CHAPITRE UN

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°VIOLET CORSANT

NOVA YORK

Abri os meus olhos e me espreguicei, ouvi o tic tac do relógio e sorri, hoje seria o grande dia! Depois de tanto tempo no meu quarto chorando por dias seguidos, sem esperança alguma de que pudesse ser chamada para a entrevista, me ergui! E hoje, provaria a todos do que sou capaz.

Nada poderia estragar meu dia, absolutamente nada. Estou com um bom humor que chega a ser estranho... Estou sentindo que isso é o início da minha nova vida.

Ninguém pode estragar meu dia.

Olhei para o relógio e gelei.

Só uma pessoa pode estragar, e essa pessoa sou eu.

DROGA, faltam 20 minutos para a entrevista do emprego dos meus sonhos, como eu sou idiota e desorganizada!

Levantei da cama e fui direto para o banheiro, levei a escova de dente para dentro do box e comecei a fazer tudo que precisava. Saí correndo sabendo que minha roupa e sapatos já estavam separadas em cima da minha cadeira.

Peguei a bolsa e saí com o salto na mão, apertando logo depois como uma louca o botão do elevador.

Deus, eu te peço, faz o meu carro funcionar!

A porta do elevador abriu e corri até a garagem vendo meu carrinho branco esperando. Joguei tudo no banco do carona e liguei carro. Nada aconteceu. Respirei fundo e tentei novamente.

- MERDA! - Bati no carro - Você me paga, lata velha, você me paga!

Olhei para o relógio no pulso e vi que faltavam 10 minutos, passei a mão no cabelo e respirei fundo. Calcei o salto e saí atrás de um táxi, eu espero do fundo do meu coração chegar a tempo. Céus, por que essas coisas só acontecem comigo?!

Um táxi se aproximava da frente do meu prédio, talvez eu não seja tão azarada assim. Balancei a mão para que ele parasse, assim que o carro parou entrei desesperada batendo a porta com força, o motorista deu um pulo e me olhou bravo pelo espelhinho e eu sorri sem graça

- Escritório Maxwell Company Interprise o mais rápido que você puder, por favor - sorri amarelo e o taxista acelerou.

Eu me sentia mais a vontade na minha roupa, menos apertada, olhei para baixo só para conferir e o que vi me fez querer chorar. Minha saia justa que ia quase até o meu joelho tinha rasgado, e bem perceptível deixando parte de minha coxa a mostra. Tem como o dia piorar? Por favor, não respondam.

Minha cabeça não parava e quase não percebo quando paramos, agradeci o motorista e paguei.

Desci do carro tentando esconder um pouco aquele desastre. Se mamãe me visse agora com certeza brigaria comigo por dias! Olhei novamente para o relógio. A T R A S A D A. 17 minutos atrasada, andei tão rápido em direção ao prédio e quase caí. Ao chegar na frente do prédio abri a boca, se por fora era bonito, por dentro nem se fala. Móveis brancos, detalhes cinzas, branco e preto cobriam as paredes. Acelerei o passo e pedi informação a um dos recepcionistas da sala que aconteceria a entrevista, ele me olhou de cima à baixo com um olhar debochado e fiquei mais desesperada, o mesmo me passou todas as informações de maneira fria e eu segui, olhei para as outras mulheres que estavam com cara de tédio, exceto uma, uma senhora muito elegante do olho castanho bem claro, ela sorriu para mim e desejou um boa sorte baixo. Era agora ou nunca!

Fui em direção do elevador e um homem alto de terno preto entrou apertando o botão, tinha que dar tempo! Precisava dar tempo!

- EI - chamei o homem que estava olhando para o celular - SEGURE PARA MIM! - Ele me olhou, como se estivesse me avaliando com um olhar intenso e as portas fecharam - FILHO DA PUTA, MISERÁVEL, DESGRAÇADO, PUTA MERDA. - Virei de costa e passei a mão no cabelo, então eu ouvi o barulho da porta abrindo e o moço me olhando com a sobrancelha arqueada, estava corando, sentia isso. Entrei de cabeça baixa e desejei bom dia. Seu cheiro estava por todo o elevador, ele tinha um bom gosto de perfume, não era muito forte, mas marcante. Olhei de canto de olho para sua mão, Jesus, que não linda! Seus dedos eram grandes e com algumas veias marcadas. Mãos são coisas tão bonitas, pena que meus pensamentos não são do mesmo jeito.

- Você me xingou? - Ouvi a voz rouca depois de um tempo, puta merda

- Como?! - Levei um pequeno susto por estar perdida nos meus pensamentos e olhei para ele. Eu acho que morri e esse anjo está subindo comigo para o céu. Não é possível! Ele era lindo, muito lindo mesmo.

Senti o olhar dele em mim, algo no meu corpo se acendeu e eu fiquei envergonhada, seus olhos percorreram meu corpo com uma certa surpresa me deixando com um grande frio na barriga, entreabri os lábios e nossos olhares se encontraram. Logo depois ele limpou a garganta desviando.

- Você, ouvi você me chamando de filha da puta... e desgraçado. Sabe com quem está falando? Por que está aqui, na verdade?

- Não... - balancei a cabeça. - Eu também ouvi, acho que o som veio do seu celular. - apontei. - E não, não sei com quem estou falando, e se fosse importante eu com certeza saberia. - disse olhando para frente.

- Está no silencioso desde quando comprei. - ele me olha sério.

- Então está com problemas, moço...

- Eu acho, querida... Que você deveria prestar mais atenção no modo como fala. Isso pode trazer prejuízos para você mais tarde.

Baixei o olhar e suspirei, queria chorar! Mas que droga, sou tão imprestável! Antes que pudesse responder as portas abriram e ele saiu primeiro, com uma cara de bravo. Segui para a sala 09, onde esperaria, agradeci aos deuses por ainda ter pessoas esperando para entrar na sala de reuniões, pelo que entendi. A porta principal se abriu e vi três figuras masculinas. Não, minto! Três anjos esculpidos, nunca vi mais lindos. No meio deles, o desgraçado do elevador, engoli seco enquanto ele me olhava com cara de poucos amigos! Que os deuses me ajudem.

Até Que Sejamos Um - Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora