Eveline
(Flashback - 7 anos atrás)
— A verdade é que não tive tempo para a família.
— Você não teve tempo ou eles não queriam compartilhar seu próprio tempo com você? — Perguntei para ele com os olhos fechados. — Vamos lá... quero ser sua amiga, Heller.
Envolto meus braços atrás das suas costas e em volta de seu pescoço. Sua consciência se manteve instável ao inalar o mofo, apenas com isso posso controlar as mentes infectando-os pelo ar qualquer ser racional.
Isso não funcionou com ele, então tentei fazê-lo ingerir diretamente, mas o resultado não mudou.
— Você faz isso apenas para matar? Por prazer? — Perguntou ele se afastando aos poucos e vejo seu semblante sem expressão.
— Escute bem... — Esse maldito comentário me deixou ofendida e com um tom cortante, continuo minha fala. — A humanidade destrói o planeta para prosperar. Trazer seu próprio benefício e nada além. E os poucos que querem mudar o mundo, não passa de seus próprios pensamentos que é criado pela expectativa, pois os mesmo não fazem por onde.
Heller levantou uma de suas sombrancelhas e cruzou sua braços.
— Explique-se — Sua expressão permanece a mesma. Nada a apresentar.
— Veja... os humanos não se importam com outros seres vivos dependente da situação. Fama, dinheiro? Isso não importa se tem conhecimento do desconhecido. — Abri meus braços encarando o teto acima de nós. — Já se perguntou Heller? Já parou pra pensar que as vezes a mãe natureza não quer que a humanidade saiba completamente que há no planeta terra? Que a raça humana, assim como outras raças que habitam o planeta tem seus limites de conhecimento e mesmo sabendo que existe essa linha na qual não se deve ultrapassar, ainda sim se recusam a ver.
Abaixo ambos os braços e olho para o vidro preto tendo certeza que estou sendo observada do outro lado.
— Vocês buscam conhecimento, relíquias, explorar terras e águas nunca vistas. Além é claro de modificar um corpo dado pelo seu "genuíno" criador. Para quaisquer coisas que tem seu valor é até aceitável a busca deste conhecimento. Porém, existem coisas que nada e nem ninguém tem permissão para fazer e acatar a tal conhecimento e posse desses objetos desconhecidos. — Ao término de minha fala, retorno meu olhar para Heller onde o mesmo agora se pega com os olhos arregalados encarando o chão.
Por que essa reação? Independente disso somos iguais nesse momento. Fomos criados, usados e modificado para obter benefício para o lado deles.
— Para sobreviver... adaptar as situações e problemas que se encontram em nossos caminhos, nos prendemos ao que conhecemos e entendemos. Chamamos isso de realidade, mas conhecimento e entendimentos são relativos. Essa realidade pode ser uma ilusão. Todos os humanos vivem com idéias erradas, esse não é outro jeito de examinar a situação?
— Recuso. — Disse de imediato após a conclusão da fala de Heller. — Os humanos sujam a beleza mesmo fazendo parte da natureza. O fato é que eles consomem o que é disposto, são guiados pelas necessidades que lhes foram dadas, a evolução acontece naturalmente. Mas nada deu permissão para seguir adiante pelas coisas que sabem muito bem que não deveriam. Eles não se importam com o que acontece desde que tenham poder em suas mãos. A humanidade não quer falar, mas alguns almejam ser submetidos, o sedutor charme da liberdade é alcançada por aqueles que lutam por suas vidas com a luta interminável para manter seu poder, sua identidade para não serem criados para serem condenados, porém no fim... sempre irão se ajoelhar.
— Ninguém é cem porcento coerente com suas palavras, todo mundo é um pouco hipócrita com outras, tanto quanto para sí mesmo. Você já é madura o suficiente para saber que não existem pessoas perfeitas nesse mundo. Eu e você estamos incluídos nesse grupo. — O tom de voz de Heller é convincente, mas isso não muda meu ponto de vista. — Nossas realidades, ideologias, princípios, convicções e idéias podem até colidir um dia, mas jamais serão uma só. Pois por mais diferente que sejamos, todos querem a mesma coisa.
Ainda cruzando os braços, desfaz suspirando e fechando seus olhos lentamente. Permanece com os mesmos fechados de cabeça para cima em direção ao teto.
Não estou entendendo o que está dizendo. Parece que está tentando mudar de assunto.
— Você é livre para falar de suas esperanças e ideais, mas não pode persuadir ninguém. Todos tem suas falhas e pensamentos próprios que querem levar adiante. — Arregalei meus olhos em direção a Heller ao ouvir seu comentário.
— Está dizendo que estou errada? — Solto alguns risos por estar sendo feita de otária por um garoto inútil que não tem pensamento lógico. — Esperança e desespero traçam o mesmo caminho. Você deseja algo que não pode ter. São dois nomes em direção a mesma coisa.
Pessoas adoram reforçar idéias e pensamentos errados. E mesmo sabendo disso, persistem.
— Não. Eu concordo totalmente com você. — Disse ele com abaixando a cabeça e abrindo seus olhos em minha direção com o olhar fixado. — O mundo é escuro, egoísta e cruel. Se encontrarem até mesmo o mais leve raio de sol, o próprio o destrói pela inveja do outro encontrar mesma coisa também. Eu vejo isso e entendo, mas...
Heller olha para o vidro ao lado de onde estão nos observando e continua sua fala.
— Mas tanto faz, eu realmente... não ligo. — Retorna seu olhar diretamente a mim.
— Eu sou diferente. Tenho meus objetivos à cumprir. — Disse eu colocando uma das minhas mãos segurando minha cintura. — Você não disse que por mais que sejamos diferentes, queremos a mesma coisa? Então... o que você realmente quer?
Pensativo olhando para o chão, alguns segundos aguardando sua resposta. Novamente direciona seu olhar para o vidro preto que estamos sendo observados. Caminha até lá.
— ...
— As madrugadas que aguardava você retornar para casa, tinha cada palavra que não queria ouvir dentro da minha cabeça que se tornou quase impossível pensar com alguma clareza. — Colocou a palma de sua mão no vidro. — O que um dia aquele que já me fez dormir sorrindo, é o que agora tem me dado pesadelos... pai.
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Heller Dimitrescu
AbenteuerSob neves intermináveis que tocam o solo em todos os anos desde que um enorme castelo fora construído em frente ao nosso vilarejo. Nada e nem ninguém sabe o que aquelas paredes feitas de pedra guardam em seu interior. Luzes de velas sempre eram vist...