Vazio

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Gojo estava de volta a sala, com todos a observarem. Ele não havia saído dali, apenas entrado na mente de Mia, o que pareceu algumas horas conversando com ela, foram apenas segundos na realidade. Mia ainda estava desacordada, atada pelas cordas na mão, suja e considerada morta por muitos ali.
Gojo volta a se dirigir ao superiores, e explicar o que estava acontecendo, ele tira alguns papéis dos bolsos e joga em cima da mesa dele.

— Não podem acusá-la de ser Michelle Hinokami, quando essa certidão que vocês veem na frente de vocês é da verdadeira Mia, Mia Sanchez, americana, de 22 anos e órfã de pais desconhecidos.

Gojo havia conseguido certificar a certidão de Mia, a falsa que ela usou para entrar na escola, e agora era verídica, já que o pai estava morto e não havia testemunha viva que dissesse que aqueles papéis não eram verdadeiros. Michelle Hinokami, que morreu a muitos anos com o seu clã, era morta mais uma vez ali.

— Não aceito, você pode até apresentar isso, válido ou não, mas não muda o que ela fez, os seus poderes, ela é uma arma poderosíssima contra a humanidade com esse poder que tem dentro dela. Não permitirei que sobreviva aqui em Tokyo.
— Pode ficar tranquilo, ela não ficará aqui em Tokyo.

Megumi, Nobara e Itadori escutavam com atenção as palavras do sensei, para tentar entender onde ele estava tentando chegar.

— Mia está desacordada agora, e por hora vai ficar assim durante alguns dias, ela acordará na américa, longe daqui. Eu apaguei todas as suas memórias, tudo, ela é completamente uma nova pessoa.
— O que? - todos quase que falam em coro uníssono.
— Mia viverá longe daqui, longe de porcos aproveitadores que pregam uma justiça falsa, ela será uma pessoa normal, e você jamais encostará um dedo nela sequer, ou eu mato você, e essa é uma promessa- Gojo diz batendo com força na mesa em frente a eles.

Eles cochicham entre si, alguns parecem concordar que pela objecções feitas por ele e Nanami, aquele castigo de apagar Mia era o suficiente. Por que era um castigo, e Gojo sabia o quanto estava sendo egoista e cruel em pensar nisso. Mas não poderia ver Mia morrer, não poderia permitir que isso acontecesse na frente dele e de todos os colegas. Mia precisava viver, nem que fosse longe dele.

— Não! - Kugisaki grita de seu assento. — Você não seria capaz de fazer isso! Como você pode?

Os meninos estavam tão chocados que mal conseguiam pronunciar palavras, apenas tinham passado por muito até ali, e agora isso.

Nanami aproxima-se e puxa a gola da camiseta de Gojo.

— O que você está fazendo?
— Salvando Mia.
— Você está matando ela! Mia não existirá mais se você fizer isso, ela será uma lembrança na nossa memória, você apagará a história dela? tudo que ela viveu com você? com todos? você é um covarde - Nanami grita com ele.
— Ordem! - Yoshinobu grita batendo na mesa.

Todos se calam, Nanami ainda permanece olhando para Gojo, e o único som em toda sala é o do choro de Nobara.

— Eu a amo, eu não posso deixá-la morrer assim - Gojo diz com um pesar na sua voz olhando para baixo.
— O que acha que Mia diria? porque pra mim, Mia preferiria a própria morte do que esquecer o homem que ela ama. - Nanami larga com força a sua camisa.

Gojo fica parado olhando para o nada, o vazio, pois era assim que estava o seu coração, a sua alma.

— Chegamos a conclusão que estabelecendo todas essas condições, essa é a pena da acusada, seja la qual for o nome dela. - diz um dos juizes.
— Como manterá ela na linha Satoru? você pode tentar apagar a Mia que você conheceu mas, ela ainda tem, a chama do fogo dentro dela.
— Eu a observarei, de perto. Você não precisa se preocupar com isso, apenas em limpar a porra do seu traseiro com o dinheiro que vai fazer com essa cabeça aí. - ele se dirige até Mia ainda desmaiada.
— Sessão encerrada! - Yoshinobu diz mudando de assunto e fingindo ignorar a fala de Gojo.

Alguns se retiram outros estão tão abismados com aquilo que permanecem.

Nobara corre finalmente até Gojo e o empurra.

— Você não tinha o direito! - ela diz chorando e batendo no seu peito.

Gojo permite que ela faça isso, e depois a abraça. Ela chora no seu ombro amargamente, os meninos olhavam com desprezo, mas no fundo sabiam que Gojo só fez aquilo por que a amava muito.
Nanami se retira, também estava mais abalado que qualquer um ali, ele também compartilhou muita coisa com Mia, que agora existiria só na cabeça dele.
Depois todos vão embora, os meninos se despedem de Mia ao abraçá-la, mesmo não estando consciente. Gojo permite que eles façam isso, embora não conseguissem trocar uma palavra com ele.

No fim, mas uma vez estava só os dois sozinhos a sala escura. Gojo tira as correntes sozinho, as amarras, a venda. Segura Mia no colo e leva para uma sala ainda mais triste, uma espécie de necrotério onde mantinham os corpos dos executados.
Gojo pousa Mia sobre uma mesa metálica gelada, observa os seus cabelos de alguém forte, que cortou sem medo para mostrar a sua liberdade, e que os pintou a vida toda para esconder quem era, ele esperava muito que agora ela deixasse de pintar de preto, e deixasse o ruivo vivo assumir. A pele pálida, as sardas escondidas, o boca que Gojo tanto amou sentir, que tanto desejou.

E então ele, o vestido branco, marcado de sangue, era o seu favorito, ela gostava de andar por aí com ele, pois Gojo adorava como ele ficava nela. Ela era como ele, leve e alegre, limpa e viva. Agora estava manchada de dor e sofrimento, mas ainda estava ali, intacta.
Gojo inclina a cabeça para encostar a testa na dela. Estava cansado de chorar, ele se odiava, odiava o mundo ao seu redor, odiava todos, menos ela. Mia foi a única mulher que alguma vez ouviu Gojo dizer eu te amo, e agora ele carregaria a culpa de não ter dito antes para o resto da sua vida. A culpa de ter feito ela achar tantas vezes que ele não se importava.

Gojo segura sua mão, e lembra de quando eram pequenos, quando ele a visitou pela primeira vez, era como se tudo fosse conectado, as mãos, as vidas, os destinos, as histórias.
E se por acaso, eles realmente fossem feitos um por outro, ele haveria de encontrar um jeito.

Sensei | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora