Daniela Dimitrescu
Sabe uma coisa que me irrita? Um rosto que eu tenho certeza absoluta que não há zombarias, ele apenas... apenas fala o que quer dizer. Heller é de longe o pior ser-humano que já tive de lidar. Já se passaram algumas semanas aqui no castelo após seu retorno e dito isso, por que se incomodar falando com todo mundo que está por aí.
Ninguém aqui fala com ninguém além de coisas relevantes, pedidos e ordens vindas de minha mãe. Minhas irmãs apenas vagam no castelo procurando algo para fazer, Moreau por inúmeras vezes se senta em uma janela e contempla a vista do que há fora do castelo, Heisenberg por outro lado está sempre tentando algo contra minha mãe, e digo algo sobre escárnio; Derrotas atrás de derrotas em sua tentativa miserável de tentar ver minha mãe parecer patética. O fingimento de negligência que vem dela é o que faz o parecer patético. Minha mãe anda sendo muito legal ultimamente, bem conformidada, eu diria.
Deve ser por isso que ele ainda não foi morto...
E agora que eu tô percendo uma coisa... como ninguém fala com ninguém, além de coisas revelantes, Heller é o único que se incomoda em falar com quem está por aí, mesmo sem motivo para puxar uma conversa...
— Vem sempre aqui?
— Eu moro aqui, seu idiota. — Meu olhar exasperado em sua direção não desfaz seu sorriso de canto, que triunfa cada vez mais.
— Biblioteca...? Livros...? Tu...? — Vestindo um agasalho feito de lã cinza por Donna, Heller coloca suas costas contra a cadeira, cruza seus braços com surpresa em seu semblante com essas perguntas. — Desde quando você... lê?
— Da forma como você fala, faz parecer que sou deplorável ao ler um livro a cada mês. — Meus olhos semi-cerrados em sua direção mostrando o quão pouco estou me importando com o que diz. — Aliás... por que não incomoda Bela e me deixa em paz? Afinal, do modo que fala é como se fosse um milagre eu abrir um livro. Por que me atormentar nesse acontecimento raro?
— Tenho vergonha.
— Vejo mil e uma mentiras nessa sua fala. — Digo ao que se referiu à Bela. — Você...? Vergonha...? Pelo que faz e fala...? — Coloquei minhas costas contra a cadeira, cruzei meus braços com surpresa em meio ao rosto fazendo as perguntas.
— Coincidência? — Perguntou Heller, percebendo ambas nossas posturas idênticas e levantando uma de suas sombrancelhas após a pergunta.
— Eu chamo de roteiro.
— Válido, mas não. — Virou seu olhar para a porta da biblioteca, onde a própria se abre ecoando tal barulho que se torna rapidamente um incômodo.
Donna se faz presente junto à Angie sentada em seus braços em frente ao peito. Imóvel até perceber que Heller também estava no local. Poucos segundos até estar se encontrando no colo de Heller; Chega a ser impressionante o apego que ela tem por ele. Chega à ser intrigante o apreço que Angie tem por Heller.
Mas todos já sabemos o porquê de tal apego. Como Donna foi ressuscitada a partir do sangue de Heller que agora, corre em suas veias. E por mais que esteja em outro corpo, tem seu dono, pois pode ser muito bem retirado. Sobre o motivo disso? Não queremos ir a fundo. Só pelo fato que o sangue de heller está nos vazos sanguíneos de Donna já é razão suficiente que, Angie tem em consideração à Heller.
De qualquer forma, deixei o livro sobre a mesa e virei as costas para a biblioteca saindo pela porta, e antes mesmo de ultrapassar, ouço uma voz se referindo à mim.
— Aonde você vai?
— Não sei... para fora do castelo talvez? Ver como tá o clima, talvez até bronzear minha pele; Tenho certeza que tá um sol escaldante para aproveitar. — Com um tom brincalhão, e claro, furiosa por receber tal perguntar estúpida.
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Heller Dimitrescu
AdventureSob neves intermináveis que tocam o solo em todos os anos desde que um enorme castelo fora construído em frente ao nosso vilarejo. Nada e nem ninguém sabe o que aquelas paredes feitas de pedra guardam em seu interior. Luzes de velas sempre eram vist...