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Quase uma semana. Quase uma semana depois que a Priscilla me pediu desculpas pelo que nem chegou a se aprofundar. Ela disse ter agido sem pensar, por puro impulso. Pediu que deixássemos "essa bobeira" (palavras dela) pra lá.

Fala sério! Foi um mísero selinho e uns belos climas. Por que não deixar rolar?

Mas concordei e nada mais rolou. Estamos sendo boas amigas e eu evito pensar nela de outra maneira.

Funciona? Não muito, mas okay. Já aceitei que sou uma trouxa que se apaixonou rápido. É, eu admito que tô apaixonada.

Me praguejo muitas vezes por ter me apaixonado justo pela Priscilla. Tantas garotas no colégio, tantas outras professoras na casa dos 20 que eu poderia me interessar, tem tanta gente neste país e no mundo inteiro, e eu me apaixono por ela.

A maldita também tinha que ter aparecido no meu sonho e me encantado antes do primeiro olhar!

Desci a quarta dose de vodka pura, sentindo minha garganta queimar.

Eu estava em um clube lgtbtq+, bebendo e dançando, em plena sexta-feira à noite.

Fui sozinha (não me pergunte como entrei) mas já tinha feito um amigo, chamado Shawn. Ele era altão, tinha olhos castanhos e cabelos iguais, disse que era Canadense. De primeira eu pensei, será bi? E sim, ele era b, b de bem gay.

Ele me contou que estava cursando educação física e morava aqui há 1 ano. Ele tem cara de uns 20 anos, não tocamos em assunto de idade.

Em pouco tempo já tínhamos nos conhecido bastante, até falei de meu abençoado crush por quem só queria amizade.

- Ei, não acha que já tá bom de vodka? - Ele pergunta tocando em meu ombro. - Isso é álcool puro, menina!

Balancei com a cabeça e pedi ao barman o maior copo que ele tivesse com felina. Adoro essa bebida, por ser parecida com suco de uva. Um suco de uva forte.

- Sabe que bebendo não vai tirar ela da sua cabeça, não sabe?

- Talvez tire. - Suspirei. - Tem um cara te secando ali na pista de dança. Aquele branquelo de vermelho.

- Aquilo é rosa, Natalie. - Shawn riu. - Tem certeza de que vai ficar bem aqui sozinha? - Concordei com a cabeça. - Me dá seu celular, vou ligar dele pro meu, assim pego seu número.

Shawn anotou meu número e foi flertar com o branquelo de blusa vermelha. Sim, vermelha. Não tinha nada de rosa ali, a boate estava escura e com luzes mais aquilo era vermelho.

- Aqui, moça. - O barman disse me entregando um copo bem comprido e agradeci.

Comecei a beber, fazendo uma pausa para ver Shawn dançando animado com o cara.

- Ei, desce um copo de tequila pra mim! - Ouvi alguém falar ao meu lado. - Oi? - Senti um toque em meu braço.

- Oi. - Respondi olhando a mulher.

Era uma branca, alta, de cabelos castanhos, olhos azuis e lábios grossos bem chamativos, inclusive, não me parecia estranha. Ela estava com um cropped e uma calça moletom. Que corpão.

- Bárbara Labres. - Me estendeu a mão e eu prontamente apertei.

- Natalie Smith. - Prestei mais atenção nela e ela lembrava alguém. - Por acaso, você é aquela Dj do Brasil que tem uma marca, Labres Brand, uh? - Ela sorriu.

- Em carne e osso. Obrigada. - A mesma agradeceu ao Barman.

- Nossa. - Respondi terminando de beber todo o líquido do meu copo e o colocando no balcão.

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