Capítulo 23 - Confiança

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Bela Dimitrescu

Depois de sentir um cheiro familiar, mas um sangue diferente, também conhecido se aproximando do saguão principal, onde estou sentada em uma poltrona individual encarando a chamas da chaminé em minha frente.

Chegando à direita ao subir as escadas, Donna Beneviento segurando a Angie, sua boneca completamente coberta de sangue. Se não fosse alguns pontos em brancos, dificilmente alguém conseguiria perceber que o vestido de fios que a boneca usara é de fato branco.

Donna Beneviento com seu traje que trás entonação ao luto, retira a parte superior, mostrando seu rosto. Eu lembro-me que ela era linda, mas também me lembro que havia um abscesso mutante sobre seu olho direito, mas não o vejo mais lá.

Foi até rápido, não pelo trajeto de ída e volta, mas que a conversação deveria ao menos demorar. Ainda mais que Donna não é alguém de se falar, literalmente.

— Donna! — Gritou Daniela enquanto ainda dissipada em insetos que, em seguida abraça Donna.

De todas as palavras, atos, momentos e ações que nos tomam, que nos fazem ser o que de fato somos. Nosso coração não bate mais, porém ainda temos ele. E com toda a clareza que Daniela sentiria seu coração bater e veias pulsando de alegria e emoção.

Ao menos é isso que aprendi com os livros.

— Donna Beneviento. — Chamara a atenção de todos presentes após a citação feita por minha mãe do andar superior, encontrando-se em uma pequena sacada envolvida com cerca guarda-corpo. — Não vou dizer que é um prazer revê-la, mas satisfeita em vê-la bem. Heller, novamente, agradeço por fazer sua tarefa cumprida. — Agradeceu a mãe e virando suas costas em seguida.

Heller toma seu caminho se direcionando para o andar superior em direção aos dormitórios. Eu me junto à ele caminhando atrás do próprio. Chegando em seu quarto, Heller adentra e se desfaz da espada junto à bainha. Segundos depois o mesmo me encara.

— Tem algo que eu possa fazer por você? — Perguntou ele vindo até mim.

— A Donna não tirava os olhos de você. Àquilo nunca, jamais seria um semblante de admiração, quem dirá a representação de segurança que é expressada. — O tom cortante em minha voz faz ele não tirar seus olhos do meu. — Para mim, uma das piores coisas é a mentira, mesmo que seja sem complexidade ou banais. - Decretei olhando abaixo de seu nariz, alguns centímetros para ficar da mesma altura que Heller.

Eu ví a face de Donna, os batimentos de insegurança ao lado de Heller é claro.

— Eu a torturei. — Me pego pensativa. Se eu deveria acreditar ou não. Donna e Angie torturada? Isso é uma piada? — Quer a verdade, es a verdade. Quer fatos? Vá até Donna. A própria dirá.

— Suponha que seja a verdade, por que a torturou? — Após eu ter feito minha pergunta, Heller tira seu casaco e roupas da parte superior do corpo. As feridas já haviam cicatrizado, mas as manchas de sangue ainda estavam presentes. — Se você foi torturado, por que até mesmo as manchas de sangue, seu sangue, se encontra no vestido de Angie?

— Já ouviu falar em alcalóides? — Perguntou ele com um breve silêncio meu como resposta. — É uma planta. Aparentemente capaz de causar alucinações nas pessoas.

— Incrível você saber disto. — Decretei com um tom imperativo na voz. Deixo claro que isso não é um elogio.

— Algo à mais que eu precise saber?

— Não há mais nada que precise saber. — Decretei com a paciência escassa. — Reze para que Donna ou Angie não conte para Daniela, ao contrário o pior é apenas um dos cenários que pode acontecer.

— Então o pior realmente pode ficar horrível? — Perguntou Heller dando alguns risos baixos.

— Não fizemos nada contra você apenas pelas ordens de nossa mãe, não pense que em nenhum momento que somos bondosas. — Disse ainda fixando meu olhar ao de Heller. — Com certeza isso seria um grande erro.

— Queria saber o motivo de você estar brava.

— Suas ações. — Respondi de imediato. — Sempre há uma opção passiva. Você poderia muito bem ter trago ambas aqui sem ter que lutar, quanto mais... mais... — Levantei minha voz, mas com as falas, isso me deu dor de cabeça por discutir.

— Quanto mais torturar? — Indagou Heller com um tom agressivo, porém calmo. — Miranda quer matar os quatro lordes, fora é claro, Heisenberg.

— Heller... — Murmurei.

— Você acha mesmo que vou perder meu tempo com alguém que pode me foder de uma hora pra outra?

— O diálog-

— Tentei dialogar, mas ela nem sequer se deu o trabalho! — Levantou sua voz apontando com o dedo indicador em direção à porta atrás de mim. Interrompendo minha fala. — Sabe de nossa situação e insisti colocar a culpa em mim. Bom saber que sou apenas um descartável para vocês.

— E-Eu não...

— Posso ser ferido, quebrado e espancado. — Disse ele colocando a mão em seu peito junto a um tom brincalhão. — Se dói? É claro que dói. Mas ninguém se importa já que no final do dia estarei curado. Ninguém senti essa dor e a ardência. — Terminando sua fala com a face serena, mas o tom de voz irado, deixa seu cheiro por onde passa e Heller saí do quarto sem as roupas superiores, me deixando para trás a só.

Ah... ações significam mais, porém palavras machucam tanto quanto, hã...?

Eu discuti com ele apenas para saber o motivo de Donna ter ficado insegura ao lado de Heller. Por que tive de ir tão longe?!

Heller DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora