Quadro de vidro

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KEMAL

'Um sonho tão lindo não merecia ter um final!'- foi seu primeiro pensamento.

Franziu o cenho, ainda de olhos fechados. Um peso sobre o ombro o impedia de se mover.

Onde estaria? A mente inconsciente o confundia.

De repente, o perfume suave de lavanda e o calor dos corpos unidos clarearam as lembranças: o fim de noite com Ayla. Tinham adormecido juntos.

Abriu os olhos, admirando a visão encantadora da noiva. Seus olhar deliciado percorreu a imagem do seio perfeito coroado pelo mamilo rosado e do ventre macio, parcialmente coberto pelo lençol.

Seus dedos seguiram o mesmo percurso, suavemente revelando o que o tecido ainda ocultava: os pelos escuros no púbis levemente protuberante, o quadril arredondado aninhado ao seu, uma das pernas torneadas entrelaçada à sua.

A cena era digna de ser eternizada numa pintura e colocada num quadro de vidro.

Sentiu-se quase culpado pela excitação recém-despertada. Quase.

Pelo silêncio, deduziu que ainda fosse cedo. Olhando o relógio, confirmou: nem seis da manhã.

Ainda tinham tempo.

AYLA

Era gostoso demais o toque suave percorrendo sua pele, somado à textura áspera da barba se esfregando em sua barriga.

Emitiu um gemido leve, apreciando a carícia. O som cristalino do riso manso ecoou no silêncio do quarto. Não ousava se mover, para não correr o risco de acabar com a mágica sensação de ter Kemal ali, começando o dia de um jeito todo especial.

Despertar com o homem amado era maravilhoso. Abriu os olhos, enfim, encontrando o olhar penetrante.

-Günaydın, tatlım. - o timbre de voz daquele homem era suficiente para deixá-la em chamas.

-Günaydın, hayat ...- esfregou os olhos, erguendo-se- Que horas são? Tenho que preparar o café da manhã!

A mão firme a deteve.

- Calma, amor...é cedo, ainda.- o olhar malicioso percorrendo seu corpo fez com que se recostasse novamente, puxando-o pra perto.

O som da risada rouca provocou-lhe um arrepio, enquanto Kemal distribuía uma série de beijos delicados em seu pescoço. Seus dedos percorreram a cabeleira dourada descendo em direção ao rosto, puxando de leve os pelos da barba que tanto a enlouquecia.

- Benim sadece...- ele sussurrou em seu ouvido, recostando a cabeça sobre seus seios. Ela se deliciava, totalmente entregue às carícias que ele fazia. Subitamente a mão grande se deteve, apertando de leve sua barriga.

- Eu posso te contar o que eu sonhei essa noite, amor? - ele sorriu tímido.

Sacudiu a cabeça, efusivamente. A expressão no rosto de Kemal despertou sua curiosidade.

O dedo indicador longo, agora desenhava espirais em torno de seu umbigo.

- Nós estávamos na cozinha... você tinha acabado de me contar que estava grávida...eu fiquei tão feliz, que me ajoelhei para te abraçar. Nene entrou e nos surpreendeu, assim. Ficamos os três, emocionados...então, a imagem mudou e eu me vi correndo atrás de uma menininha de cabelos castanhos. Estávamos num canteiro de flores...ela tinha os seus olhos, Ayla.- ele girou o rosto, encontrando o seu olhar marejado.

A medida em que ele descrevera a cena, a emoção a consumira. Era o mesmo sonho de Nene, com exceção do final. Kemal tinham narrado a imagem que a avó descrevera há um tempo. As lágrimas vieram, sem que pudesse evitar. Ele a abraçou forte, se desculpando.

- Eu não queria te deixar triste, meu amor! Desculpa...

Percebendo a aflição do noivo, explicou.

- Eu estou chorando de felicidade, Kemal! - e contou a ele a coincidência dos sonhos - a única diferença é que você..você viu a nossa menininha, amor...

Ele depositou um beijo doce em seus lábios.

- A nossa menininha! - ele acariciava sua barriga, sem parar. A visão do sorriso doce de Kemal aquecia seu coração. - Amor... a gente não precisa esperar muito pra que ela venha, não é?

Afastando o lençol, deixou à mostra o corpo nu, provocando-o.

- Não, desde que o papai dela me namore muito.

Ele acomodou-se, excitado, entre as suas pernas, enchendo-a de beijos.

-Essa vai ser a parte mais gostosa, minha namorada linda...

E se renderam, satisfeitos, à paixão.

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