Bela Dimitrescu
Em um cômodo grande que se encontra no terraço, nele há algumas estantes contendo alguns livros, manequins e algumas tralhas carregando resíduos de pó no cômodo. Ninguém vem à este cômodo faz algum tempo e, como eu e minhas irmãs não limpamos, nossa mãe tampouco perde seu tempo com isso desde as empregadas que, já perdi a noção do tempo qual foi a última delas. Até então, o pó tomou conta de tudo que aqui se encontram.
Mas o que me deixou com pena e dó, foi o piano presente na sala. O pó o cobria por completo sua cor preta e detalhes dourados como aparência, não só ele como também os livros que continha as mais variadas notas que compõe cada música.
O piano por ser considerado um instrumento de corda, fiquei um pouco chateada por não poder usá-lo de forma mais melódica, pois o som não sairia de forma mais harmônica e rítmica pelos resíduos de pó, e não só o pó que permanece, mas as teias de aranhas que tenho a certeza de que estão presentes.
E falando em presença...
— Ficar quieto me observando me deixa incomodada, Heisenberg. — Disse para o próprio que estava de pé na porta.
— Sinto muito, pequenina. Você estava tão focada que me sentiria culpado por estar te atrapalhando em algo. — Levantei uma de minhas sombrancelhas. — Eu ficaria bravo.
— "Pequenina"? — Perguntei olhando em sua direção. — Sou mais velha do que você, se é que... isso vale algo. E não, não vejo problema algum você vir me incomodar.
— É claro, bom.. — Com seu tom de voz baixo, ele retorna a falar com um tom imperativo. — "Diga à Bela para me encontrar na Adega, a algo que preciso compartilhar para ela." — Imitando a voz feminina, Karl parecia estar atuando ao que parecia minha mãe.
Segurando uma barrinha de ferro, e ao término de sua fala, coloca sua boca e expira o ar de dentro do peito. Tentando imitá-la fumando.
— E então?
— É... mais ou menos. — Disse à ele o que eu achava de sua imitação e o próprio saiu da minha presença logo depois, ajeitando seus óculos. Foi um tanto... intrigante recebê-lo daquela forma, não vou mentir.
Virei novamente para o piano coberto de pó, as estantes com teias de aranhas, a vitrola gamophone quebrada. Suspirei apertando ambos os olhos fechados com os dedos, fazendo pouca pressão no local.
— Sobre a limpeza, posso até me virar, mas a vitrola... — Fixando meu olhar na mesma ainda carregando um disco de música. — A vitrola posso pedir para Heisenberg dar uma olhada.
Ao término da minha fala, acabei recordando que minha mãe está me esperando na Adega. Enquanto caminho até lá, imagino como que o cômodo irá ficar depois que acabar de limpá-lo. Porém depois que atravessar a porta para adentrar na Adega, decido deixar esse assunto de lado.
— Mãe? — Chamei seu nome enquanto ela estava de costas e ao virar-se, em suas mãos, se encontrava uma garrafa de vinhos decoradas de rosas prateadas.
— Bela, preciso de sua ajuda com algo que de primeiro momento não é grande coisa, mas deixar de lado pode ser um problema no futuro. — Mesmo sua face transparecendo calma, suas palavras não transmite tal semelhança. — Miranda algum dia virá atrás da criança, equipar todos deste castelo não trará vantagem, porém o preparo deve ser feito mesmo assim. Eu fiz uma lista, está na mesa. Faça as compras com Duque e não se esqueça de perceber o polimento e condição de cada item.
A lista sobre a mesa é grande, mas os itens que estão presentes nela... até mesmo a mãe sabe que o Duque talvez não tenha para oferecer.
— Mãe, eu não posso me certificar de que alguns itens que Duque possa conceder, talvez não será possível. — Disse analisando a lista em uma das minhas mãos. — A não ser comprar componentes para criação. — Sugeri.
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Heller Dimitrescu
AdventureSob neves intermináveis que tocam o solo em todos os anos desde que um enorme castelo fora construído em frente ao nosso vilarejo. Nada e nem ninguém sabe o que aquelas paredes feitas de pedra guardam em seu interior. Luzes de velas sempre eram vist...