Sensei | +18

Encontro Marcado

No dia seguinte aquela desastrosa noite, Mia pede para que depois do treinamento, os três que sabiam do "segredo" dela se reunissem em uma sala. Ela pensou o dia todo se aquilo seria uma boa ideia já que a última vez que eles estiveram juntos Gojo quase caí no soco com Nanami por causa dela. Mas ignora isso, e sabe que precisava contar o que o pai lhe dissera.

Mia estava suada do treino, com um rabo de cavalo bagunçado e roupa de academia, ela esperava os dois olhando pela janela imaginando onde estaria o Pai agora, e o que ele quis dizer com "melhorar as coisas".
Seus pensamentos rapidamente são afastados por alguém que bate na porta mesmo ela estando aberta. Mia olha e era Nanami, ele parecia um pouco envergonhado já que não encarava ela, exalava um desconforto nítido ao ajustar os óculos.

— Bom dia - ele diz entrando.
— Oi... - ela sorri carinhosamente - você está bem?
— Eu acho que sim - ele da um sorriso fraco - e você?
— Eu acho que sim - ela cruza os braços e volta a olhar para janela.
— Hm, onde está Satoru? - ele pergunta um pouco nervoso.
— Atrasado como sempre. - ela sai do lugar.

Caminha até ele, até ficarem frente a frente.

— Eu não tive a oportunidade de agradecer, pelo o que você fez - ela fala encarando o.
— Agradecer? aconteceu exatamente o que nós temíamos, ele encontrou você.
— Eu sei mas, você deixou de ser responsável um pouquinho, uma vezinha na vida, só para que eu pudesse me divertir. Obrigado de verdade Nanami - ela diz colocando a mão sobre o seu braço.
— Você se divertiu? não acabou muito bem de qualquer forma - ele fala referindo se ao que Gojo disse.
— Mas não por sua causa - ela ri - e sobre o beijo...
— Eu sei, me desculpe eu não sei o que deu em mim - ele fala passando as mãos no cabelo.
— Eu ia dizer que foi bom - ela interrompe e o deixa em estado de choque - Eu sei que prometemos esquecer o que já tinha acontecido entre a gente mas, eu gosto disso.
— Você quer dizer que, quer que eu continue?-ele olha para ela confuso.
— Não disse isso, eu não sei, mas eu gosto de estar com você, acho que isso é um começo. - ela fala sentindo as bochechas vermelhas.

Eles dois olham para o chão envergonhados, Mia não sente nem metade da intensidade que sentia quando estava com Gojo, a adrenalina, a incrível vontade avassaladora. Mas ela gostava de Nanami, gostava de como era gentil, preocupado e responsável, e ela sabia que ele também gostava dela, depois do beijo da noite anterior, passou a ter certeza, por isso sente que lhe deve retribuir de alguma forma.

— Ok... isso foi bastante inesperado - ele fala relaxando os ombros - O que me diz então hmm - ele limpa a garganta - Você quer jantar comigo? podemos ir em um restaurante chique, eu conheço alguns, quer dizer, não precisa ser chique, o que estou falando? enfim onde você quiser - ele continha nervoso.
— Eu aceito - ela ri - Mas acho que eu não deveria sair até Gojo esquecer que eu tenho um pai.
— Claro, não podemos cometer o mesmo erro duas vezes - ele afirma colocando as mãos no bolso.
— Ótimo, no jardim então, aquele em baixo da colina, ainda estaremos nos limites certo? - ela fala com os olhos saltando da cara.
— Sim, estaremos - ele passa a língua pelo lábio inferior. - Mas você tem certeza?
— Pare com isso Nanami - ela empurra devagar o seu ombro.

Eles riem os dois e Gojo que já havia entrado à alguns segundos esperava que eles notassem sua presença. Mia olha por cima do ombro de Nanami e o vê. Ela rapidamente fecha o sorriso e sente o coração pesar.

— Desculpem pelo atraso, Yuji queria desesperadamente um sorvete, caso de vida ou morte - ele fala sorrindo e brincando.

Nanami se afasta um pouco de Mia, ela nem percebe já que olhava para Gojo apreensiva.

— Tudo bem, eu não disse nada ainda. - ela fala olhando para ele que evita bastante o contato visual com ela.
— Satoru... eu, ontem à noite, eu não deveria ter levado Mia, eu já me desculpei com ela mas sinto que deveria fazer isso com você também, tínhamos um trato e eu descumpri - ele diz aproximando se de Gojo.

Gojo se aproxima dele e da dois tapas no seu ombro.

— Ver você se desculpando é muito prazeroso sabia? - ele fala rindo e sendo o Gojo de sempre - Mas esqueceu do principal, se desculpar por não ter me convidado para uma festa, vai lá cara, uma balada sexta à noite, como você pode fazer isso - ele coloca as mãos no peito.

Nanami ri e eles pareciam estar bem novamente, naquela dinâmica que só eles tinham de ser completamente opostos, mas que se completavam. Mia se sente aliviada, sorri e parece que um peso saiu das suas costas, Gojo parecia bem com isso, mas será mesmo que aquele Gojo indiferente, que não ligava pelo que ela fazia era o que ela queria?

— Bom, parem de graça, tenho coisas para contar - Mia senta em cima de umas caixas onde guardavam alguns materiais de luta.

Gojo encosta-se na parede mais próxima e começa a comer um sorvete que ele trouxe com ele, Nanami de braços cruzados observava as palavras de Mia enquanto ela relatava as palavras do pai.

— O que ele quis dizer com você se juntar a ele? ele realmente acha que depois de tudo você aceitaria ele como pai de novo? - fala Gojo com a boca cheia.
— O que exatamente ele está fazendo?
— Eu não sei, não foi claro o suficiente, mas acho que não será a última vez que nos veremos, na verdade... 

Ela se segura e pensa bem em dizer a parte do "você irá voltar para mim, quando perceber isso".

— O que? - eles falam ao mesmo tempo.
— Nada, enfim, eu nunca vou me juntar a ele e vocês sabem, por isso, tenho um plano - ela fala orgulhosa.
— Vai aprontar o que agora? - Gojo revira os olhos enquanto chupa o sorvete.
— Se ele planeja matar pessoas inocentes, ou fazer alguma dessas atrocidades, eu não posso deixar, então, estive pensando... Poderia tentar me aproximar mais, fingir interesse, descobrir o que ele está fazendo e aí vocês entram, bum, acabamos com ele.
— Você parece muito bem com a ideia de ter que matá-lo no final de tudo - diz Nanami.
— Ele não significa mais nada para mim, ele morreu a muito tempo.
— Não concordo - Gojo levanta a mão como uma criança na escola - Você se arriscaria, além de que se descobrirem que vocês estão juntos, bom o conselho não vai pegar leve.
— Exatamente, não vai ajudar muito as pessoas se for executada por traição. - completa Nanami.
— Eu consigo! eles não me descobriram até agora, consigo apagar meus rastos - ela fala tentando convencê-los.
— Não, e isso é uma ordem, próximo contato que ele fizer com você, vamos estar lá para arrancar a cabeça dele, você não precisa ter que fazer nenhum joguinho - Gojo fala desencostando da parede.

Ela insatisfeita bufa, mas aceita já que não tinha como contrária-lo, mas ela sabe muito bem que não iria obedecer.

— Isso é tudo então? - ele pergunta - estou com a agenda cheia hoje.
— Sim, você já pode ir - ela fala um pouco surpresa.
— Ótimo, tchauzinho nanaminho, e vejo você na missão de hoje Mia, até - ele caminha até a porta e sai balançando a mão dizendo tchau.

Nanami olha para Mia.

— Ele está, o mesmo idiota de sempre? o que aconteceu?
— Eu não sei, talvez está tentando voltar as coisas ao normal - Mia fica com uma pontinha de tristeza no coração, sabia que ele não estava muito bem com aquilo, com o que aconteceu ontem, mas ele sempre soube disfarçar muito bem o que sentia.

Ela permanece desejando que ele tivesse continuado ali, brincando, sendo sarcástico e irónico, fazendo péssimas piadas, e o efeito que ele produzia nela, aquele jeito que a deixava extasiada, com desejo e vontade.

— Mia? - Nanami fala.
— Desculpe o que você disse? - ela volta a "terra"
— Se você estará lá hoje? o jardim - ele fala.
— Claro! estarei, as 19 certo? - ela busca suas coisas no chão da sala.
— Perfeito - ele fala observando ela se arrumar para ir embora.

Ela sorri uma última vez e sai da sala.