27

372 28 2
                                    

Estava anoitecendo e minha cólica tinha voltado. Foi tão chato não poder aproveitar uma piscina num dia ensolarado, por causa desse presente mensal.

As minhas amigas, se posso generalizar assim, ainda estavam todas ali, agora na sala conversando sobre uma noite das garotas e fazer besteiras para comermos.

Ja disse que meu humor está péssimo? Essa cólica de merda, que deve ter piorado devido o refrigerante, está me tirando a paciência que eu já não tenho.

- Quer ir também, amiga? - Vero chamou minha atenção.

- Pra onde?

- Comprar uns materiais pra fazermos pipoca doce, torta, umas besteiras aí. - Lucy se intrometeu.

- E vai todo mundo pra quê? - Cruzei os braços.

- Ah, meu Deus. - Priscilla resmungou.

- Não, sou eu mesmo. - Revidei.

- Cada uma vai pra um lado comprar algo dentro do supermercado, vai mais rápido. - Lucy respondeu.

- Vou ficar aqui mesmo, quatro já é um bom número. E teria como alguma de vocês comprarem um remédio pra cólica? Eu agradeceria.

- Pode deixar, Nath. - Vero disse ao se aproximar e me deu um beijo na bochecha. - Qualquer coisa liga aí. - Afagou meus cabelos e saiu pela porta com as outras.

Vai durar o quê, umas meia hora pra elas voltarem? O trânsito é terrível, cara. Suspirei e liguei pra minha mãe.

...

- Muito obrigada por trazer as roupas e um remédio, mãe, de verdade. - Agradeci abraçando-a bem forte e ela riu.

- Tudo bem, filha. - Falou ajeitando meu cabelo atrás da orelha.

- Por que não fica aqui com a gente? Depois você vai pra casa.

- Eu quero ficar sozinha, não tenho mais idade pra essas coisas de adolescente.

- Deixa disso! Não tem idade pra se divertir. Aliás, só eu e Vero somos as "adolescentes" aqui. Fica mãe, vai ser legal. - Falei balançando sua mão.

- Tá bom, mas só um pouco. - Ela disse sentando-se no sofá.

Sentei ao seu lado e ficamos em silêncio. Fiquei a observando, as olheiras bem evidentes, a expressão aérea e levemente triste. Ela me olhou e sorriu falsamente de lado.

Algo está muito errado. Emily não voltou pra casa, meu pai não chegou a aparecer, e minha mãe não quer me falar sobre, ela evita sempre quando dou início ao assunto.

Engoli a vontade de chorar e peguei uma das pílulas que minha mãe trouxe e fui até a cozinha, tomar com água. Depois peguei a mochila para levar ao quarto.

- Mãe, você pod-

Fui interrompida pelas garotas chegando animadas e cumprimentando minha mãe assim que a viram. Balancei a cabeça e procurei o quarto de visitas, para deixar a mochila.

Era um quarto numa cor pastel, com um guarda-roupas grande de espelhos nas portas, de frente para uma cama com colchão igualmente grande e um sofá em formato de L ao lado da mesma. Entre o guarda-roupas e o sofá havia uma janela com vista pro quintal.

Deixei minha mochila ao lado do guarda-roupas e fui ver a vista da janela.

- Oi. - Ouvi a voz de Priscilla próxima a mim e não me virei.

- Oi.

- Como você está? Lauren trouxe chocolate pra você, ela disse que funcionaria mais que qualquer remédio. Ela e sua mãe se deram muito bem. - Me virei e vi Priscilla sentada no sofá.

Beautiful StrangerOnde histórias criam vida. Descubra agora