38

310 30 8
                                    

- Boa noite. Natalie, certo? - Disse gentilmente.

Caramba, eu ainda estava desacreditada.

- Certo. Boa noite, Camila. - Respondi à sua altura, segurando a maçaneta para que a porta não se abrisse mais.

Ela pareceu surpresa com a minha resposta e fez um aceno para o motorista.

- A gente pode conversar?

- Tudo bem. - Dei passos à frente, logo fechando a porta atrás de mim.

- Eu ouvi dizer que você e a Lauren estão juntas, e já que ela se recusa a me atender eu resolvi te procurar. - Falou naturalmente, e andou até mais afastado da porta se escorando na parede. - E antes que pense, não sou uma psicopata ou coisa assim.

- Sei, seguir alguém na rua é a coisa mais normal que existe.

- Foi bem aleatório eu ter te visto, mas já que eu te vi... - Deixou no ar.

Trocamos olhares e eu me encostei ao lado oposto dela, em uma das colunas.

- Quem te disse onde eu morava? - Ela sorriu em resposta.

- Olha, Natalie, isso realmente não importa. - Deu de ombros. - De qualquer maneira eu teria te encontrado na rua e vindo até aqui.

Eu esperava muita arrogância, mas ela parecia falar com tanta tranquilidade. E o fato de não chegarmos direto ao ponto estava me deixando incomodada.

- Você parece com a Sofia, minha irmã mais nova. - Disse me analisando. - E a Sofia parece comigo. Você já viu ela, não é?

- Sim.

- Você não é minha fã, é? - Frizou os olhos.

- Ah, não. Já ouvi algumas músicas, algumas coisas sobre você e somente. Um pouco antes de conhecer a Lauren. - Ela murmurou um "Uhm" em resposta. - Você quer que eu diga onde ela mora, é isso?

- Não. - Respondeu cruzando os braços parecendo distante. - Sabe, quando eu conheci a Lauren, eu fiquei encantada por ela; pela gentileza, pelo carisma, pela voz, pelo sorriso dela, os olhos verdes que parecem ler sua mente... me encantei por tudo nela. - Continuou ao que se sentava no chão, escorada na parede e olhando as estrelas. - E depois desses anos eu ainda sinto a mesma coisa quando estou com ela. Nossa, eu não esperava que a gente fosse se separar algum dia.

Fiquei em silêncio e imitei seu gesto, me sentando ao seu lado.

- Eu realmente gostaria que não chegássemos ao fim, que ela não tivesse ido embora. Mas eu a entendo, e aceito os seus limites. - Me olhou. - Naquela noite com o Harry, eu não queria ter tido que beijá-lo, porém ser cantora, artista, não é apenas subir em um palco e cantar, não é só compor. Tem essa parte obscura de PRs, relacionamentos falsos, com contratos extensos. Principalmente no meu caso, que não sou independente, eu dependo e tenho que me submeter à dançar a música que tocar na gravadora. Entende?

Afirmei com a cabeça.

- O meu PR com o Harry acabou, agora depois da turnê. - Suspirou. - Tarde demais. Como eu queria ter saído da turnê e ter vindo de imediato atrás dela. Talvez eu tivesse chance.

O pior é que você tem chances, mas eu não posso me meter nisto.

- Eu gostaria de falar com ela, pessoalmente, de ouvi-la dizer, olhando nos meus olhos, que é o fim. - Me olhou e deu um sorriso triste. - Mas quer saber? Nada vai mudar, isso é tolice. Vai ver inconscientemente eu só queira vê-la outra vez.

Eu devo me meter?

- Só... cuida bem dela. - Murmurou se levantando. - E esquece que você me viu aqui. Vai ser melhor. - Baixou uns óculos escuros que eu nem havia notado e deu alguns passos adiante. - Ah... - Levantou seus óculos. - Me desculpe tomar seu tempo, eu tenho dessas de agir pela emoção.

Beautiful StrangerOnde histórias criam vida. Descubra agora