Capítulo 30 - Familiarizado

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Miranda

O ar gélido como nenhum outro, entrara em minhas narinas sensíveis e direcionando-se à garganta. Nos ouvidos, ouvia os ranger de dentes e ferro se estalando e roendo por um anel de aliança. As gotas que caíam dos olhos marejados ao solo estavam presentes.

Foi feito o que eu tanto queria. Ativei o mutamiceto no organismo de Rosemary, transformando-a em cristal e dividindo-a em quatro partes em frascos. Para quando a hora chegar eu submeter a coincidência de Eveline. Porém, vou usar esta oportunidade e testar a lealdade de meus filhos e claro, a força de vontade do querido papai, pois a mamãe já está de cara no chão.

Com os quatro frascos, darei para cada lorde. Matá-los eu mesmo não seria uma lógica sensata ao parar para pensar. Manipular o espaço como peça de xadrez parece uma boa forma de ver a capacidade de cada jogador.

Partir para o bioma formado por Moreau, não precisei ir à fundo para encontrá-lo.

— Mãe Miranda! — Levantara sua voz enquanto corria até mim.

Com a palma da mão levantada, um sinal de parar ele correpondeu a expressão. Com silêncio, ergui meu braço entregando-o um dos frascos à ele. Com uma promessa de proteger este frasco, isso não me convence que realmente está em boas mãos, mas veremos o resultado.

Próximo destino é Heisenberg e sua fábrica. Antes mesmo de entrar em seu terreno, já solicitei sua presença aqui fora. Estou curiosa em quais experimentos ele está tramando, mas estou sem tempo para tal.

Karl Heisenberg é um mutante-humano, um gênio da engenharia, ele é assumidamente o patriarca da família Heisenberg. Residente em um país do Leste Europeu, ele herdou a Fábrica Heisenberg localizada fora da vila, me servindo, me sinto mais agradável ao compartilhar meu espaço com tamanha genialidade.

— Mãe Miranda, o que a traz aqui? — Perguntou ele fumando e expelindo a fumaça para fora da boca.

— Vim pedir um favor à ti. — Ergui meu braço com um dos frascos na palma da mão, o mesmo pegou e com um olhar curioso, levantou uma de suas sombrancelhas. — Proteja este frasco. — Ordenei.

Karl ainda não se conteve e continuou com a incerteza de negar ou aceitar tal julgamento.

— Isso não é problema. — Disse ele. — Mas eu gostaria de saber o que é isto.

E lá está sua dúvida.

— Quiser pesquisar sobre este frasco, dou liberdade. Mas estou com pouco tempo, então perdoe-me desta vez. — Um falso sorriso de canto eu apresentei à ele. Porém Karl nada disse ou expressou algo em sua face.

Sem mais nada à acrescentar no assunto, virei minhas costas e tracei minha trajetória até o castelo Dimetrescu. Encontrei alguns Licanos mortos no caminho enquanto atravessara o vilarejo. Com os portões abertos para minha sorte, não precisei fragmentar-me em corvos para sobrevoar até o topo do castelo e encontrar alguma entrada.

Não demorou muito até eu chegar no salão dos quatro, onde Cassandra e Daniela me olharam estagnada, Dimetrescu curiosa e Donna Beneviento surpresa, tanto quanto eu inclusive por encontrá-la aqui. Todas sentadas nos degraus da grande escadaria exceto Dimitrescu.

Um forte cheiro familiar entrou pelas narinas, querendo sentir ainda mais o odor, eu expirei pela boca fortemente. A clareza do cheiro vir de Dimitrescu e suas filhas me causava perturbação. O aroma vinha diretamente pelo sangue, e como as características são de alguém canibal, o sangue também é incluído.

Concluindo o raciocínio, alguém que não é de meu conhecimento está no castelo.

— Miranda. — Dimitrescu chamara minha atenção com uma taça que continha sangue. Mas não era do mesmo tipo. Entretanto, não me chamar de mãe me deixou um pouco receosa. — O que faz aqui? — Franziu suas sombrancelhas com uma face de desagrado por minha presença.

Heller DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora