Refúgio

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Eles são levados para o meio da cidade, o lugar mais longe e concreto que Gojo conseguiu pensar. No meio de Tokyo movimentada, onde pessoas iam e vinham. Mia estava apática, já  não chorava, não expressa nada. Gojo segura seus ombros com força.

— Escuta! Está tudo bem, prometo que vamos ficar bem, você ficará viva.
— Gojo... - ela olha sem ânimo nenhum no olhar para um ponto especifico do chão.

Ele a puxa e a abraça, enquanto essa segura o choro no meio do seu peito, ele agarra a sua cabeça com força.

— Não deixarei nada acontecer com você.
— Eu sou uma inimiga, oficialmente, eu serei executada, como um verme criminoso. - ela diz com nojo de si mesma.
— Mia! - ele agarra seu rosto agressivo. — Você não vai ser executada! eu não vou deixar.

Ela fica calada, tentando se recuperar, respira repetidas e contadas vezes para consegui controlar seu coração.

— Foi ele não foi? ele me entregou - ela diz se referindo ao pai - Como pude ser tão cega! - ela enterra a cabeça nas mãos.
— Agora temos que sair daqui! Estou tentando conectar com algum lugar longe o suficiente daqui.
— Você não pode vir comigo... ainda é um feiticeiro, se me ajudar você também pode ser condenado.
— Eles nunca conseguiriam me matar, eles precisam de mim. - Gojo fecha os olhos e se concentra.
— Isso é tudo culpa minha, como pude estragar a minha vida inteira, tudo o que consegui, a minha família - ela diz gritando com ele.
— Mia! se acalme.
— Eu vou morrer como você quer que eu me acalme? - ela grita ainda mais alto chamando atenção das pessoas em volta.
— Encontrei! - ele diz e tapa a boca dela.

Ele teletransporta novamente e apenas conseguiu piscar o olho, para chegar em um lugar completamente diferente.
Estavam em um campo aberto, grama, algumas árvores e uma casa, muito bonita, branca e aconchegante.

— Que lugar é esse? - ela observa.
— A casa de verão de alguém, agora é nossa!
— Estamos em Tokyo?
— Não, estamos do outro lado do país. Corra para dentro agora.

Ela assim o faz e ele a segue observando o local. Ele abre a porta só com um movimento da mão, eles entram e ela conseguia ser ainda mais bonita por dentro, limpa e elegante.

— Vou anular nossa presença, fique aqui.

Ela senta no sofá, observa a casa mas logo todos os pensamentos do que tinha acabado de acontecer, voltam. Ela não estava chorando mais, não conseguia, era oficial, até ela desistiu de lutar por si mesma, não valia a pena se sempre haveria algo que a atrapalhasse e impedisse ela de apenas Viver.
Gojo volta depois de percorrer toda a casa eliminando a presença dos dois para não serem encontrados, ele estava uma pilha, agitado e nervoso. Mas logo chega na sala e se senta na poltrona na frente de Mia, suspirando.

— Bom... veja pelo lado bom, podemos tirar umas férias aqui
— Você só pode estar brincando!
— Eu já disse que nada vai acontecer, esqueça o que eles disseram, eu vou voltar e concertar isso, Nanami também está nessa esqueceu?

Ela fica calada, novamente movida por um vazio enorme, uma desistência, a falta de vontade de lutar.

— Você viu como eles... eles olharam para mim? - ela fala com os olhos mareados.
— Eles estão confusos só isso.
— Eu disse a Nobara que nunca teria algo com você, eu menti para todos eles, nós transamos no meu quarto e depois íamos treinar com eles, você acha isso certo? Eles acreditam agora que sou uma criminosa, uma vadia que conseguiu enganar todos direitinho.
—  Você é a Mia deles, eu aposto que eles nunca pensariam nada assim de você - ele se ajoelha na frente dela - confie em mim, isso vai passar.
— E se não passar? Imagine o que seria eles assistirem a minha execução, e depois de alguns meses, você ter que executar Itadori! - Mia volta a chorar - Eles não vão suportar Gojo e você...

Ele agarra seu rosto como sempre fazia, deixando sua cara presa entre as mãos grandes dele. Ele a encara sem dizer uma palavra por longos minutos.

— Vamos fingir. Estamos aqui para tirar férias, nessa maravilhosa casa de verão, com um campo lindo e um lago, e após alguns dias, depois que eu resolver tudo, voltaremos. Voltaremos a treinar todos os dias, teremos os mesmos encontros nos corredores, e brigaremos depois jogando coisas um no outro, gritando e sentindo ciúmes.

Ela enterra as mãos na cabeça cansada.

— As coisas nunca vão ser como antes, nem eu sei se quero que elas sejam! não depois de tudo o que passamos.

Gojo entende, ela cortar ele daquela forma doía mais nela do que nele.

— Tudo bem, você precisa descansar, ainda tem um ferimento aí, sem falar em como te doparam, anda vamos - ele levanta e puxa a mão dela.

Eles chegam no quarto branco simples e minimalista, Mia senta beirada da cama de casal e Gojo tira a camisa dela. Observa o ferimento e depois vai buscar um kit de primeiros socorros em algum lugar.
Ela o observa jogar álcool na ferida, estancar e limpar tudo, ele parecia concentrado e preocupado, era nesses momentos em que Mia pensava que talvez ele gostasse realmente dela, por mais que suas atitudes não coincidirem com isso.

— Não pense que isso, torna as coisas mais fáceis aqui, você foi um dos motivos para eu ter feito o que fiz, e eu sou grata por tudo que você esteja fazendo por mim, mas Gojo, você me magoou muito, espero que nunca esqueça disso

Ele assente com a cabeça entendo o recado.

— Vou ficar lá em baixo, qualquer coisa me chame.

Ele sai do quarto, Mia deita na cama e pensa sobre aquilo, tinha pura convicção de que precisava ser assim, dura com ele, mas naquela noite fria em que ainda chora no meio da noite, tudo que ela mais queria era o conforto dos seus braços.

Sensei | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora