Capitulo 50 - Seu olhar

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Bela Dimitrescu

O Saguão Principal tomado por doze soldados armados. Minha mãe junto a todos do castelo se encontravam antes da lareira, onde a fogueira entre os tijolos era o meio perfeito da divisão de ambos os lados.

Eu fiquei imóvel no espaço que estava nas escadas, mas um soldado veio a falar em um tom alto e claro atrás deles, como um aviso. No segundo andar ao fundo do corredor aberto com balaustrada, Heller se encontrava de costas contra a parede, de braços cruzados e lançando um olhar cortante e brilhante naquela escuridão. Isso foi motivo suficiente para atrair metade das tropas tudo para sí em uma guarda alta.

Ethan se fez presente com a criança, a analise de seu Capitão, Chris, não precisou medir esforço ao ficar mais confortável ao ver o estado de ambos à sua frente. Uma ordem dada para seu esquadrão abaixarem as armas. A suposta Mia, tropeçou, chorou e enfim caiu em lágrimas no chão ao ver sua filha sã e salva, como também Ethan ao reencontrar sua esposa.

Todos nós do castelo ficamos um pouco mais a vontade, mas assim como o Capitão e seu esquadrão, ficamos atentos para qualquer movimento. Uma coisa que não pôde passar despercebido era o encarar de Chris, cujo recebeu uma expressão nada convidativa vinda de Heller.

— Pensei que fosse um homem de palavra. — Disse Chris em um tom de voz suave, baixo. Parecia saber que Heller escutava naquela distância, algo que um humano normal não conseguiria com os choros daquela mulher e a voz aguda da criança. — Aquele golpe realmente doeu. Pensei que iria morrer por uma hemorrágia crítica pela falta de sangue que tive.

Heller não expressou nada, parecia uma estátua de braços cruzados naquele breu; uma estátua que respirava. Eram apenas seus olhos brilhantes que denunciava sua posição, onde não haviam velas para iluminar aquela área.

Recebi um assobio de minha mãe, como também um aceno. Na hora não precisava de um contexto para perguntar o motivo de receber aquele gesto. Comecei a subir as escadas, andar no mesmo corredor até o final dele, onde Heller se encontrava inexpressivo.

— Você está bem? — Perguntei e ele pareceu retornar para a realidade. Parecia surpreso que estava à sua frente.

Ele deu um suspiro forte e desfez os braços cruzados. Ao passar ao meu lado, acariciou minha cabeça, bagunçando meu cabelo. E vendo suas costas se distanciando naqueles corredores enquanto via algumas mechas de cabelo em frente aos olhos, já obtive minha resposta sem ouvi-la.

Os soldados pareciam descansar nos degraus da escada do Salão dos Quatro. Chris, por outro lado fitava Heller de forma estranha, uma expressão que não carregava ódio ou rancor pelo que o garoto fez com seu pai.

Em um movimento inesperado, Chris subiu as escadas. Eu, assim como minhas irmãs e o próprio Heisenberg estava pronto para impedir de dar os próximos passos afim de chegar ao segundo andar, mas o gesto vindo de minha mãe parou todos nós, e antes que pudéssemos fazer algo perante aquilo, ouvimos palavras de uma voz grave.

— Fraco... debilitado... tristeza no semblante. Você realmente mudou sua face para uma expressão determinada. — Sua voz era firme e com um tom resoluto. — Ficar com esses monstros nojentos realmente lhe deu alguma esperança ou você se sente conformado ao ficar com pessoas do mesmo grupo?

Cada vez mais, os passos de Heller eram ouvidos mais de longe. Parecia não se importar com as palavras do Capitão ao sair da presença de todos que aqui estão ao entrar em uma porta que lhe dava acesso à biblioteca.

A face do Chris mudou para uma expressão estranha, mas com um sorriso diabólico nos lábios formados. Em uma ação involuntária, tracei meu curso para a biblioteca, passando ao lado do Capitão, onde sentia a todo momento antes de entrar na biblioteca, minhas costas sendo fuziladas com olhares nada agradáveis.

Heller DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora