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Faziam cerca de cinco dias que Bárbara havia ido embora, ela partiu mais cedo devido algum problema por lá. E ela mal aparecia, eu sentia sua falta.

E bem, hoje já é sábado. Amanhã é domingo, não qualquer domingo, o domingo do meu aniversário e isso me deixa triste. E daí que eu farei 18 anos, eu queria minha mãe.

- Pra você. - Sofia, a irmã de Camila, me entregou um pequenino girassol.

- Obrigada, princesa. - Agradeci com um mínimo sorriso e a observei ir para junto de sua mãe colher algumas flores.

Olhei o Girassol em minhas mãos, levantei próximo do nariz, exalava paz, grama molhada. Sorri mais uma vez e olhei para o pequeno ser humano que me deu a flor, me lembrava Emily, mas Sofia é mais nova uns dois anos.

Entre tantas flores nos jardim que estávamos visitando, ela me deu um Girassol. Ela deve ter achado alguma semelhança entre nós.

- Vi em algum lugar que os Girassóis sempre giram na direção do Sol. - Camila surgiu atrás de mim, me abraçando. - Eles também eram a paixão de Van Gogh. E para a Sofi você lembra um Girassol, isso é positivo.

- Acho que meu sol morreu e eu estou sem direção. E também estou longe de ser a paixão de alguém. - Apertei os braços de Camila.

- Acredito que seu sol nunca saiu daqui. Está nublado e as nuvens não te deixam vê-lo, mas logo o tempo se abre. - Deu um beijo demorado em minha bochecha. - E se de tudo ele não aparecer, eu divido o meu com você.

Meu olhos marejaram, e enxerguei nos olhos castanhos à minha frente um porto seguro, um misto de sentimentos bons e sinceros.

- Obrigada, por ser um anjo, Mila.

- Que nada, eu amo você. Não sei explicar, mas eu te protegeria de tudo. Assim como a Sofia. Se mexer com vocês duas, não respondo por mim.

- Isso soa como se você fosse minha irmã mais velha inexistente. -  A puxei para o meu lado. - Eu também amo você.

- E, hum, você é a paixão da Priscillla.

- Já não sei, acho que estraguei tudo. Eu sinto vontade de tentar arrumar as coisas, mas não me sinto com forças o suficiente, e isso vale pra tantos pontos...

- As coisas vão melhorar com o tempo.

- E quanto tempo ela ainda segura nesse impasse? Porque eu não sei quando isso melhora.

Camila me lançou um sorriso triste e apertou nossas mãos. Naquele gesto eu senti que ia ficar tudo bem, e se não ficasse ela ainda estaria ali.

Com hoje, há três dias que a família de Camila está na cidade. Eles estão hospedados na minha casa, fiz questão, pois eu não quero ficar sozinha e também não quero incomodar meus amigos ou até mesmo Priscilla. E assim eu os faço um favor e sem que eles saibam eles me fazem também um.

A ideia de suicídio vive vagando à minha mente e se eu ficar sozinha vou acabar cedendo. Apesar de às vezes isso parecer a solução, também é uma ideia que me assusta.

A família de Camila é basicamente os pais dela e a irmã mais nova. E eles são simpáticos, bem humorados, são divertidos. Depois de olhar bem, vi que Camila tem todos os traços do seu pai e a personalidade semelhante a da sua mãe. E já sua irmã parece mais com a mãe, até na cor.

Ontem vi o pai da Camila olhando uma foto de mim com uns 5 anos no colo da minha mãe, uma que eu coloquei na sala recentemente, e bem, ele parecia muito entretido, nem me notou ali. Foi estranho. Eu dei meia volta para a cozinha.

Bem, e nesse exato momento ele está olhando para mim e a Mila, não é como se ele olhasse algo em específico, é um olhar distante. Como quando você está olhando para a bunda de alguém e com o pensamento em algo nada a ver.

Beautiful StrangerOnde histórias criam vida. Descubra agora