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Estava sentada ao lado de minha mãe, no banco de uma pracinha sem muito movimento, tomando sorvete enquanto observava Emily brincar com aquelas duas.

- Esta sorveteria da pracinha é a melhor. - Minha mãe disse. - Um pouco distante, mas vale a pena.

Afirmei com a cabeça, intercalando olhares entre as duas adultas, aparentemente não tão adultas, brincando na gangorra com a minha irmã.

Priscilla cruzou seu olhar com o meu, ato que durou poucos segundos, mas o suficiente para me deixar intrigada.

Não entendia seus olhares.

Olhei para Lauren e ela já me olhava sorrindo, também sorri e ela desviou o olhar falando algo para Priscilla.

- Ainda está dando uns beijos na Priscilla? - Ouvi minha mãe indagar ao meu lado.

- Não. - Respondi.

- Ela te olha como se quisesse te beijar. - Senti meus batimentos acelerarem.

- Para com isso, mãe.

- Mas é a verdade. Não sei como a Lauren não percebeu a maneira que a amiga dela te olha. Vocês três não devem ter muito tempo juntas, não é?

- É, é bem raro dividirmos o mesmo ambiente. Hoje foi acidentalmente. - Balancei a cabeça tentando afastar certos pensamentos. - Você deve estar vendo coisa onde não tem.

- Por que você diz isso? Eu sou muito mais experiente que você, Natalie Kate. - Apertou meu nariz. - Eu sei bem o que vejo.

- Tá bom, tá bom. - A olhei. - Digamos que você ainda não tenha nada com o papai. Ele te diz que tem sentimentos por você, e não é sobre amizade, ele está apaixonado. Sabendo disso, e sentindo o mesmo, você vai ficar de lance com outro e demonstrar que não sente nada até que ele coloque o pé na parede e canse de ser só mais um lance seu? - Perguntei e minha mãe olhou para os próprios pés, imitei seu gesto, olhando para os meus. - Você... - Travei. - Você jogaria ele para cima de outra mulher?

O choro entalado na garganta.

- Não, filha. - Respondeu mais baixo e senti seu braço me rodiar e puxar para um abraço. - Desculpa, meu amor. A mãe promete que não vai mais tocar neste assunto.

- Eu sou uma atração, ela só me deseja. - Resmunguei baixo com os olhos marejados.

Ouvi o suspiro da mulher ao meu lado.

- A Lauren parece gostar de você. Ela te olha de um jeito fofo, como agora mesmo. - Sorri e me endireitei no banco. - Ela sabe que você e Priscilla já ficaram?

- Ela sabe. E eu também gosto dela.

- Mas não é apaixonada por ela, uhm? - Falou mais para afirmação do que para pergunta.

- Ela também não é apaixonada por mim. - Cruzei os braços. - Estamos apaixonadas por outras pessoas e sabemos disso.

- O que vocês estão tentando fazer, filha?

- Tentando esquecer essas pessoas. - Mordi o lado interno da bochecha. - Louco, não? Duas apaixonadas querendo esquecer tais paixões se apaixonando uma pela outra.

- Muito peculiar. - Minha mãe levantou a sobrancelha e deu um sorriso de lado.

- Você acha que não vai dar certo, não é? - Indaguei balançando minhas pernas e descruzando os braços.

- Eu acho que pode dar certo ou também não pode. - Deu de ombros.

- Uhm.

- Entenda, filha: o que for pra ser vai ser. O que está destinado a acontecer, irá acontecer. - Falou calma. - Não importa o que você faça, não se pode evitar o inevitável. - Mordi o lábio inferior a olhando nos olhos. - Tipo a morte. Se você soubesse quando iria morrer, que diferença faria? Você poderia fazer o que fizesse e ainda assim encontraria a morte no dia marcado. - Senti uma pontada em meu estômago. - Você entende o que quero dizer?

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