Camila
Patética, foi como me senti ao ter minha presença praticamente ignorada por Shawn enquanto dormia no quarto ao lado. Tudo bem que não tinha outra coisa que eu pudesse fazer depois de ter ficado do lado de fora da minha própria casa, mas poxa, ele tinha que agir daquele jeito? Dormi nua em uma tentativa inútil de provocá-lo e me senti humilhada quando percebi que Shawn não deu a mínima. Ele agiu como se eu fosse uma simples hóspede e não a mulher que tinha passado a vida correndo atrás dele e com quem ele passou uma noite tórrida há poucos dias. Que ódio! Mas foi bom, porque sua indiferença não deixou que eu me sentisse culpada por ter ficado com Miguel. Se tivesse sorte, Davi comentaria com ele o que havia acontecido e assim ele se daria conta do que estava perdendo. Aproveitei o sábado para remoer a raiva que estava sentindo. Em um dos meus poucos minutos de lucidez, liguei para minha mãe e avisei que estava com uma puta ressaca e iria almoçar com eles apenas no dia seguinte. As horas que passei enfiada em meu quarto serviram para refletir sobre o que estava fazendo comigo mesma. Desde que voltei de Boston, minha vida se resumia a pensar em Shawn. Já não reconhecia mais a mulher que passou quatro anos namorando e aproveitando a vida... Toda a estabilidade emocional que havia conseguido, se dissipara e eu tinha voltado a me sentir um cachorrinho perseguindo um carro que ele sabe que nunca vai alcançar, e mesmo que alcance, nunca vai conseguir dirigir. Desde a nossa noite juntos, o Shawn sempre tão acessível para outras pessoas, mal me oferecia alguns minutos de sua atenção e isso me magoava, uma vez que antes daquela noite, ele se derretia em sorrisos e atenções. Então me lembrei que homens eram assim mesmo, mudavam da água para o vinho depois que conseguiam o que queriam. Pela primeira vez em muitos dias, fui dormir sem olhar se o carro dele se encontrava na garagem, ou se havia ou não luz acesa em seu quarto. Estava na hora de criar vergonha na cara e começar a viver sem dar importância ao que acontecia do outro lado do muro. Claro que isso requereria tempo, mas eu tinha colocado na cabeça que daria um jeito de superar Shawn. E se isso não acontecesse, haveria duas opções: ou eu o atacaria, sem lhe dar chance para fugir novamente e veria o que ele faria com isso, ou iria embora do Brasil novamente, mesmo sabendo que isso magoaria meus pais. No domingo à tarde, Miguel mandou mensagem perguntando se não queria ir ao cinema com ele. Com minha raiva ainda no auge, aceitei e não me arrependi. Ele me pegou em casa por volta das 19h e nos levou a uma lanchonete que tinha sido inaugurada há poucos dias. Depois do lanche delicioso, fomos para o cinema e escolhemos uma comédia que me fez esquecer completamente de Shawn. Dessa vez, deixei que meu acompanhante me levasse para casa. Ele estacionou em frente ao meu portão por volta das 23h e ficamos nos pegando por quase uma hora. Confesso que por muito pouco não o convidei para entrar e deixei que rolasse o que ele tanto queria, mas eu ainda não estava pronta e, mais uma vez, Miguel entendeu, especialmente depois de lhe garantir que ele tinha salvado o meu final de semana. Quando cheguei ao meu andar na segunda de manhã, havia um amontoado de funcionárias perto dos elevadores, todas olhando em direção a recepção. Dei bom dia a todas, com a testa franzida diante da cena peculiar, e minha presença fez o grupo se dispersar. Nessa hora, Sandra, que estava entre elas, foi ao meu encontro.
— Qual o motivo da agitação da mulherada? — perguntei a ela.
— O novo funcionário da empresa. Se o tivesse visto, entenderia essa empolgação — afirmou, me fazendo levantar as sobrancelhas em descrédito.
— É sério, posso te afirmar que o Sr. Shawn terá uma grande concorrência a partir de agora. Olhei mais uma vez em direção à recepção e pude ver o rapaz que se levantara para falar com meu pai. Ele estava de costas para mim, por isso não enxergava seu rosto, mas dava para notar que tinha um belo porte.
— Como é o nome dele? — continuei com o interrogatório.
— Rodrigo Alencastro. Assenti e não fiz mais perguntas, pois tínhamos chegado à recepção. Assim que entramos em seu campo de visão, Rodrigo se virou para nós e pude perceber o motivo do burburinho da mulherada; o novo contratado era um gato. Dentro de um jeans escuro e um suéter cinza ajustado, era possível ver, nitidamente, que seu corpo alto e esbelto era bem trabalhado. Quando ele sorriu para meu pai, ficou ainda mais bonito, pois era o tipo de homem que sorria com os olhos. Queria continuar minha avaliação, mas já estava perto demais para cometer tal indiscrição. Ao me ver, papai abriu um largo sorriso e exclamou, alegre:
— Ah, aqui está ela.
— Bom dia — falei, sem graça diante da animação de meu pai, entretanto, fiquei perdida nos olhos cor de mel do desconhecido à minha frente.
— Esta é a Camila, minha filha sobre quem lhe falei. E este é Rodrigo Alencastro, ele irá fazer alguns trabalhos e supervisionar o setor de TI — papai falou e estendi a mão.
— Muito prazer, Rodrigo. Seu cumprimento foi firme, acompanhado de um sorriso contido. O rapaz lembrava bastante o Oliver Queen da série O Arqueiro. Na época que morei em Boston, tive o prazer de cruzar com o ator em um restaurante badalado, mas nunca imaginei que algum dia seu sósia trabalharia em nossa empresa. Meu pai tagarelou por quase dez minutos, falando sobre a genialidade de seu novo funcionário na área da informática. Rodrigo era formado em Tecnologia da Informação e parecia ter uns trinta anos. Ele tinha sua própria empresa que prestava serviços para várias outras e não trabalharia na Albrandaz a semana toda. Na verdade, só estaria presente nas próximas semanas devido ao novo sistema que seria instalado, mas depois, apenas daria suporte ao nosso TI, aparecendo apenas para fazer a manutenção ou quando houvesse algum problema. Pelo menos foi o que entendi, pois a verdade é que não me ative muito aos detalhes, perguntaria tudo ao meu pai depois. Fui para a minha sala e apenas quando saí para almoçar foi que percebi que não tinha visto nem sinal de Shawn circulando pela empresa. Também não ouvi ou senti a presença dele na sala ao lado. Aquilo me intrigou, pois quando havia alguma reunião, interna ou externa, Sandra me falava para que eu ficasse a par do que estava acontecendo. Pensei em perguntar a ela, mas depois desisti, precisava começar o meu “desmame” ali, onde tinha a possibilidade de vê-lo com mais frequência. Por volta das 16h30, Rodrigo bateu em minha porta pedindo permissão para configurar um novo programa em meu computador. Assim que ele se acomodou em minha cadeira, pensei em deixá-lo sozinho e encerrar o expediente mais cedo, mas então lembrei-me de que não teria nada de interessante para fazer em casa e resolvi ficar por ali mesmo. Enquanto trabalhava, Rodrigo me explicava o que estava fazendo. Eu não era tão leiga assim no que se referia a computadores etc., mas devo confessar que só entendi metade do que ele falou. Até porque fiquei reparando na agilidade e intimidade que ele demonstrava ter com a máquina. Seus longos dedos digitavam com uma velocidade extraordinária, com olhos fixos na tela do computador, enquanto nomes e números que eu não tinha a menor ideia do que seriam, apareciam em uma tela escura. Quando o assunto acabou, resolvi ir pegar um café e fiquei perambulando pela sala. De soslaio, vi Rodrigo desviando os olhos do computador algumas vezes para me fitar, mas ele não disse absolutamente nada, até que focou sua total atenção ao trabalho, parecendo se esquecer que eu estava ali. A forma como me ignorou me fez lembrar de um certo vizinho e fiquei imaginando se talvez não tivesse alguma predisposição a ficar atraída por homens que não davam a mínima para mim. Então me lembrei de Miguel e vi que aquilo não era verdade. Meu “ficante” era tão gato quanto aqueles dois, além de muito gostoso e atencioso. Sorri ao me lembrar que ele havia mandado uma mensagem de manhã desejando bom dia. Era um fofo.
— Prontinho, Camila, pode voltar ao trabalho — Rodrigo falou e seafastou da minha mesa.
— Obrigada. Agora, você explicou o que estava fazendo, mas não a função desse programa que foi instalado. Ele sorriu ligeiramente e, com extrema paciência, explicou que meu pai estava trocando todo o sistema de comunicação interna da Albrandaz, porque o antigo estava dando muito problema. O novo, criado por sua empresa, interligaria as informações de forma mais ágil e tinha um layout mais prático, facilitando a vida de todos os funcionários e setores. Ao final de sua explicação, olhei o relógio do telefone e vi que faltavam 20 minutos para o final do expediente. Apesar de não ter nada para fazer, resolvi ir embora, tentaria dormir mais cedo para me recuperar do final de semana. Continuamos conversando enquanto seguíamos para fora da minha sala e encontramos meu pai em frente à mesa de Sandra, acompanhado por Shawn. A secretária não disfarçou o ar apreciativo quando viu Rodrigo, já Shawn, não pareceu gostar muito, uma vez que fechou a cara após analisar o rapaz.
— Bem na hora. Shawn, este é Rodrigo Alencastro, o rapaz de quem te falei — papai disse e seu sócio o cumprimentou com certa frieza, o que não era característico dele. Eles conversaram brevemente, apenas o tempo necessário para acertar que, no dia seguinte, o trabalho seria no computador de Shawn e as máquinas dos chefes de setores seriam as próximas. Rodrigo pediu licença e foi pegar suas coisas, mas chegou a tempo de entrarmos todos juntos no elevador, o que deu ao meu pai mais alguns minutos para encher o rapaz de elogios. Ele, que parecia acostumado à bajulação, falou sobre sua pequena empresa e o sonho de produzir sistemas cada vez mais eficientes. Quando chegamos ao estacionamento, cada um foi para o seu carro, mas antes de entrar no seu, papai fez questão de convidar Shawn para jantar. Eu, sinceramente, preferia não ter que me encontrar com ele novamente, mas já havia combinado com minha mãe de passar lá para lhe dar um beijo. No domingo eu almocei com eles, mas ela reclamou que não fiquei tempo suficiente para que “me curtisse, então não poderia fugir. Enquanto papai falava, Shawn me encarava com cara de poucos amigos, sem se preocupar em disfarçar. Isso me fez suspeitar que Davi tinha dado com a língua nos dentes e contado sobre a cena que presenciara na boate. Saímos do estacionamento no mesmo horário, mas como não pretendia ficar para jantar, passei na padaria e comprei algumas coisas, chegando cerca de vinte minutos depois deles. Fiquei com minha mãe até ela terminar de preparar o jantar, aproveitando, como sempre, para observar tudo o que ela fazia, então dei boa noite a todos. Claro que não foi fácil sair de lá, pois tanto mamãe quanto papai acharam um absurdo eu ir embora sem comer, mas inventei que estava com um pouco de dor de cabeça e acabei os convencendo. Enquanto me despedia, Shawn voltou a me olhar com ar fechado. Se fosse para adivinhar, diria que ele estava curioso para saber o motivo de minha saída repentina, mas não fez qualquer comentário. E mesmo que ele tivesse falado alguma coisa, não faria diferença; não deixaria mais que ele continuasse me vendo como uma idiota correndo atrás dele. Pois, no fundo, era exatamente assim que ele me via, porque foi o que fiz por tantos anos, e não agiria mais assim. Minha cabeça já tinha entendido que se ele estivesse interessado em mim, não me trataria com tanta frieza, era hora de o meu coração deixar de ser trouxa. Cheguei à minha casa alguns minutos depois. Passei pela cozinha para guardar as compras que havia feito na padaria, e subi para o meu quarto, estava louca por um banho. Havia acabado de passar meus cremes diários, quando meu telefone tocou com uma ligação de Karen. A princípio pensei em ignorar a chamada, achando que Shawn talvez tivesse lhe falado algo, mas depois desisti, não tinha problema algum conversar com ela sobre isso, se fosse o caso.
— Alô.
— Oi, Camila, como você está, minha filha?
— Muito bem e você?
— Ótima também. Estou ligando porque queria te pedir um favor.
— É só pedir — falei, prontamente, e ela riu um pouco.
— Meu aniversário está chegando e queria muito que me ajudasse com os preparativos.
— Já pensou em alguma coisa? Saí do banheiro, sentei-me na minha cama e puxei as pernas para cima do estofado a fim de escutar o que ela tinha em mente.
— Pensei em fazer algo no salão de festas do condomínio mesmo; a maioria das minhas amigas vive na cidade e seria muito egoísmo de minha parte fazê-las irem até a fazenda, a não ser que eu tivesse acomodação para todas.
— Ótima ideia, e que tipo de festa está pensando em fazer?
— Algo simples, Camila, mas com boa comida e música. O que sugere? Karen era uma mulher alegre, então não foi difícil pensar em alguma coisa legal.
— Que tal uma noite mexicana, podemos contratar um restaurante especializado e músicos que tocam Mariachi, acho que vai ser bem animado.
— Ah, meu Deus! Amei a ideia e adoro comida mexicana, só não me faça beber tequila.
— Mas posso contratar um tequileiro? — perguntei, animada.
— Claro que pode, de preferência o mais bonito da cidade. Gargalhei com o pedido dela e fiquei imaginando que talvez não fosse uma má ideia. Anotei tudo o que Karen queria em sua festa e prometi que durante a semana providenciaria tudo.
— E como estão as coisas com Shawn, agora que ele está solteiro? Sabia que ela não iria desligar sem antes perguntar alguma coisa sobre esse assunto.
— Tudo na mesma, Karen. Eu não existo para o seu filho.
— Não fale assim. — Mas é a verdade, parecemos dois estranhos. Acho que ele está abalado demais para quem já queria terminar esse relacionamento.
— Besteira, meu filho está aliviado de ter se livrado daquela mulher.
— Você deve conhecê-lo melhor do que eu, mas a meu ver, ele tem uma forma bem estranha de demonstrar alívio. De qualquer forma, tanto faz, estou cansada de esperar por ele. Antes achava que o problema era nossa diferença de idade, depois o fato de ele estar com a Fernanda, mas a verdade é que Shawn não gosta de mim da mesma forma que eu dele e está na hora de me conformar. Preciso tocar minha vida, Karen.
— Não, Camila, eu sei que ele gosta de você!
— Ele não se importa, Karen, e não vou mais me humilhar declarando um amor que jamais será correspondido. Quando um homem quer uma mulher, ele vai atrás dela, independentemente de qualquer coisa, pelo menos, foi o que ele me falou uma vez. Se essa regra não valeu para mim, então é porque ele não me ama. Silêncio.
— Bom, não vou pressioná-la para ir atrás dele, porque acho que você já lhe deutodas as chances, mais até do que eu mesma faria. Não é justo que continue sofrendo por causa de um homem, mesmo que ele seja meu filho. Então, faça o que achar melhor, e saiba que sempre estarei ao seu lado torcendo por sua felicidade. Até porque, demonstrar indiferença e interesse por outro, talvez surta mais efeito no caso daquele cabeça dura. Tive que rir novamente. Ela sempre daria um jeito de nos juntar. Desde que o mundo era mundo, os homens iam atrás do que queriam com afinco, mas depois de conseguirem o que queriam, mudavam completamente, e com Shawn não foi diferente. Desde que voltei de viagem, ficou nítido que ele me desejava, mas depois que seu desejo foi saciado, não havia motivo para que ele lutasse por nós. Se não tivesse ido com tanta sede ao pote, Shawn ainda estaria na vontade e as coisas poderiam ter tomado caminhos diferentes. Porque foi entregar o ouro ao ladrão, sua burra? Ah, que ódio! Em meio à minha pequena crise, senti meu estômago revirar de fome. Voltei ao andar de baixo, preparei um sanduiche, servi um copo de suco e voltei para o meu quarto, pretendia ver uma série enquanto comia, aconchegada aos lençóis macios da minha cama. Foi só colocar o prato e o copo sobre o criado mudo, que minha campainha tocou, fazendo meu coração dar um pequeno salto. Revirei os olhos e dei uma mordida no sanduiche antes de ir atrás de um robe para cobrir minha camisola; tinha certeza de quem estava ali. Já devidamente coberta, tomei um gole do meu suco, desci as escadas sem pressa, mas senti meu coração acelerar um pouco mais quando vi a silhueta de Shawn através do olho mágico. Abri a porta com cara de paisagem, sem demonstrar a curiosidade que estava sentindo por sua visita repentina. Antes que eu pudesse perguntar algo, ele passou por mim, bateu a porta e pressionou meu corpo contra ela, pegando-me completamente desprevenida.
— Quem é Miguel? Você está dormindo com ele? Arregalei os olhos para sua pergunta, não achei que ele seria tão direto assim, mas o homem parecia tomado de ódio e eu simplesmente adorei.
— E se estiver? — provoquei, para ver onde aquela conversa iria dar.
— Não brinque comigo, Camila — ele falou em tom ameaçador e segurou meu queixo com certa força, como se quisesse me subjugar. Aquilo me inflamou e respondi de forma ríspida:
— Não estou brincando com ninguém. Eu e você nunca tivemos qualquer compromisso, Shawn, então não venha falar comigo como se tivesse direitos. Seus olhos se estreitaram e percorreram meu rosto, parecia estar pesando minhas palavras, para ver se eram verdadeiras.
— Você é minha... — ele disse em um tom exasperado, mas pude perceber um pouco de angústia ali. Ele abaixou o rosto e cheirou meu pescoço, a barba crescida fazendo minha pele se arrepiar e meu corpo amolecer. Sempre sonhei com momentos como aquele, mas não daquela forma, não apenas porque ele estava com ciúme. Shawn tinha que me querer, tanto quanto eu a ele, independentemente de qualquer coisa.
— Não mais... — falei, com alguma dificuldade, virando o rosto para fugir de seu toque.
— Sempre foi e sempre será... — ele garantiu, num rosnado gutural, atacando minha boca em seguida. Eu juro que tentei resistir ao máximo e ser forte. Cheguei a me debater para afastá-lo, mas foi inútil, meu corpo era um traidor e o desejava com tudo de si. Shawn me beijou longamente, sua língua entrando em todos os cantos da minha boca enquanto uma mão subia por dentro da minha camisola, e seu quadril me pressionava, evidenciando com muita clareza o tamanho de sua excitação. Quando ele estava prestes a tocar meu seio, um fio de razão me invadiu. Se eu cedesse, as coisas continuariam iguais e ele nunca iria me assumir. Juntando o máximo de força que consegui, separei nossas bocas e consegui empurrá-lo para longe.
— Não, Shawn. Assim eu não quero — afirmei, afastando-me dele. Ele passou as mãos pelos cabelos e depois pela barba, sempre fazia isso quando estava nervoso. Aproveitei seu momento de distração e abri a porta.
— Por favor, saia — pedi, sem olhar para ele.
— Camila... — ele ainda tentou, mas não tinha argumentos, então se calou.
— Enquanto você não decidir o que quer da vida, sugiro que me deixe viver, não sou um brinquedo que você pode usar quando quiser e depois devolver para a caixa. Minhas palavras o atingiram em cheio, pois ele pareceu meio atordoado ao ouvi-las, mas logo depois passou por mim, bufando feito um touro bravo. Tranquei a porta, encostei-me nela e depois escorreguei até chegar ao chão, minhas pernas ainda estavam moles pelo beijo arrasador de Shawn. Um sorriso travesso surgiu em meus lábios quando me dei conta de que deixar meu homem morrendo de amores por mim, talvez fosse mais fácil do que eu pensava.
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