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- Mãe, a senhora vai sair mais tarde? - Perguntei chegando na sala.

- Não, filha. Mas tem que ver com seu pai se ele vai. - Minha mãe respondeu vindo da cozinha, enxugando as mãos em um guardanapo. - Por quê?

- Tenho que ir pro Evy Karaokê às oito horas, a senhora Pugliese vai dar as notas se cantarmos hoje e amanhã lá.

- Hum, vou falar com seu pai. Enxuga a louça pra mim.

Fui para a cozinha e fiz o que ela mandou, sem pressa, eu já estava arrumada para ir ao Evy mesmo.

- Natalie, seu pai tem reunião. Mas eu te deixo lá e você vem com o Rodrigo. - Minha mãe disse um tempo depois entrando na cozinha.

Concordei e fui ao meu quarto dar uma última checada na minha aparência. Olhei a hora e faltavam 12 minutos. Fui pra sala correndo, quase tropeço nas escadas.

...

- Oi! - Ouvi uma voz fininha alegre e logo um corpo pequeno me abraçou.

Ally estava uma fofura: vestidinho branco, de alça e saia rodada, com uns morangos, e seus cabelos loiros soltos.

- Oi, baixinha. Ai, céus, namora comigo mulher. Eu imploro. - Falei a apertando e ela riu.

A risada da Ally é a melhor, não tem como não rir junto.

- Ei, talarica, nem pense nisso! - Rodrigo disse me fazendo notar sua presença e ficar boquiaberta.

- Nunca esperava isso de você. - Coloquei a mão no coração. - Talarica, Rodrigo?

- Chega de draminha, não é? - Ouvi a voz de desdém da Priscilla atrás de mim. - Boa sorte e me procurem quando terminarem de cantar.

- Abusada. - Reclamei quando ela saiu.

- Hoje ela tá estressada. - Rodrigo disse.

A noite estava indo bem até me anunciarem. Fiquei nervosa, porque nunca havia me exposto deste nível e à essa altura quase esqueci que música cantar.

Subi no palco e a melodia começou a tocar, olhei para a platéia e Veronica me deu uma piscadela seguida de um sorriso.

- Cae la madrugada y la noche acaba de empezar... - Comecei.

Meu olhar logo se chocou com o de Priscilla que tinha os olhos fixos em mim, ela se mostrava neutra, tratei de olhar para pessoas aleatórias enquanto cantava. Quando terminei fui aplaudida e minhas mãos estavam suadas, tive que ir beber uma água.

Me escorei no balcão do karaokê e foi aí que lembrei que precisava falar com Priscilla, ordens dela, argh.

- Mandou bem. - Ouvi sua voz e me assustei internamente.

- Você não estava lá na frente?

- Fui ao banheiro. - Ela deu de ombros e vi Carol passar por detrás dela.

- Entendi. - Ri nasalmente. - O que você queria?

- Ue, parabéns! Você canta bem, eu gostei. - Falou sorridente. Deve ser efeito de uma rapidinha no banheiro com a Biazin.

- Obrigada. A senhora deseja mais alguma coisa? - Perguntei de braços cruzados e ela franziu o cenho tombando a cabeça para o lado.

- Pois bem. - Ela endireitou sua postura ficando séria. - Como eu disse, você mandou bem. Então... - Tirou uma caderneta da sua bolsa e uma caneta. - Nota máxima. Está livre, faça o que quiser.

Apenas ouvi aquilo e dei as costas. Só me importava que eu tomasse uma boa distância dela.

- E aí? - Alguém falou pegando levemente em meu ombro.

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