° PHILLIP
Whisky puro enchia nossos copos em um bar, um bar bem bonito, na verdade.
André estava falando sobre o casamento e Violet, ou melhor, na bola de neve da sua vida e eu bebia. Até hoje eu me pergunto como um cara bacana como ele se meteu com Cristina, é muito estranho pensar nisso.
- Sabe, Phillip, às vezes eu acho que... eu - ele aponta para si - eu, eu mesmo, esse aqui que você está vendo, eu merecia isso.
- Ser corno? - perguntei tirando o terno.
- Olhe, seu filho da puta, todo mundo vai ser corno um dia. - franzi a testa e engoli todo o líquido do meu copo imaginando Violet me traindo - Mas eu acho que eu poderia ter feito muito mais, eu poderia ter sido mais paciente e companheiro. Você é paciente e companheiro com Violet?
Olhei para os lados e engoli seco.
- Você é atencioso, Phillip? Você conquista ela todos os dias? - apoiei os cotovelos na mesa e prestei atenção em André - Mulheres gostam disso, Phillip, que você chegue do nada com um pote do sorvete preferido dela... Se eu fosse uma mulher, me casaria com quem fizesse isso sempre, me trouxesse flores, me levasse para jantar, eu seria uma mulher exigente.
- Eu faço isso tudo, eu acho. - coço a cabeça. - Acha que ela pode estar insatisfeita?
Agarro a garrafa de whisky que nos serviriam e enchi nossos copos. Isso mesmo, enchi.
- Elas sempre estão - André ri do vento. - Quer dizer, minha Violet nunca está, ela gosta de tudo que o universo manda para ela. - acompanhei a risada lembrando dela falando aquilo. - Se fizer alguma coisa com ela eu te deixo sem pau, eu lhe juro.
- O que eu posso fazer com sua filha, André? Ela que me deixa doidão.
- Doidão? - ele ri e logo depois para pegando a garrafa da mesa e levando a boca. - Está usando maconha com ela seu cretino ridículo?
- O que?! Não, nunca, Melissa me mataria também. Eu, Luiz Phillip Manuel, nunca usaria maconha. - bati no peito e ri me imagino de dread e com os olhos vermelhos.
- Tem nome de rei, sabia? Luiz Phillip Mendel, é nome chique.
- Eu sempre quis ter esse nome, mas... - paro de falar quando André empurra a garrafa na minha boca e eu dou um grande gole, desce queimando como fogo. Ele me mostra o celular e vejo a foto de Violet, ela liga para ele e para mim não!
- Miiiiia bambinaaaa - ele sorri e eu bebo mais - Que saudades de você. Eu bêbado? Me respeite, criatura, nunca faria isso, veja só com quem eu estou. - ele troca a chamada de voz para vídeo e vira para mim como uma avó. - Phillip?! - escuto sua voz e aceno com a cabeça tirando a garrafa da boca e jogando embaixo da cadeira. - Ele está bêbado. Eu, nuuuunca.
Reviro o olho e bebo um gole, dessa vez do meu copo.
Não estou bêbado.
- Passar para ele?! Mas e eu? Nem casou e já me deixou? - ouço seu suspiro e acho que está quase chorando - Eu te amo, filha minha, muito... Eu estou perdido sem você...
Levanto da minha cadeira e dou um passo falso para seu lado.
- Não chore, não chore, vai passar. Mulheres sempre nos deixam, mas nós - segurei a cabeça de André para que ele me olhasse - Nós homens, sabe? Nós nos consolamos porque nos amamos, André. - meu sogro acena com a cabeça e eu abraço ele quase virando para o outro lado.
Estava sentindo meu corpo flutuar.
- Phillip! - ouço sua voz no celular e olho mais um vez para a câmera, tão linda com o cabelo bagunçado. - Pegue esse celular para eu falar com você, agora!
Suspirei e peguei o celular do meu sogro dando tapinhas nas suas costas.
- Pois não, mi amore? - dei uma risadinha com a língua pesada. Parei de sorrir com a sua carranca. - Eu não fiz nada, seu pai apareceu e quis beber.
- Isso é verdade, estamos afogando as mágoas. - André levanta a garrafa e damos risada. Sento na minha cadeira e quase viro quando ela deu uma balançada. - O Phillip é um bom companheiro, ele é um bom companheiroooo
Me junto na música com ele mas a voz de Viol me chama de novo.- Opa! - olho para seu rostinho - Você é tão linda, parece um obra.
Ouço seu suspiro.
- Venham para casa.
- Sua casa?! - levanto agarrando a parte de cima de meu terno.
- Jesus Cristo. - Violet saí da tela e vejo a bolinha mostrando que é uma chamada de voz agora. - Desde que horas estão aí?
- Ainda estava de dia. - aperto os olhos tentando lembrar.
- Agora está de noite. - André diz e concordo.
- Escuro como a conta de alguém nesse bar. Devíamos fazer uma doação milionário, André? - meu sogro concorda com entusiasmo e eu sorrio.
- Você não vai fazer nada! - minha mulher grita - Olhe, não dirija, venha para minha casa. Quero os dois aqui em 15 minutos.
Abro a boca irritado.
- Você é impossível. - digo
- O que?!
- Impossível, porra. Passa dias sem falar comigo, sem me responder, sem dar a porra de um sinal de vida e agora quer que eu vá para sua casa?!
- Sim, eu quero. - ela diz firme.
- Certo. Estaremos aí em 15 mil minutos.
- Isso não existe, seu ridículo. - André bate em minha cabeça - O correto é 15 milhões de minutos.
Percebi que a ligação tinha caído e olhei para André.
- Não acredito que ela manda em você. - ele ri
- Ela não manda.
André levanta a sobrancelha e eu chamo o cartão.
Digo, o garçom. Aproximo meu cartão da máquina e saio rebocando o meu sogro.
- Eu acho, - digo quando bato o ombro da porta - Que precisamos ir de táxi.
- Eu acho que podemos dirigir.
- Eu acho que não. - procuro um táxi.
- Ligue para Violet e diga que vamos de carro e precisamos da localização.
- Bem pensado.
Pego meu celular no bolso e procuro pelo nome "Meu Amor"
Ela atende na primeira chamada.
- Já estão vindo?
- Sim e não. - respondo chutando algumas pedrinhas. - Nós não estamos achando o carro.
- Qual carro, Phillip?!
- O do seu pai, chegamos aqui com ele.
- VOCÊ SÓ PODE ESTAR MALUCO! - afasto o celular do ouvido e André me olha - SE TENTAR DIRIGIR AQUELE CARRO, EU FAÇO QUESTÃO DE IR ATÉ A DELEGACIA PARA QUE SEJAM PRESOS.
- Seu pai que deu a ideia. - me defendo.
- Pegue a porra de um táxi.
- Ela mandou pegar um táxi. - digo a André que faz um joinha e saí andando. - Violet, você está me traindo?
Tapo a boca e fico com o silêncio do outro lado da linha.
- Phillip, apenas venha para casa.
- Ok. - respondo e desligo.
- André? - procuro meu sogro que sumiu de vista. - André!
- Aqui! - ouço sua voz e vejo um fotógrafo com ele. - Prometi uma foto a esse rapaz, venha.
Sorrio e dou alguns passos até lá.
- Tire uma boa! - digo rindo
Imito o sinal de beleza de André e sorrio para a foto. Não é todo dia que posso aparecer no jornal.
MARATONA
(4/4)
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Até Que Sejamos Um - Livro 1.
RomanceEm andamento. "Na minha cabeça, nós nos pertencemos, e eu não posso ficar sem você. Por que não consigo encontrar ninguém igual a você? Eu não consigo dormir mais..." Violet Corsant uma mulher dona de si, determinada e forte. Aos 13 anos, depois da...