Sensei | +18

"Família"

Três dias haviam se passado desde a invasão a grande mansão, as coisas estavam quietas no esconderijo secreto do pai de Mia, ele a visitava todas as noites para dizer várias coisas sobre a vida de alexia, Mia se sentia cada vez pior a cada história, cada vez pior por não ter feito nada. "você ainda pode concertar isso" ele repetia sempre. Sem notar ela foi se esgotando aos poucos, estava cansada, não fisicamente mas mentalmente. Ele exercia um total poder de manipular ela, e dessa forma ela foi se acostumando com isso e sendo soterrada de motivos para continuar ali com ele.
Foram apenas 4 dias, nem uma semana, mas ela já nota as olheiras nos olhos inchadas e uma perda de peso considerável, também notava que estava mais pálida pela falta de luz do sol no subterrâneo. Não sabia o que ainda fazia ali, só não tinha mais forças para lutar contra.
Estava na hora do jantar, ou do que eles chamavam isso, já que só comiam qualquer besteira e bolavam planos. Mas hoje era uma noite especial, eles comemoravam e planejavam o dia em que finalmente todo aquele sonho iria se concretizar.

— Dois dias até o grande dia, não estão animados para isso? - o pai dela grita com um copo de cerveja na mão.

Os outros fazem o mesmo gesto, alegres e felizes por finalmente conseguirem chegar ao seu objetivo, Mia sentava próximo a lareira não expressa muita animação, assim como Geto que bebia encostado na parede trocando olhares com ela.

— Todos esses anos tentando, todas as noites, todos os nossos companheiros que morreram, tudo valeu a pena, estamos tão próximos - ele falava animado como Mia nunca tinha visto. - Eu gostaria na verdade de fazer alguns agradecimentos.

Ele vai para frente da mesa e todos observam.

— Agradeço ao nosso incrível executor, que permitiu que tudo fosse possível com suas incríveis habilidades de controlar maldições, Geto! - ele vira se para ele.

Todos batem palmas e gritam erguendo os copos de cerveja, ele ergue as sobrancelhas e uma das mãos agradecendo.

— A todos vocês que se dispuseram a me ajudar nesse sonho, que entenderam o verdadeiro propósito de estar aqui! No novo mundo, vocês governarão e serão grandes!

Os meninos e meninas movidos pela força das suas palavras se alegram e se emocionam com o seu discurso. Pessoas que tinham algum trauma, dor e transformaram isso em sonho, em esperança.

— E claro, a nossa herdeira, a minha prometida, e que decidiu acreditar em nós, obrigado Mia, nós agradecemos - ele vira-se para ela.

Todos falam o nome dela e comemoram, ela sente as bochechas corarem e dar um sorriso fraco.

A festa continua, depois de um tempo já todos bebados vão para os seus respectivos quartos, Mia ainda fica com um copo cheio na mão, observando a lareira queimar aos poucos.

— Você não vai dormir? - Geto diz atrás dela.

Ela olha e ele estava com os cabelos soltos, seus olhinhos puxados estavam mais pequenos hoje, ele parecia cansado também.

— Eu... não sei, acho que vou ficar mais um pouco.

Ele respira fundo, e ao invés de ir embora, senta-se ao lado dela em outra poltrona.

— Tenho que dizer que estou surpreso.
— Com o que? - ela leva um pouco da cerveja até a boca.
— Você, aqui. Faz quase uma semana, e ainda não foi embora.
— Você gostaria que eu fosse? - ela pergunta olhando para a lareira.
— Não, eu gosto de você aqui, deixa as coisas um pouco menos... sombrias, ainda que cada dia que passa, você parece fazer mais parte disso.
— No lugar que estamos, nessa situação, não há nada que deixe de ser menos sombrio.