KEMAL
- Até que seguir as tradições tem suas vantagens, não é? - Narin sorria, enquanto agitava a pequena combinação rendada diante de seus olhos.
Estavam numa loja de lingeries comprando as peças que daria de presente à noiva. Esse era um costume que o agradava por demais.
- E como, Narin!- tocou o tecido delicado, imaginando a noiva vestindo a peça.
- Você sempre gostou dela, não é verdade, Kemal?
- Sempre. Confesso que, mesmo sem nunca ter revelado a ninguém, eu imaginava que ficaríamos juntos algum dia.
Ela piscou, mordendo o lábio sorridente.
- Você me fez lembrar uma expressão que Nene sempre usa: "o destino não faz curva...'
Finalizada a escolha dos conjuntos e camisolas, pediu à atendente que embalasse tudo. Naquela manhã, ele e a prima de Ayla se dedicavam às compras para a 'Kina Gecesi'- a noite da Henna- que aconteceria na véspera do casamento. Era costume que o noivo aproveitasse a ocasião para comprar o enxoval íntimo da noiva, enquanto ela faria o mesmo. Ele convidara Narin para ajudá-lo. Ayla contava com a ajuda de Nene e de Banu, a amiga vocalista da banda, de quem tinha se reaproximado após o reencontro.
Assim que saíram do centro comercial, foram à casa de banhos para agendar o 'Hamam' especial para o dia do casamento. A que escolheu para a ocasião, pertencia a um conhecido de seu pai. O homem ficou tão feliz com a notícia, que agendou tudo sem cobrar nada. Era seu presente aos noivos.
Narin parecia encantada, rindo das brincadeiras do senhor que o tratava como se ainda fosse um menino. Sentia-se satisfeito em poder proporcionar-lhe alguma distração. A moça vinha se mostrando uma boa companhia, ajudando nos preparativos. Ayla a escolhera como testemunha na assinatura dos papéis.
Ao deixarem o lugar, sentiu o estômago roncando.
- Vamos comer alguma coisa, Narin?
Ela concordou. Sentaram-se em um bar, pedindo kebab e ayran para um lanche rápido. Ainda faltava escolher o vestido vermelho que Ayla usaria na noite da Henna e ele precisava voltar para o distrito. Conseguira a permissão de uma semana após o casamento. Não queria abusar da boa vontade da chefia.
Narin continuava falante, tecendo comentários sobre as compras e lembrando casos engraçados dos antigos casamentos da comunidade.
- Eu me lembro do dia em que você se casou , Narin.- comentou- Você estava linda.
Um meio sorriso se desenhou no rosto dela.
- Linda e triste, Kemal. Não que o meu marido tenha sido ruim, mas eu gostaria de ter me casado por amor.
- Você foi uma das últimas a se casar por acordo, não foi?
Ela confirmou.
- Na verdade, a última. Pouco tempo depois, os pais de Ayla morreram - o semblante carregado entregava o pesar pela lembrança- a única coisa boa que ficou daquela desgraça, foi o fato de que os anciãos aboliram esse costume no nosso grupo.
- Narin, você estava lá naquela noite?
- Sim. Eu tinha pouco tempo de casada. A família do meu marido tinha permanecido no acampamento, mesmo depois do fim do festival. Eu me lembro bem da confusão causada assim que Tarik anunciou o que tinha acontecido...
Ele franziu o cenho. O que Tarik tinha a ver com a morte dos pais de Ayla?
- Ele também estava lá?
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O anjo protetor
RomantikO serial killer faz mais uma vítima. Kemal Aslan, investigador da polícia, segue determinado a solucionar o caso. Enquanto isso, Ayla Nehir decide fazer as pazes com o passado retornando às origens. Três destinos que se cruzam. Três vidas sujeitas à...