A Condenação

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O final do dia já se aproximava, o por do sol começava a mudar de um amarelo vivo de luz forte para o rosa alaranjado que ia ficando cada vez mais escuro com a chegada da noite.
Era naquele momento, no pátio interno de execução que eles estariam ali. Mia seria julgada na frente de todos aquele que quisessem ver, diante de uma legião de homens responsáveis pela ordem das leis no mundo jujutsu, diante dos seus superiores, feiticeiros independentes e até mesmo dos seus colegas, muitos deles ainda crianças jovens que viriam através de Mia as consequências de um ato de revolta contra o sistema.

A estrela principal não tinha valor nenhum ali, era apenas mais uma criminosa, ainda usava o mesmo vestido branco e sujo, tinha uma venda branca cobrindo os seus olhos, os cabelos curtos sujos e bagunçados sobre o seu rosto. Estava de joelhos, com os braços abertos pois cada um deles estava atado a correntes ligadas a postes de madeira um de cada lado. Ela chora por debaixo da venda. Embora em silêncio, sem demostrar a sua fraqueza.

Mia ignora tudo a sua volta, afinal ela não conseguia ver, e pensa apenas no que foi cada momento que viveu ali, do começo ao fim, embora conflituoso, ela se divertiu, amou, chorou, sorriu. Até o final, só pensa em bons momentos, e aquelas lágrimas que caiam escondidas de todos eram de gratidão. Pela primeira vez ela Viveu, e viveu intensamente.

A cerimónia parece começar, pois os burburinhos eram altos, a voz de Yoshinobu iniciando e explicando o motivo de todos estarem ali ecoava pela sala.
Ela não entende como aquilo iria acontecer apenas continua tentando não focar naquilo, e permanecer com os pensamentos na sua vida boa.

Nanami entra, Mia lembra da presença dele, lembra do toque dele, do carinho, da cumplicidade. De momentos tão gostosos, tão cheios de vida, tão cheios de conselhos e histórias. Nanami era alguém tão especial para ela que mal conseguia expressar tudo que ele representava.

Esse aproximasse um pouco.

— Me perdoe, eu fiz o que eu pude, além do que eu pude. - ele fala baixinho só pra ela.
— Nanami, obrigado... eu te amo, você foi o meu melhor amigo, e para sempre vai ser. - ela diz sorrindo.

Nanami engole a seco. Começa a abrir algumas páginas e recitar tudo que tinha pra dizer, após a leitura de um documento extenso, finalmente sintetiza sua ideia.

— Por isso, Mia, aluna da jujutsu high de tokyo e do professor Gojo Satoru, não pode ser acusada do crime de traição ou rebelião quando claramente ouve uma ordem para que essa se infiltrasse. Além disso, nesse período, a réu não cometeu nenhum crime de nenhuma atividade, ou compartilhou informações confidenciais.

Eles ouvem com atenção, Nanami impunha sua voz para defendê-la, e fazia com toda a força que conseguia embora as vezes as palavras ficavam presas em sua garganta.

— Enquanto as acusações de envolvimento não profissional com seu professor? Há fotos, vídeos que a comprovem. - diz um dos conselheiros nas suas cadeiras almofadadas.
— Quando a isso, não há como negar o envolvimento pessoal entre os dois, mas essa acusação não é suficiente para uma punição desse nível, exijo que no caso das outras acusações serem anuladas, Mia seja apenas expulsa da escola por esse motivo em específico.
— Proibiremos a entrada dela em qualquer instituição jujutsu então certo? - um dos conselheiros vira-se para o outro perguntando.

Yoshinobu levanta-se com força.

— Vocês esqueceram-se da principal acusação? estamos diante de uma herdeira suja de um clã que assassinou brutalmente metade da nossa população de feiticeiros jujutsu alguns anos atrás. O clã Hinokami foi caçado para pagar pelos seus pecados devidamente, e foi jurado solenemente diante de todos nós a perseguição e aniquilação de até o último deles, Nunca mais pisariam no Japão, foi jurado! - ele diz gritando para toda o auditório ouvir.

Alguém abre as portas principais fazendo um grande barulho, Mia sem nenhuma esperança de conseguir vencer aquilo já ignora todos os fatos.

— Mia san não deveria ser condenada por um erro dos seus antepassados! - fala Itadori chorando - Nós não deveríamos julgar que uma criança que nasceu em uma geração totalmente diferente vá seguir os caminhos da sua família, Mia não é como eles, vocês achariam justo serem mortos por que alguém da sua família cometeu um crime? achariam justo? - ele fala aproximando-se.

Os seguranças feiticeiros que estavam ali seguram Itadori com força, esse por ser o hospedeiro de sukuna não era fraco, e os atira para longe, e o barulho e baderna toma conta do lugar.
Alguém corre próximo a Mia, mas impedem de chegar tão perto.

— Mia! nós amamos você! por favor não desista ainda - diz Kugisaki presa nos braços de um feiticeiro.
— Nós vamos arranjar um jeito! aguente firme - Megumi diz também lutando contra um.

Yoshinobu ergue as mãos para o alto e as abaixa rapidamente, liberando um som incrivelmente assustador, fazendo todos caírem no lugar e colocarem a mão nos ouvidos.

— Isso é um tribunal, ordem é o que é preciso aqui, e aqueles que desrespeitarem serão punidos severamente!

Após o silêncio de todos e os três serem colocados no lugar. Nanami, ainda com os olhos baixos tenta continuar.

— Senhor Kento Nanami, você tem provas concentras para rebater as nossas de que Michelle Hinokami está na nossa frente, herdeira do clã procurado e amaldiçoado do fogo?

Nanami não responde, tem o coração acelerado, as mãos suadas e trémulas, levanta o olhar uma última vez e com pouca força diz. Mesmo que procurasse muito, ou fosse o melhor defensor do mundo, nada mudava o nome de Mia, a sua história e quem ela era.

— Não senhor - ele diz.

Olha para Mia e essa sorri olhando para frente por não saber onde ele estava, ela sorri o confortando, e sem expressar som, diz com os lábios que estava tudo bem.

— Neste caso - ele se levanta da cadeira.

O choro já tomava conta, Nobara gritava não, Itadori chorava pedindo para que Sukuna aparecesse e desse um jeito naquilo. Megumi sem nenhuma esperança senta desolado no seu lugar.

— Eu protesto! - A voz de Gojo ecoa pela sala.

Mia levanta o olhar embora não o pudesse ver, Nanami vira de costas, assim como todos que observavam a figura de Gojo na frente da porta. Ele aproxima-se e enquanto faz isso trás algo em suas mãos.
Sua expressão era de raiva e puro ódio, embora estivesse sereno, com os olhos vermelhos de choro, e as mãos machucadas de tanto socar algo, a roupa suja de sangue assim como o seu rosto que não trazia a venda nele dessa vez.

Não é preciso chegar muito perto para perceber o que era que segurava, mas ele joga sobre os acentos dos superiores, fazendo cair aos pés deles.
Era a cabeça de Hinokami, o pai de Mia. A cabeça decapitada, sem cor e sem vida do mestre do fogo, o mais procurado do mundo jujutsu, que agora estava morto.

— Apresento a vocês, o último membro do clã Hinokami. Com ele, agora todo clã está morto, e não há mais perseguição.

Todos se olham confusos, o que ele queria dizer com isso? e quanto a Mia, ela também estava confusa pois não havia como provar que ela não era uma deles, o que se passava na cabeça dele? ela nem o ver conseguia, e apesar de já conformada com a ideia de morrer, não podia pensar nisso sem antes arrancar aquela venda para poder sentir o vazio azul dos olhos dele mais uma vez. Uma última vez.



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Babado, confusão e gritaria! estamos nos últimos capítulos, com o grande final amanhã, nem sei como reagir, nem sei o que esperar, nem sei como agradecer, mas é isso aí, o final já tá feito, já foi pensado a muito tempo, e talvez atraia umas opiniões um pouco diversas, talvez alguns gostem muito, talvez outros nem tanto. Mas além disso não posso contar nada, AMANHÃ TODO MUNDO AQUI PRA LEREM COMIGO E CONVERSAR! AMO VOCÊS DO FUNDINHO DO MEU CORAÇÃO.

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Sensei | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora