Capítulo 1 - Abrigo

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Heller

Caminhando até o grande castelo, quase anoitecendo, meus pés se afundando em centímetros adentro na neve. Sinto minha garganta desgastada pelo vento gélido que passa pela mesma.

Após chegar até portão do castelo, aqueles lobisomens param de me perseguir e começam a olhar a estrutura à frente. Não sei o que era aquela expressão, mas sei que era totalmente o oposto de satisfação que me olharam minutos atrás querendo me dilacerar.

Ao menos pararam de me perseguir...

Com uma grande ponte acima apoiada pelas duas torres em ambos os lados. Antes de adentrar, duas portas de ferro são vistas. Empurro as mesmas com pressa me dando a passagem.

Já dentro do castelo, avisto um cômodo saturado e com detalhes de desenhos esculpidos na parede e retratos de belas damas à minha frente. Em alguns segundos contemplando, uma grade caí em frente a porta dupla na qual havia entrado atrás de mim, agora, me impossibilitando de sair.

- Mas que barulho foi... - Uma mulher com um tom de pele pálida passa pela porta a minha esquerda com um longo vestido branco, chapéu preto... uma altura e tanto.

Sua primeira expressão que fizera era de curiosidade, o motivo de tal barulho. Não pareceu tão contente com a visita, mas também não pareceu nervosa. Ficamos nos encarando, nossos olhos nunca fugindo um do outro. Meus instintos gritam, querendo que meu corpo fugisse o mais depressa possível e minha mente pensando em uma escapatória.

Tive receio, um pressentimento muito ruim vindo dela. Não pela altura, mas por aqueles olhos. A cor dourada em suas pupilas de cor vívida, me encarando em meio a escuridão daquele local.

— Seu nome. — O tom cortante de sua voz feminina querendo imediatamente a resposta. Não hesito de forma alguma em respondê-la.

— H-Heller. — Guaguejo não pelo medo, mas pelo frio que ainda sinto.

Eu tenho a plena certeza de que quando entrei no castelo, não era essa a temperatura desse cômodo. Desde a presença daquela mulher, sinto ainda mais frio.

— O que faz em meu castelo, criança? — Perguntou ela, calmamente, como se tivesse todo o tempo do mundo enquanto fuma seu cachimbo.

Não conseguindo mais dar uma resposta completa pela minha garganta desgastada, apenas uma palavra. Espero mesmo que ela ao menos entenda um pouco do porquê estou aqui.

— F-Fri... Frio. — Ao tentar dizer a palavra, o ar gélido que saira da minha boca, se torna uma pequena fumaça a minha frente e minha garganta agora tá acabada.

— Entendo... — Disse ela se aproximando de mim. — Poderá ficar com apenas uma condição. — A mesma sobe seu vestido até a cintura e se ajoelha em minha frente.

A mulher abre sua mão e suas unhas crescem metais longos e negros. A mesma rasga minha palma da mão e não sinto muita dor pelo efeito do frio, mas ela... ela está bebendo meu sangue!?

Após alguns segundos, ela afasta sua boca com o sangue escorrendo pelos lábios e se levanta em seguida. Ela pareceu muito surpresa e pouco contente enquanto limpa sua boca com um lenço branco.

— D-Doce. — Murmurou ela, mas o suficiente para conseguir ouvir. O sorriso dela se abre de orelha a orelha. - Siga-me.

O rosto dela... realmente era linda. Eu pensei que eu fosse ver algo não muito agradável, mas tirando o que acabou de acontecer, não foi tão ruim. Quero dizer, doar meu sangue a troco de um abrigo contra a neve interminável e ventos congelantes é algo bem válido em minha situação.

Entrando na porta onde a bela mulher acabara de passar, começamos a andar bastante. Os cômodos de lazer que mais me chamou atenção foi a biblioteca imensa e as adegas. Sala de jantar e um enorme salão como o cômodo principal, e sobre todos os tetos, lustres de cristal tendo como a iluminação por velas.

Uma bela decoração, de fato.

Mais de vinte minutos caminhando até chegar nos cômodo no terceiro andar. Creio que seria... os dormitórios. Em um corredor pisando em tapetes vermelhos e candelabros em ambos os lados da parede, ela apresentara as cinco portas.

Duas na direita e duas na esquerda tendo como cinco metros longe uma da outra. Ela abre a porta da esquerda, a primeira que se vê antes da outra e disse que este seria meu quarto a partir de agora.

Apontei a ela sobre a porta dupla pivotante do meio, ao fim do corredor, não disse sequer uma palavra até este momento. Disse a mesma para não abrir de forma alguma, a menos que seja autorizado ou quando ela mesma estivesse presente, assim como também vale para as outras três portas. Pelo meu próprio bem.

— Não precisa ter pressa. Descanse o quanto achar necessário. — Disse ela com um sorriso de canto enquanto termina de fechar a porta.

No quarto no qual estou, janelas verticais duplas, sem desenhos nos vidros. Uma cama de casal bastante grande, um retrato de um anjo com as asas quebrada em frente a cama esculpido na parede e uma escrivaninha em frente a uma das janelas.

Parece meio vazio por conta do tamanho do quarto, mas não pensei que seria muito para mim. Com o cansaço, exaustão e frio, deixo minhas bagagens no chão, retiro as botas e estava indo direto para a cama, quando sinto algo quente passando pelos meus dedos.

Vejo meu sangue após erguer minha mão com o corte.

Olhei em volta, mas não havia nada para estancar o sangramento, olho para o lençol e fico encarando-o.

"Porquê não?"

Vou até minha bagagem e retiro uma faca caseira e rasgo um pedaço do lençol. Limpando o sangue com o mesmo, envolto o lençol na palma da mão em seguida. Isso deve servir.

Vou até a cama, me cubro com tudo que eu tenho e fico encarando o teto até eu pegar no sono que não demora muito para chegar.

Heller DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora