Despedidas

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Mia volta pro seu quarto, completamente extasiada do o que aconteceu, Gojo tinha sempre esse efeito de deixá-la completamente seduzida, tudo que conseguia pensar era nele, em suas palavras, toques e atos. Tudo na sua cabeça gira em torno dele já faz um tempo, mas só agora ela começa a perceber os efeitos daquilo.
Ainda deitada sobre a cama sorrindo para as paredes ela percebe após ligar o telefone, e ver as mensagens de Nanami. Percebe que tinha se esquecido completamente de que marcaram de se encontrar hoje no apartamento dele.
Percebe que talvez não pode mais continuar com isso, não pode enganar Nanami dessa forma. Mas precisa ir, precisa contar e dizer como acha que as coisas deveriam ser a partir dali. Levanta-se rapidamente da cama e pega o primeiro casaco que vê por causa do frio. Sai e pega um táxi em direção a sua casa no centro.

Mia corre pois ja estava atrasada há horas e bate na sua porta, suada de ter que subir as escadas correndo.

— Oi - ele fala com um sorriso surpreso.
— Oi, me desculpa eu estava ocupada com umas coisas e esqueci completamente
— Tudo bem - ele ri e da um abraço nela cumprimentando-a com um beijinho na bochecha. - Como você está? - ele pergunta trazendo ela para dentro da casa.
— Cansada. - ela diz ofegante.
— Deveria ter ficado em casa então, eu iria entender.
— Eu precisava vir... - ela fala um pouco triste. - e você? o que está fazendo? - disfarça os sentimentos com um sorriso fraco
— Na verdade, estava procurando algo para comer, como você não veio, achei que não valesse a pena cozinhar só pra mim.
— Desculpe - ela fala fazendo biquinho
— Tudo bem, na verdade já que você está aqui, poderia você ser a responsável pelo jantar - ele agarra ela pelo rosto devagar 
— Ah não, eu sou péssima na cozinha você sabe disso - ela tenta o máximo desviar o olhar, já não se sentia confortável.
— Eu vou te ajudar, vamos comer hoje um prato preparado por você - ele segura sua mão e a leva até a cozinha.
— Nanami... - ela diz com dificuldade parando ele.

Ele olha para ela nos olhos, estava animado e feliz por ela ter aparecido, ela conseguia sentir isso, mas ela tinha os olhos baixos e não conseguia dizer a ele o que planejou dizer durante todo o caminho.

— Sim?
— Você sabe que corremos o risco de morrer envenenados, ou com uma horrível dor de barriga - ela brinca disfarçando.

Ele ri e balança a cabeça, puxando ela novamente até a cozinha.

Chegaram la e ela coloca o avental, faz questão de parecer o mais "normal" possível, mas sua cabeça estava em formas de inserir que ela tinha ficado com Gojo ainda algumas horas atrás.

— Aqui, corte esses legumes, depois vamos fazer um molho com eles - Nanami fala preparando as panelas e o local para ela utilizar.
— Ok... - ela começa a cortar e ele observa. - O que? - ela pergunta.
— Nada... você poderia cortar mais pequeno? - ele fala.

Mia tenta mas parece não agradar muito ele.

— Veja assim. - ele vai até ela.

Ele se coloca atrás dela, encaixa-se perfeitamente, fazendo ela ficar entre o seu corpo e o balcão. Ele leva suas mãos firmes nas dela e conduz como se fosse ela que estivesse cortando. Ela sente sua respiração no seu pescoço e o pequeno impulso que dava pra frente toda vez que cortavam uma fatia.
Mia não nega que aquilo a deixa excitada mas se controla, não podia se render e fazer aquilo com Nanami.
Ele termina de controlar suas mãos e deixa que ela faça sozinha, porém não sai de trás dela, pousa o queixo no seu ombro e abraça o corpo dela por trás.
Mia nervosa por aquela proximidade, acaba por cortar sem querer um pouco do seu dedo.

— Droga! - ela diz largando a faca.

Nanami rapidamente a vira de frente para ele para ver.

— Mia! - ele briga com ela e pega o seu dedo.
— Está tudo bem foi só um corte

Coloca seu dedo na boca dele, estancando o sangue, depois tira e analisa preocupado. Sua atenciosidade sempre prendia ela, ele era perfeito, em todos os sentidos, Mia sente seu coração pesar.

— Nanami... - ela fala triste e baixo.
— Vou buscar um curativo - ele tenta sair mas ela puxa sua mão de volta.
— Eu... eu fiquei com ele, de novo- ela joga de uma vez.

Nanami fica confuso mas aos poucos parece entender.

— Eu estou bastante confusa, você não faz ideia do quanto eu gosto de você, eu queria tanto poder manter isso. - Ela fala encarando o chão- ninguém nunca cuidou tanto de mim como você faz, por isso eu não posso continuar, eu não quero estar aqui com você e quando eu voltar, fingir que está tudo bem e ficar com ele.

Nanami também tem o olhar distante no chão, mas ri sem mostrar os dentes, levanta a cabeça dela para que pudesse o encarar.

— Eu jamais cobraria algo que você não sente, eu sempre soube que era ele que você escolheria. - ele acaricia o rosto dela.
— Nanami, não é questão de escolha, eu gosto muito de você - ela tenta se justificar nervosa
— Mas ama ele...- ele diz triste. - está tudo bem Mia, você não precisa me explicar ou se desculpar.
— Eu não o amo,  é só tão complicado que eu não consigo respirar me sinto sufocada.  - ela leva as mãos até o rosto.
— Espero que você esteja fazendo o que seu coração manda, por que de verdade, se quer saber da minha opinião, não acho que ele seja o cara certo pra você, talvez nem eu seja, você merece o mundo inteiro Mia, e eu tentei te dar o quanto podia. - ele fala
— Por favor Nanami, não torne as coisas mais difíceis, eu queria muito poder ficar, continuar essa cumplicidade que temos, mas eu não posso enganar você dessa forma.
— Você está só enganando a si mesma Mia - ele se afasta um pouco dela.

Ela olha para ele e engole a seco.

— Vamos terminar - ele segue para frente do fogão mexer as suas panelas.

Mia vira-se novamente para o balcão para cortar os legumes, e o faz em silêncio, que ocupa um enorme lugar naquele cómodo. Os dois terminam de cozinhar e comem na mesa de jantar, ainda que alguns assuntos surgissem, o clima ficou tão estragado que até a comida parecia mais amarga.

— Eu imaginei que você fosse ficar se viesse, por isso deixei algumas coisas separadas caso você quisesse usar, não vai ser mais o caso não é? - ele diz limpando a boca com o guardanapo.
— Não, eu acho que é melhor ir para casa.
— Certo - ele levanta e leva os dois pratos até a pia de louças.

Ela pega sua bolsa e se prepara para sair, foi o pior momento em que eles partilharam desde que se conheceram, até quando ele tentou matá-la ao conhecer e desconfiar dela foi melhor.

— Me desculpe por isso, eu estraguei a sua noite, mas eu precisava dizer tudo isso a você - ela fala antes de sair porta a fora.
— Eu já disse que não precisa se desculpar, Vejo você amanhã - ele sorri

Ela avança e lhe dá um abraço inesperado, apertado e acolhedor. Ela passa as mãos pelos seus cabelos e fecha os olhos com força, sentindo a dor que era acabar com aquilo. Nanami parecia forte, mas ela sabia que sempre escondia muito bem o que sentia.

— Obrigada pelo jantar - ela sai do abraço e abre a porta.
— Você mandou muito bem, mérito todo seu - ele diz erguendo a mão em sinal de tchau.
— Adeus Nanami.
— Adeus Mia.

Sensei | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora