Novos aliados

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Mia chorava já fazia horas, sentada sozinha no meio fio da rua, estava com muito frio, nua, só com sutiã e o hobby. Sentindo se usada, suja, nojenta. Nada machucava tanto como um coração quebrado, e pior, quebrado por alguém que não estava nem aí para você.

— Isso dói muito não é? - uma voz atrás dela diz ecoando.

Ela se levanta assustada e olha na direção.
A figura que ela tentou esquecer no último mês resurge das sombras, o querido Papai.

— O que você faz aqui? - ela diz enxugando as lágrimas.
— Vim ver como você estava, estou vendo que, nada bem não é? - ele fala com a voz terna e calma.
— Como se você se importasse comigo
— Eu sou seu pai Michelle - ele diz aproximando-se.
— Você nunca foi, e o meu nome é Mia - ela da dois passos para trás.
— Claro, me desculpe. Ouça Mia, eu sei que nada nesse mundo apaga o que eu fiz, mas você precisa de alguém agora, está muito frio aqui, eu sei que você odeia o frio assim como eu.
— Eu estou bem! eu não preciso de você aqui- ela diz chorando.
— Finja que eu nunca fui embora, que ainda sou o mesmo papai, eu confortaria você não é mesmo? te faria bolachas, chocolate quente - ele volta a se aproximar e ela nem percebe. - Conta o que aconteceu, eu prometo que não tentarei nada, apenas irei ouvir você.

Ela pensa se deveria ou não, naquele momento nada fazia sentido, tudo estava desabando mesmo, ela apenas suspira e volta a chorar, mas agora agarra seu ombro com força em um abraço, chora e molha seu terno, ele ainda tinha o mesmo cheiro de charuto e perfume caro que ela nunca se esqueceu, aquele momento trás uma nostalgia infinita, um sentimento de paz momentânea, o que ela precisava naquele momento. Ele passa a mão nas suas costas e a abraça com força. Mia soluça ainda mais por isso.

— Por que você me deixou? por que nos deixou para morrer e pagar o preço dos seus erros?
— Você acha que eu quis ver vocês todos mortos? você acha que não havia razão para me rebelar contra o sistema? tudo há uma razão Mia, e eu voltei para tentar te explicar.
— Eu não deveria dar ouvidos para você, nem sei por que estou fazendo isso.
— Então deixa eu aproveitar esse momento em que você permite, e vamos, deixa eu te contar tudo.
— Onde?
— Em um lugar que fica mais fácil para você entender. - ele segura sua mão.

Mia estava tão desolada que nem precisa responder, apenas é guiada por ele. Sente em um piscar de olhos seu corpo formigar, e rapidamente já não estava em na rua em frente ao hotel. Estava dentro de uma casa, antiga mas muito bem arrumada e limpa, eles continuam caminhando pelo corredor onde havia pouca luz, até chegarem em uma porta, o Pai de Mia abre essa mesma e entra como se estivesse em casa, era uma espécie de escritório, com estantes de livros, uma mesa de centro com papéis e coisas de papelaria como se ao invés de ser um foragido assassino era um nobre escritor. Mia nota alguém sentado no sofá de dois lugares encostado a parede.

— Uau, que surpresa maravilhosa- diz Geto rindo.
— Geto? - mia estranha - ah é, esqueci que você trabalha para ele.
— Eu trabalho para mim mesmo senhorita, e você, que milagre a trouxe aqui? e ainda vestida assim
— Geto, preciso ficar a sós com a minha filha, depois conversamos - O senhor Hinokami diz
— Ok, só vim para dizer que está tudo pronto, a cara nova já chegou também e tudo nos conformes para amanhã.
— O que vocês estão planejando? - Mia diz preocupada.
— O fim do mundo - Geto brinca piscando o olho e saindo da sala.

Ela logo está sozinha com o pai, e não consegue evitar o desconforto.  Mia observa na parede atrás da mesa um quadro, uma pintura de um casal com uma criança.

— Essa sou... eu? - ela diz aproximando-se.
— Sim, no seu aniversário de um ano. - ele observa o quadro também.

Ela olha para a bebezinha ruiva dos olhos castanhos flamejantes e pele alva.

— O que aconteceu naquela noite? - ela pergunta finalmente.
— Ah aquela noite, foi um ataque surpresa, tinha acabado de ser declarado inimigo oficial do mundo jujutsu, mesmo sendo um grande feiticeiro deles. Eles me caçaram como um animal, e mataram todos da família que não tinham nada haver, tudo por capricho - ele balança a cabeça.
— O que você fez para ser considerado um criminoso e procurado?
— Defendi o que achava certo, apenas isso. Aqueles velhos do conselho são conservadores, não aceitam opiniões contrárias, o meu plano sempre foi melhorar o mundo jujutsu, acabar de uma vez por todas as maldições. Ainda é o meu plano.
— Mas isso é impossível!
— Querida, eu nunca estive tão perto como agora - ele aproxima-se e agarra suas mãos. - imagine um mundo sem brutais mortes por maldições, livre e limpo, onde apenas reina emoções puras e boas.
— Como você pretende fazer isso?
— Ha alguns elementos que estou recolhendo para fazer o feitiço certo e ideal, esses que eu procuro desde antes de você nascer. E agora já só falta alguns poucos.
— Então, tudo que você fez, deixar a gente para trás, ser procurado e caçado, tudo para proteger o mundo de maldições completamente?

Ele suspira, com o olhar triste, Mia não sabe o que dizer, estava tão enraizada com a ideia de que ele era uma pessoa terrível, que era muito difícil acreditar em suas palavras.

— Não foi isso que te contaram né? bom, agora você está aqui, sempre há tempo para resolver. Você pode nos ajudar, continuar esse nosso projeto, e em breve, viveremos livres e em paz, sem feiticeiros jujutsu, sem maldições, sem guerras e sangue derramado.
— O que acontecerá amanhã? - ela pergunta seria.
— Iremos buscar um dos últimos objetos, iremos invadir um castelo residencial no interior.
— E pretende matar quantas pessoas? não esqueça que há vida que não fazem ideia do que acontece nesse mundo, elas que se dão mal na execução desses seus planos.
— Ninguém será ferido, darei essa ordem aos meus companheiros.
— E do que se trata esse objeto? - ela pergunta curiosa.
— O sangue do último feiticeiro que domina as habilidades do ar, sua energia amaldiçoada é poderosíssima, por isso essencial.
— Você vai matá-lo então? - ela diz com raiva
— Mia, confie em mim, aquele homem não merece a sua compaixão, se escondeu a vida toda pois sabe que seu sangue é raro, mas é um rico que explora seus funcionários, contribui para um sistema que explora várias vidas, inclusive de crianças.
— Mas você...
— Sacrifícios tem que ser feitos Mia, por favor compreenda isso se for nos seguir.
— Eu não disse sim, não confirmei nada.
— Pense sobre, afinal você sabe muito bem que voltar para aquilo que você está tendo na jujutsu high não é uma opção não é?

Ela pensa em Gojo, e ainda na raiva que sente dele.

— Não se deixe ser desonrada, humilhada tendo o nome que você tem, você não merece estar lá com nenhum deles, mostre quem você é de verdade o tanto de potencial que você tem.

Mia se vê levada pelas palavras dele, não sabe o que fazer, que decisões tomar, mas não conseguia pensar em voltar para ver Gojo novamente.

— Venha, vou lhe mostrar o seu quarto, ficará aqui até quando quiser, se não quiser seguir o plano, ou fazer parte disso, eu irei entender.

Ela assente com a cabeça, mesmo estando confusa sobre o que faria, apenas deseja que aquela noite horrível termine.
Ele a leva para um quarto majestoso de belo, e ela se sente de alguma maneira, pela primeira vez em anos, no seu antigo quartinho de infância, e todas as memórias voltam, os bons e maus momentos, e por longos minutos Mia pensa - E se ele estiver certo?

Sensei | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora