Capítulo 39 - Transbordando Sentimentos

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Heller Dimitrescu

Aquelas manchas de sangue em seu rosto, o tamanho daquela bolsa de sangue e daquela agulha para transferir uma quantidade exagerada de sangue. O tamanho da fenda no meu peito é o tamanho da palma de um adulto. E a costura parece ser bem recente. Tampouco sinto o desconforto, mas o formigamento está presente na área do peito.

E ela tirou aquele quantia grande de sangue do próprio corpo?
Que tipo de situação Bela se encontrava comigo para precisar ser tão extrema a ponto de parecer que passei por uma emergência?
Bela presenciou a minha perda de sangue, todas as provas estavam lá, mas o quanto sua mente é reforçada a ponto de não se paralisar por se encontrar em um momento como aquele?

A única coisa que pude fazer é agradecê-la depois de ela passar por tudo àquilo e pior... foi sozinha...? Beijando o topo de sua cabeça em forma de agradecimento só me fez parecer mais estúpido.

QUE AGRADECIMENTO DE MERDA!

Até sei como que Bela reagiu. O desgosto... eu posso até imaginar seu semblante. Eu passando por um situação no seu lugar e receber um beijo no topo da minha cabeça?

QUE MERDA DE RECOMPENSA É ESSA!?

— Heller!? — Perguntou Cassandra na minha frente, surpresa com o que vía. Mas nenhum resquício de medo ou espanto em seu semblante. É um tanto estranho depois de eu assasinar três Lordes e decepar a mão da sua mãe. Ela parece um tanto... tranquila.

— Cassandra, posso saber onde posso encontrar sua mãe? — Perguntei tendo pouca certeza, mas só para confirmar.

— Ela está no laboratório, e deseja que ninguém a interrompa. — Declarou com clareza e firmeza nas palavras. Parecia até como se uma ordem fosse direcionado à mim.

Sabia que estava no laboratório, e também sei o motivo. Saí de sua presença agradecendo-a e traçando o caminho até lá. Acabando de passar pelo Saguão Principal, Ethan era segurado por Daniela que pouco fazia esforço em prender ambos os braços com uma única mão.

— Heller seu...! — Levantou sua voz me reprendendo. — Seu desgraçado! — Sua voz com um tom forte de agressividade não me dá o direito de retrucar.

Bela aparece ao meu lado olhando Ethan em nossa frente, e após ela perceber que estou olhando em sua direção, a própria desvia o olhar e a cabeça para a direção oposta à minha.

EU SABIA! Que má idéia que eu tive! Tenho a clara certeza que ela deve me odiar, eu não preciso mais retornar meu olhar para ver sua face para ver seu desgosto, afinal eu faria o mesmo...!

Por entre as gritarias de Ethan em minha direção, logo se cessam e uma voz aguda de uma criança ao fundo ecoa no local. O choro de uma criança deixa Ethan em êxtase. Seus olhos arregalados enquanto Alcina Dimitrescu passa ao meu lado em direção ao próprio.

A criança deitada em seus braços chorando, com uma pequena coberta envolta de seu corpo. Com os olhos marejados por ver sua filha à sua frente chorando, foi mais que o suficiente para fazer Ethan perder a força de suas pernas e cair de joelhos no chão. Alcina dobrou seus joelhos e cuidadosamente, entregou a filha a seu pai.

Um momento lindo e, pelo percurso que ele teve de fazer foi algo bem assustador. Mas no fim, sua filha está de volta e em conforto pelo seu abraço. Para que isso não se repita, proteger ambos neste castelo é tudo que vejo daqui pra frente. Me estranha essa linha de pensamento. Não fazem dois dias que assasinei Heisenberg, Donna, Moreau, ameacei as filhas de Alcina, a própria Dimitrescu e estou sendo bem tratado neste castelo.

Eu tô com um mal presentimento de tudo isso.

— Heller. — Alcina Dimitrescu ao passar do meu lado, com um tom de voz imperativo, ordena: — Siga-me. — E aí está o mal presentimento.

Heller DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora