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- Por que você empurrou ela, Natalie!? Nossa, você não colaborou também! - Camila reclamava ao ouvir minha versão do que aconteceu.

- Foi mais forte que eu, Camila. - Dei de ombros me enrolando mais no lençol. - Ela também não precisava ter ficado segurando meu braço e me chamado de criança. Mas enfim, ela nem caiu, não foi nada demais.

- Não foi o que me disseram.

- A Veronica é péssima. - Rolei os olhos.

Com certeza foi Veronica que falou algo.

- Continue, que não parou aí.

- Se você sabe o que aconteceu, por que está aqui me questionando?

- Porque eu não sei tudo.

- Tá. Depois disso eu só lembro de dar as costas e me bater na mesa ao ser empurrada. E então eu apenas devolvi.

- Detalhes. - Camila insistia. - Natalie eu te defendi sem nem saber de nada.

- Eu agarrei ela pela blusa. - Falei me sentando na cama. - Ela puxou meu cabelo. E eu puxei o dela de volta e então a empurrei e ela caiu. - Cocei a cabeça. - Depois disso as coisas ficam confusas na minha cabeça. Lembro de Priscilla estar ao lado da Rebecca, e que Rebecca iria me bater e de repente você estava lá.

- Hummm. Nenhuma das duas está certa. - Camila pontuou.

- Não importa mais mesmo.

- Tudo isso é ciúmes da Priscilla? - Indagou.

Falei tudo da minha péssima semana para ela, o que envolvia Priscilla e entramos também no assunto de Bárbara. Agora de fato Camila estava por dentro da minha vida.

- Uau! Isso é muito. - Camila disse. - Você devia conversar com a Priscilla.

- Não, Mila. Não, não, não.

- Natalie? - Ela questionou com as sobrancelhas erguidas. - Ué? Você prefere ficar aí se mordendo de ciúmes em ver ela com outras pessoas e surtar sem ter razão? Meu bem, mande á merda o que você disse antes para ela. Está tudo bem! Às vezes a gente volta atrás nas palavras, morde a língua, a vida está em constante mudança.

- Acho que a Veronica me disse algo do tipo ontem...

- Pois é, Nath. Você achou que travou a Priscilla no banheiro da boate... mas já parou para pensar que ela só pode ter se segurado para não "abusar" do fato de que você bebeu horrores? Vocês já tiveram conflitos com isso antes.

Fiquei calada. Acho que Camila tem razão nisso e em tudo.

- Não dá para você chegar jogando a gostosa para cima dela sem nem terem uma conversa.

- Eu vou pensar sobre isso. Obrigada.

Camila me sorriu e segurou minha mão. Isso ativou uma lembrança em mim.

- Você pode me dizer o que aconteceu para me chamar de sua irmã? - Questionei.

Camila mordeu o lábio e respirou fundo.

- Eu não devia ter soltado aquilo. - Disse coçando a testa.

- Tudo bem que você me veja como uma irmã, eu também te vejo. Só foi inesperado você me chamar assim. - Falei.

- Eu sei. Não é isso. É que... eu não posso fazer isso, Natalie. Desculpa. - Camila saiu praticamente correndo do quarto.

- Camila! - Gritei e bufei.

Levantei e fiz minha higiene matinal apressada para tentar entender o que estava acontecendo.

- Dona Sinu, cadê a Camila? - Perguntei ao ver a senhora quando eu estava descendo as escadas.

- Ela foi ao supermercado com a Sophie e a Lauren, querida.

- Natalie, está tudo bem? - Senhor Alejandro perguntou vindo da cozinha.

- Não sei. Camila me disse algo que eu fiquei muito confusa e ela simplesmente correu. - Franzi as sobrancelhas. - Não consigo processar isso. - Resmunguei indo beber água na cozinha.

Terminei e me sentei sobre o sofá tentando entender o que Camila disse.

- Querida, a gente precisa conversar. - Sinuhe sentou no sofá à minha frente.

- Está bem. - Concordei.

Alejandro sentou ao meu lado e me deu um envelope com a marca de uma clínica.

- A gente já não tinha recebido todos os exames? - Perguntei e não obtive resposta, então comecei a abrir o papel.

Será que eu com algo grave?

De imediato o papel mostrou uma tabela com numerações em que o cabeçalho estava dividido em Filha e Suposto pai. E antes da tabela havia coisas escritas mas só consegui focar em DNA.

Minha boca entreabriu e eu simplesmente não conseguia pensar com clareza. O que está acontecendo?

Desci meus olhos pro final da folha onde havia o título Conclusões. E meus olhos se arregalaram com o que eu li, ao mesmo tempo que encheram d'água e minha mente lutava para processar, lendo e relendo aquelas últimas palavras.

Eu estava estática.

Senti as mãos de Sinu acariciarem meus ombros.

- Isso... isso... é sério? - Gaguejei e Alejandro pegou cuidadosamente o papel da minha mão e eu o olhei. - Como?

- É de verdade. Eu sou seu pai, Natalie. - O homem falou apertando minha mão e sorrindo levemente.

Minha mente estava pirando. Ligando mil coisas ao mesmo tempo, digerindo. Tantas perguntas invadiram e eu fechei os olhos, apagando total.

Beautiful StrangerOnde histórias criam vida. Descubra agora