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A semana passou voando.

Foi uma boa semana, consegui ajeitar toda a papelada e fazer os exames para começar a tirar minha habilitação na próxima semana, já que não estava estudando.

Vai ser muito bom, porque no próximo ano quando eu voltar a estudar, já estarei habilitada.

- Vamos, Nath. Não podemos nos atrasar! - Ouvi Camila gritar lá de baixo.

Suspirei.

Hoje é sábado, a audiência. Não queria ir. Dá muito ruim se eu sumir?

- Natalie! - Camila agora estava com a cabeça dentro do meu quarto.

- Ah, Camila. - Cruzei os braços bufando.

- A gente tem que ir, Priscilla está lá em baixo esperando há uns bons minutos.

- Por que não podem apenas condená-la? Poxa, tem as gravações do lugar, os seguranças pegaram ela com a mão na massa e com certeza outras pessoas viram.

Camila fechou os olhos e inspirou o ar de forma audível, o soltando forte.

- Natalie, pega a sua bolsa agora e vamos para o carro. - Falou extremamente séria frizando o "agora". Fiquei a olhando surpresa. - Agora, Natalie! - Sua voz foi grossa.

Levantei pegando a bolsa na ponta da cama e a acompanhei em silêncio.

Fique de boca fechada todo o caminho, não falei nem um "oi" com a Priscilla. Apesar de estar com saudades dela, porque passei a semana sem vê-la depois daquele dia.

Agora meu pai estava falando e falando, que eu devo ser sincera e não passar pano para a Rebecca.

- Dê um tempo a ela, querido. Ela já entendeu. - Agradeci mentalmente à Sinuhe por isso.

Eu acredito que na verdade está todo mundo sob estresse. Não sei por eles, mas eu também estou com medo. Medo de que independente do que aconteça hoje eu acabe tendo problemas mais tarde. Medo de que nunca mais eu me sinta segura.

...

Na volta pra casa minha perna tremia frequentemente, estava ansiosa. Deu tudo certo, claro que deu. Mas até quando? Até daqui 7 anos ou menos?

A forma como ela me olhou... eu sei que se ela pudesse eu estaria à sete palmos a baixo do chão.

E o mais foda disso tudo é que eu não tenho culpa alguma do que aconteceu entre ela e Priscilla naquela noite. Eu não me meti, eu não fazia ideia de nada e eu paguei por isso, e eu ainda posso pagar mais ainda por algo da cabeça dela.

Eu não faço ideia se as testemunhas que deram serviram para a Rebecca ver como estava errada, mas eu espero que sim.

Suspirei.

Eu queria a Lauren, Lauren me transmitiria conforto. Mas infelizmente ela está de moto e foi pegar Sophie na casa do Rodrigo. E todos vamos nos encontrar na pracinha, eles querem ir tomar sorvete e eu só quero me enrolar nos meus lençóis.

Tentaram conversar e puxar assunto no meio do caminho, mas eu fui curta. Não estou com cabeça nem para a Priscilla hoje.

Chegamos e eles saíram do carro, eu pedi a chave e disse que queria um tempinho sozinha. Então entrei e liguei a rádio e o ar-condicionado. Queria ficar ali quieta ouvindo música.

Where's My Love - SYML começou a preencher o carro.

"Cold bones, yeah, that's my love"
(Ossos frios, assim é meu amor)

"She hides away, like a ghost"
(Ela se esconde como um fantasma)

"Oh, does she know that we bleed the same?"
(Ela sabe que sangramos do mesmo jeito?)

Beautiful StrangerOnde histórias criam vida. Descubra agora