Camila
Acabei dormindo a viagem quase toda, enquanto Shawn lia um livro chato sobre mineração de bitcoin. Ele adorava tudo que envolvia a criptomoeda, mas não tinha ideia de como ele havia aguentado ficar tanto tempo acordado. Chegamos a Singapura já de noite e senti o corpo reclamar das intermináveis horas de voo, mas todo o cansaço foi vencido pela beleza e modernidade do aeroporto Changi, que estava entre os maiores e mais importantes da Ásia.
— Isso aqui é surreal — falei enquanto admirava o jardim cheio de borboletas localizado dentro do complexo.
— Tem uma piscina no teto, cinema 24h e um lago com peixes de verdade — Shawn informou. Caminhamos em direção à saída, mas minha vontade era de ficar ali, admirando aquela preciosidade. Já tinha lido bastante coisa sobre Singapura, mas nada se comparava a ver de perto, aquele aeroporto tinha ganhado meu coração. Pegamos um taxi que nos levou até o hotel. Mesmo estando escuro, ainda foi possível ver vários dos edifícios contemporâneos que existiam ali, o que me deixou ainda mais louca de vontade de ver todas as paisagens de tirar o fôlego que eu vira apenas pela internet.
— Já esteve aqui antes? — perguntei a Shawn quando entramos no quarto de hotel, que era incrivelmente moderno e suntuoso, como tudo naquele lugar. Imaginei que deveria custar uma fortuna.
— Sim, duas vezes e uma delas com seu pai. Duas vezes, sendo uma com meu pai, mas e a outra, com quem foi? Todas as minhas células gritaram o nome de Fernanda e aquilo me chateou. Era incoerente, afinal, nada do que Shawn fez antes de estar comigo interessava, o importante era como seria dali em diante, mas eu tinha tanto ciúme, que até o fato de ele ter viajado com ela, me incomodava. Olhei para ele, que havia colocado a mala sobre a cama e estava separando algumas coisas e disse a mim mesma que de forma alguma iria estragar nossa primeira viagem com brigas desnecessárias. Eu não era a Fernanda, obcecada e insegura e não agiria como tal. Fui até a sacada e dei uma olhada na cidade toda iluminada.
— Meu Deus, como é lindo! Estou enlouquecida com esse lugar.
— Eu sei — ele falou, me abraçando por trás e descansando a cabeça em meu ombro.
— Singapura se transformou em uma potência mundial em menos de um século. Tem muita coisa interessante para você conhecer, então, vamos tomar um banho e descansar, porque amanhã quero te mostrar tudo. Virei-me para o meu homem e o beijei, morrendo de amores e felicidade por estar longe de tudo e todos, podendo viver intensamente dentro da nossa bolha. Shawn também parecia nitidamente feliz com nosso relacionamento. Mesmo com o fantasma de Fernanda o rondando, não deixou de demonstrar o quanto me queria ao seu lado e aquilo apenas fazia com que eu o desejasse mais. Mas não naquela noite. Eu precisava descansar o máximo possível para poder aproveitar tudo o que ele havia planejado me mostrar. Além do mais, Shawn devia estar super cansado também, tanto que sequer cogitou, apenas me puxou para que fôssemos tomar banho e depois se deitou atrás de mim, adormecendo logo em seguida. Na manhã seguinte, entretanto, acordei com sua mão no meio das minhas pernas.
— Você é muito tarado — resmunguei, a voz enrouquecida pelo sono.
— Quem manda ser tão gostosa, ter o corpo tão perfeito. Sorri, ainda de olhos fechados. Desde que coloquei na cabeça que iria me casar com Shawn , passei a ter uma vida mais saudável. Eu devia ter uns treze anos e ficava admirando os corpos bem feitos das mulheres com quem ele costumava sair, desejando poder ser como elas um dia. Mas como ainda era muito nova, foquei apenas na alimentação até que, aos quinze anos, iniciei os exercícios. Apesar de magra, sempre tive curvas, que foram muito bem desenvolvidas pelos exercícios que fazia todos os dias. Mas não havia neura, eu entendi que aquele estilo de vida era o melhor para minha saúde e por isso não me enchia de fast food, apesar de não dispensar sanduiche ou algumas fatias de pizza de vez em quando. Todo meu esforço do passado estava valendo a pena, já que Shawn não conseguia manter as mãos longe do meu corpo.
— Ei, pode parar, eu quero conhecer a cidade. — Tentei me afastar, mas ele me puxou de volta para a cama.
— Sério que vai me deixar assim? — ele disse com o peito colado nas minhas costas e esfregando o pau incrivelmente duro em minha bunda. Homens eram carnais, gostavam de sexo a qualquer hora do dia e desde que comecei a “namorar”com Shawn, sentia a mesma coisa.
— Hum, tudo bem, vou dar um jeito no seu probleminha, não quero as mulheres de Singapura desejando meu homem pela rua — falei com uma voz bem angelical e ele soltou uma gargalhada, antes que eu me enfiasse embaixo das cobertas. Quando toquei a língua na cabeça do seu pau, senti suas coxas tencionarem. Eu nunca gostei muito de fazer sexo oral em outros homens, mas com Shawn era totalmente diferente, eu adorava proporcionar prazer ao meu homem e sentia tanto prazer quanto. Em dez minutos de brincadeira, ele se despejou em minha boca. Confesso que, mesmo sendo Shawn, engolir porra não era algo lá muito legal e Shawn nunca me pediu que o fizesse, mas de vez em quando eu abria mão, só para sentir o olhar apaixonado que ele me lançava sempre que isso acontecia. Depois de um banho revigorante e um desjejum maravilhoso, saímos do hotel e ganhamos as ruas de Singapura. Havíamos combinado de ir à feira de engenharia somente no terceiro dia de viagem, quando aconteceriam as palestras de engenheiros premiados, e essa era a única parte que Shawn desejava ver. Então, eu estava com meu roteiro pronto e louca para iniciar nossa aventura. Iríamos começar o dia visitando a City Gallery. Eu havia ficado louca pelo lugar quando estava procurando possíveis passeios para fazermos quando chegássemos à cidade. Nessa galeria interativa, a pessoa conhecia mais da história do local e tinha acesso a mapas por região. A melhor parte estava numa maquete enorme, que era nada mais, nada menos, que uma projeção futurística do país 100 anos adiante. Singapura avançou rápido num curto espaço de tempo e eu acreditava que o planejamento que tiveram contribuiu muito para que ela se tornasse o que era hoje. Sem contar que a corrupção era quase inexistente por ali, bem diferente do Brasil com seus políticos, provenientes de vários partidos, que só pensavam no próprio nariz e não no desenvolvimento do país e bem-estar de seu povo.
— Está gostando? — Shawn perguntou enquanto almoçávamos.
— Estou amando, temos que viajar mais, o mundo é cheio de coisas lindas para se conhecer. Ele sorriu, assentindo.
— É verdade, e vamos conhecer todas elas juntos. Depois que falar com o Alejandro, vamos marcar outra viagem. Definitivamente eu estava vivendo um sonho; viajando com o homem da minha vida, conhecendo lugares maravilhosos e ainda tendo a promessa de que, em breve, iríamos assumir nosso relacionamento para todos. Com certeza, a vida não poderia estar melhor, quer dizer, se Fernanda sumisse do mapa eu não reclamaria. Pare de pensar naquela tonta. Aceitei a sugestão de meu subconsciente e tratei de esquecer que ela existia. Terminamos de almoçar e fomos visitar pontos turísticos da redondeza, mas voltamos cedo para o hotel, pois Shawn queria me levar para jantar. Segundo ele, seria a primeira vez que iríamos sair como um casal e ele queria estar bem descansado. Depois de tomarmos um banho juntos, Shawn foi dormir um pouco e eu tratei de começar a me produzir. Enrolei as pontas do cabelo, deixando-os soltos e optei por uma maquiagem leve, mas bem-feita. Sabendo que faríamos programas noturnos, coloquei na mala algumas roupas mais sofisticadas e para aquela noite escolhi um belo vestido vermelho, de alças finas, com um tecido que se aderia às minhas curvas sem ser vulgar. O modelo era elegante, a saia ia até um pouco acima dos joelhos, deixando meu corpo bem desenhado. Shawn iria babar.
— Assim meu coração não aguenta — disse ele quando saí do banheiro. Eu sorri e dei uma voltinha para deixá- lo ainda mais louco.
— Você está maravilhosa; quer dizer, você é maravilhosa — elogiou e me deu um beijo leve nos lábios. Shawn estava usando calça esportiva preta, com camisa e blazer da mesma cor. Aquele look all black o deixava ainda mais irresistível do que já era.
— Vamos? Assenti e saímos da suíte de mãos dadas. Um gesto tão simples, mas que encheu meu coração de felicidade. Fomos ao Sky on 57, um restaurante refinado que ficava na cobertura do hotel Marina Bay Sands. A cozinha combinava culinária asiática e francesa, com pratos bem elaborados e de alta gastronomia. Quando perguntei se ele já o conhecia, Shawn negou e disse que fora indicação de um amigo que tinha frequentado o lugar. Fomos muito bem recebidos na entrada e guiados à mesa reservada com antecedência por Shawn. Nos sentamos ao lado de uma parede de vidro, de onde era possível ver uma extensa varanda com uma vista deslumbrante da cidade. Passei os olhos pelos lustres arredondados e pela decoração moderna. O ambiente, apesar de aconchegante, era bem climatizado e meus braços estavam arrepiados.
— Depois do jantar, iremos até a varanda, você vai amar a vista, é espetacular — Shawn avisou enquanto olhava o cardápio. Ele sugeriu os pratos que seu amigo indicara, e como nenhum de nós fazia a mínima ideia do que pedir, acatamos e não nos arrependemos. A comida era realmente boa, mas as porções minúsculas, típicas de restaurantes requintados. Depois do jantar, Shawn pediu uma garrafa de champanhe e solicitou que fôssemos transferidos para a área externa do restaurante, o que foi prontamente acatado, uma vez que havia várias mesas desocupadas do lado de fora. Ao nos acomodarmos, fiquei absolutamente deslumbrada, a vista era muito mais que espetacular e permaneci alguns segundos em silêncio, aproveitando aquele momento, enquanto sorvia pequenos goles do delicioso champanhe que Shawn havia nos servido.
— Imaginei que iria gostar daqui. Assenti, sorrindo, e ele começou a falar sobre a arquitetura da cidade, seu desenvolvimento e cultura. Shawn era uma verdadeira enciclopédia, o tipo de homem que gostava do campo, mas entendia sobre o mundo inteiro. Quando achei que fôssemos encerrar a noite, fui surpreendida quando ele tirou do bolso uma caixinha azul da Tiffany e a colocou em cima da mesa.
— Comprei para você —falou, empurrando-a para o meu lado da mesa. Sorri para ele, achando o gesto lindo e peguei a caixinha, lembrando- me do relicário que ele me deu aos quinze anos. Aquilo fez meu sorriso aumentar, agora eu poderia mostrar para todo mundo a foto que havia lá dentro. Abri a caixinha e fiquei totalmente sem reação. Lá dentro havia um anel de ouro branco com uma pedra, lindamente lapidada, reinando gloriosa em cima.
— Ah, meu Deus! —falei admirando a beleza daquela joia.
— É só um anel de compromisso, mas foi a forma que encontrei de oficializarmos nosso relacionamento, pelo menos entre nós dois, e de dizer que eu também te amo, Camila Cabello. Na mesma hora senti meu coração acelerar e meus olhos marejarem. Parecia um sonho ouvi-lo falar as palavras que sempre desejei escutar de sua boca, naquele lugar maravilhoso. Enxuguei uma lágrima teimosa e encarei seus olhos.
—Você coloca em mim? — perguntei, com a voz embargada.
— Primeiro você tem que falar se aceita ser minha namorada. Não consegui impedir que minha mente lançasse imagens de uma garotinha chorando em seu quarto por ter visto Shawn acompanhado de uma mulher, ou da adolescente que já o viu se agarrando com outras... Tudo o que aquelas Camilas queriam era seu coração, seu amor. E ali estava eu, ouvindo que ele me amava e sendo pedida em namoro... Ainda parecia surreal.
— Sim, claro que sim, mil vezes sim... — falei sem me importar com o que as pessoas iriam achar. Shawn deslizou a joia pelo meu dedo e depois se aproximou e deixou um beijo casto em meus lábios.
— Vamos voltar logo para o hotel, quero usufruir dos meus direitos recém adquiridos — brinquei e ele riu alto, chamando a atenção de alguns clientes, mas assim como eu, ele não estava se importando. Naquela noite, fizemos amor de uma forma doce, mas não menos intensa. Parecia que o fato de ele ter se declarado havia girado alguma chave dentro de nós; todos os sentimentos pareciam mais fortes, mais definitivos. Era como se não pudéssemos mais voltar atrás em absolutamente nada.
— Queria que falasse de novo — pedi contra os seus lábios, interrompendo o beijo que ele iniciou logo depois que ambos gozamos.
— Falar o quê? — ele perguntou, mas eu sabia que só estava se fazendo de desentendido, por isso, dei um tapinha em seu peito.
— Você sabe. Ele afastou os cabelos suados do meu rosto e me olhou, parecendo encantado.
— Eu te amo, Camila Cabello. Fechei os olhos, tentando absorver aquelas palavras. Eu tinha esperado uma vida para ouvi-las e sabia que nunca me cansaria. Parecendo escutar meus pensamentos, ele começou a
entoar:
— Eu te amo, te amo, te amo... Sorri, sonolenta e completamente satisfeita, mas antes de sucumbir ao cansaço, olhei para minha mão, sentindo-me a mulher mais feliz e realizada do mundo, ainda sem acreditar que havia me tornado a namorada oficial de Shawn Mendes, que, finalmente, me amava, do mesmo jeito que eu o amava.
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