O serial killer faz mais uma vítima. Kemal Aslan, investigador da polícia, segue determinado a solucionar o caso. Enquanto isso, Ayla Nehir decide fazer as pazes com o passado retornando às origens. Três destinos que se cruzam. Três vidas sujeitas à...
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O cheiro de lavanda impregnava o ar. Recostada na almofada macia que tia Alide insistira que trouxesse para o piquenique, ela apreciava o momento: o sol do fim de tarde era uma carícia para a pele estendida de sua barriga.
Se os cálculos que fizera estivessem certos, em cerca de duas semanas teria nos braços o seu pequeno Nuri. Naquele momento, o bebê se mexia inquieto, tentando se acomodar melhor no pouco espaço que ainda lhe restava.
- Está gostando do calor, meu príncipe? - acariciou a barriga, pensando na beleza do nome escolhido. O significado 'minha luz', a tinha convencido de vez a homenagear o avô paterno dando-lhe aquele nome. Kemal ficara muito emocionado ao descobrir que teriam um menino e mais ainda quando ela decidira dar ao filho o nome de seu pai.
- Anne! O ursooooo! - ouviu os gritos da filha que vinha correndo em sua direção por entre os ramos altos das flores de lavanda, sendo seguida pelo pai que simulava uma perseguição. Abriu os braços para receber a menina, fingindo ralhar com o marido.
- Deixe a minha boneca em paz, seu urso feio!
Ele colocou a mão sobre o coração, respirando com dificuldade.
- Você tem coragem de me chamar de feio, mulher?
- Baba é 'bonitão', anne!- saindo do seu abraço, Atiye se jogou nos braços do pai.
- Traidora!- fingiu estar ofendida, mas não resistiu à risada quando a filha repetiua forma carinhosa como Nene chamava Kemal. A menina era uma defensora ferrenha do pai e, ao mínimo sinal de ataque, se inflamava em defendê-lo.
- Amor - ainda respirando com dificuldade ele apontou a cesta térmica - tem alguma bebida gelada? Correr atrás dessa menininha me deixou em chamas.
Ela pegou a garrafa de suco de maça, servindo a filha e, em seguida, o marido.
- Em chamas, é, Kemal?- não resistiu à provocação.
Antes de responder, ele observou a filha distraída com uma boneca, enquanto bebia o refresco. Aproximando o corpo grande do seu, passou-lhe a mão pelas costas e alcançou sua barriga, prendendo-a firme. Colando a boca em seu ouvido, respondeu:
- Você está sendo cruel comigo nesses dias, sabia? - olhou para o ponto entre as pernas onde um volume começava a se insinuar- não me provoque... eu não aguento.
Rindo da cara de coitado do marido, beijou-o de leve nos lábios.
- E quem disse que precisa aguentar? - o marido se tornara super protetor nos últimos dias, talvez assustado pelo estágio final da gravidez. – caso tenha se esquecido, Kemal, fazer amor nessa fase é recomendável! Pode até ajudar no trabalho de parto, lembra? Desde que a gente não cometa nenhum exagero! É algo a ver com a produção de ocitocina..
Ele riu, achando graça de sua empolgação.
- Sério, amor! Nene e tia Alide se ofereceram para ficar com Atiye para a gente aproveitar um pouco. Vamos jantar fora e namorar! Quando o bebê nascer, você já sabe, não é?
A lembrança do período do resguardo fez com que ele franzisse a testa. Já considerava a batalha vencida, quando Kemal fez uma última pergunta:
- E elas vão ficar a noite inteira com a menina?
- Kemal!- ele não querer ficar longe da filha era ótimo, mas daí a perder a oportunidade de estarem juntos antes do bebê nascer, já era demais para sua paciência.
- Hayatim, eu quero ficar com você, lógico! Mas... e se ela acordar de noite sentindo nossa falta?
Ela fez um bico e cruzou os braços, irritada. Diante de sua expressão contrariada, o marido finalmente cedeu.
- Tudo bem! Vamos deixar Atiye com Nene e...
Atiye, que se mantivera quietinha até o momento, resolveu se manifestar.
- Eu quero Nene! Eu quero ficar com Nene!
Acabaram caindo na risada. O olhar apaixonado do marido enquanto erguia nos braços a filha, encheu-a de amor. Recolheram as sobras de alimentos e juntaram os pertences, caminhando lentamente até o carro.
No percurso, deixou a janela do carro aberta para aproveitar o ar fresco e perfumado. Admirava as luzes avermelhadas do por do sol refletido no tom lilás e verde dos campos, quando sentiu a mão de Kemal pousando sobre seu ventre. O bebê fez um pequeno movimento, como se sentisse a presença do pai. Aproximou-se, encostando a cabeça sobre o ombro forte.
Emocionada, lembrou-se de tudo que tinha acontecido em sua vida desde a noite em que tinham trocado o primeiro beijo em Milão, até o momento em que tinham se visto livres da figura louca e obsessiva de Tarik.
Ao lado do único homem que amava, na companhia da filha e do filho em seu ventre, teve a certeza de que a mão de Deus- em algum lugar no tempo- escrevera a sua história, determinando que ela também fosse 'a mulher mais feliz do mundo'. Fez uma prece silenciosa de Gratidão e, acariciando a mão sobre seu joelho, agradeceu ao marido por tanta felicidade.
- Obrigada por me dar os melhores momentos da minha vida, Kemal! Eu te amo. Muito.
Retribuindo o olhar carinhoso, ele respondeu:
- Eu também te amo, Ayla. Com todo o meu coração.
Naquela noite, apesar de terem se amado com todo cuidado possível, Ayla sentiu as primeiras contrações.
E, ao amanhecer do novo dia, no hospital maternidade do vale de lavanda, nasceu o mais novo membro da família Aslan.