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Como eu esqueci que a Priscilla estava com a Carol? Isso me pouparia de ver uma engolindo a outra. Mas de qualquer maneira, como eu adivinharia isso?

Havia batido a porta com força, foi maior do que eu, e saído em passos largos dali para que não me vissem, mesmo assim ainda ouvi um "Ei".
Agora Lucy estava me levando pra casa.

- Deu certo o que você ia fazer? - Vero perguntou olhando para trás, onde eu estava no banco.

- Uhum. - Menti olhando pela janela.

- Se eu sei bem, aquela era a sala da Pri. - Lucy comentou. - Foi só roubar um beijinho?

- Não. E mesmo que fosse isso, a boca da querida professora de artes já estava bem ocupada. - Cruzei os braços encostando a cabeça no vidro da janela.

- Como assim!? - Veronica disse alto. - Espera, não me diga que a Biazin e ela...

- Exatamente! - Sorri falso e voltei a ficar séria.

- Chegamos, mas pode colocar pra fora o que tá sentindo. Aposto que tem algo rondando à sua cabecinha. - Lucy disse doce virando para me olhar.

- Não tem nada. - Disse baixo.

- Natalie. - Vero insistiu.

- Okay! Eu não entendo por que diabos eu queria ir conversar com ela sobre àquela noite. Eu sou muito trouxa. - Mordi o lábio inferior negando com a cabeça. - Ela estava bêbada, ela me queria porque estava cheia de álcool e ela literalmente fodeu comigo pelo mesmo motivo, e pelo visto não lembra. Por que diabos eu tava querendo dizer pra ela como realmente aconteceu, quando ela nem veio me perguntar nada? - Desviei o olhar pra janela. - Eu nunca pensei que a pegaria beijando outra boca e isso mexeria assim comigo. E pra ferrar com tudo, eu tô apaixonada, mas sinto que essa droga não vai ir embora como veio, facilmente. - Suspirei. - Apenas amigas, nunca nada além, ela só vai me procurar quando estiver cheia de álcool, porque deve sentir ao menos uma atração de merda. Tenho que colocar isso na minha cabeça e ficar longe dela.

- Olha, quem sabe isso não vai embora? Evita levar as coisas pro rumo de amigas com benefícios, não parece ter um futuro bom quando ela só te quer quando não está sóbria.

- Concordo. A Priscilla é legal, mas segue em frente... você ficou com a Labres, Priscilla tá ficando com a Biazin. Vamos tocar a vida e ignorar o que não podemos mudar. - Vero continuou.

-  A Bárbara é maravilhosa, vocês são uma graça juntas, acho que super combinariam. - Lucy disse me dando um sorriso. - Uma paixão se cura com outra.

- Eu sei, mas ela mora em outro país.

- Não há distância para sapatão, meu amor. - Vero disse com um sorriso sapeca.

- Engraçadinha. Também não é apenas isso, ela está passando por uma barra pesada e eu só quero ajudá-la a passar por isso, sem segundas intenções.

- Se eu te conheço bem, você quer voltar a ficar sem sentir nada por ninguém. - Vero me olhou e fiquei calada. - A Natalie dos ficas. - Sorri minimamente.

- Só segue em frente de alguma maneira e tira um tempo pra refletir à sua vida. - Lucy disse. - Essa é minha deixa pra ir almoçar, ainda preciso voltar pra lá.

- Bom almoço pra vocês duas, obrigada por me ouvirem. - Falei beijando a bochecha de ambas e saí do carro.

Entrei em casa e gritei por minha mãe, mas não obtive resposta. Joguei minha mochila no sofá e fui à cozinha, lá havia um prato em cima da mesa que estava coberto por um guardanapo, era macarronada. Adoro uma macarronada.

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