, entrei na banheira e finalmente pude relaxar, escolhi uma playlist aleatória no Spotify e fechei os olhos. Fiquei uns 45 minutos de molho, pensando no que falaria para Amélia hoje e eu sabia que ter contado para Andrew só se tornou mais real o que eu estava tentando esconder, sabia que não podia evitar para sempre e por isso decidi que iria pedir testes se gravidez pelo aplicativo da farmácia, iria aproveitar a presença de Amélia para não fazer sozinha. Eu sinceramente não sei qual vai ser a reação de Owen quando eu contar que estou grávida, eu sempre achei que não queria filhos, mas agora eu não paro de pensar nos "e se's... " e nas cócegas que sinto no meu coração toda vez que penso sobre isso, a certeza que eu tenho que irei me esforçar o máximo para não ser uma mãe como meu pai foi me faz considerar muito a possibilidade de ter essa criança, mas se Owen não quisesse eu iria conseguir sozinha? Não tenho tanta certeza.
Fazia uns 3 minutos que o entregador tinha deixado minha porta, a sacola com 3 testes esta na minha mão e Amélia me encara com o queixo caído, ela solta a taça de vinho na mesa do centro da sala e levanta, seus olhos fixos em mim.
- Você está falando sério? - ela pergunta
- Muito sério, estou desconfiada tem uns dias, eu tenho certeza na verdade, mas ainda não fiz nenhum teste.
- Você vai manter? Owen já sabe? Ele quer ser pão? Você quer ser mãe? Você nunca quis ser mãe, meu Deus, Carina! Como você deixou isso acontecer? Você é médica! - Amélia começou a soltar todas as perguntas de um vez e parece que todas as fichas começaram a cair de verdade.
- Eu não sei, Amélia! Eu tenho que fazer o teste primeiro.
- Então vai, vamos pro banheiro. - Ela empurrou meus ombros em direção a escada e nos subimos para o meu banheiro.
Aguardar os 5 minutos do resultado pareceram eternos, mas quando os 3 testes mostraram positivo o tempo pareceu congelar, Amélia e eu estávamos em silêncio, encarando a bancada com os testes, meus olhos subiram de encontro aos da minha amiga e encheram de lágrimas, sentia meu coração batendo forte no meu peito e minhas pernas me levaram ao chão, Amelia sentou ao me lado e me puxou para um abraço.
- Estou com você, Ca! - ela esfregou minhas costas quando escutou meu suspiro - O que você decidir vou estar do seu lado.
- Não sei o que fazer, Amélia! Eu sempre achei que estava decidida a não ter filhos, mas agora eu não consigo definir o que estou sentindo, é como seu juntassem todos os sentimentos bons e todos os ruins e jogassem dentro de mim. - deixar meus pensamentos saírem pelos meus lábios em alto e bom som era um alívio quase que físico. - E Owen, eu não consigo imaginar a reação dele!
- Ei calma, vamos resolver isso. Tenho certeza que Owen vai te apoiar em qualquer decisão, mas antes você precisa respirar e se acalmar! - Amélia esticou as pernas, ficando mais confortável - Podemos ficar aqui o tempo que você precisar.
- Obrigada Amélia! Eu realmente não sei o que faria da minha vida sem você! - aperto sua mão entre meus dedos. - o que você faria no meu lugar?

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