Heller
(Flashback - 7 anos atrás)— As madrugadas que aguardava você retornar para casa, tinha cada palavra que não queria ouvir dentro da minha cabeça que se tornou quase impossível pensar com alguma clareza. — Colocou a palma de sua mão no vidro. — O que um dia aquele que já me fez dormir sorrindo, é o que agora tem me dado pesadelos... pai.
— Assim como você mesmo disse, todos tem seus ideais à cumprir. — Disse ele com um comunicador de dentro da sela. — E pelo trabalho, assegurar a segurança dos civis é prioridade, mas é claro que, nem todos possam ser salvos. Se eu ter que sacrificar meu filho que teve compatibilidade nunca vista com o T-Vírus antes de completar seus 11 anos de idade, é uma carta branca que pretendo usar. — O tom cortante em sua voz é clara.
Olhei para trás olhando Eveline encarando o vidro sem expressão ou um olhar que signifique algo.
— O sistema é foda, garoto. Ele não se importa com vidas insignificantes, pessoas que podem mudar diante ao socialismo. Assim como a garota havia dito, todos buscam conhecimento pelos direitos, pois nesses mesmo direitos serão sua proteção para não se ajoelhar acompanhado pela vergonha. — Uma voz familiar ecoa no local por meio dos alto falantes, distingui pelo tom.
Isso se chama orgulho Alpha, não invente desculpas idiotas...
— Vê agora? — Perguntou Eveline me fazendo retornar meu olhar sobre ela novamente. — Diga-me Heller, de onde você acha que vem os vilões? Seja sincero ao menos uma vez na vida. — Expressou em seu tom de voz um imperativo forte, que exprime uma ordem.
Mesmo assim, eu penso, busco uma forma de respondê-la e tenho essa resposta de fato, mas também percebi que não tenho o direito de respondê-la da forma que penso.
— Sem comentários? — Perguntou e ela e lançou um olhar mortal em minha direção, é quase como se um predador estivesse prestar a atacar sua presa.
Não sei quem está certo ou errado. Eu estou... estou perdido.
Caminho para um lado e para o outro, sobre todos os cantos da sela. A garota apenas a observar e eu encontrando uma forma de sair dessa merda. Meu sangue tá fervendo tanto que parece que vou explodir à qualquer momento. Isso me parece familiar, toda vez que fico nervoso meu sangue fica quente e meus sentidos aguçados.
"T-vírus". Ouvi e ví o nome estampado na seringa da agulha antes de inserir tal líquido em meu pescoço e antebraço. Não sei exatamente o que isso é, mas eu sei que não teve efeito negativo, caso contrário estaria morto.
Bom... é a cena mais provável de se imaginar.
— O que está fazendo garoto? — Perguntou ele com um comunicador para dentro da sela.
Vou até a parede branca em direção oposta do vidro. Coloco minha mão esquerda em frente e com a outra, indireto os ombros para trás e com o impulso, soco a parede com toda força.
Efeito algum aconteceu à ela diferente da minha mão com os dedos totalmente quebrados e pulso deslocado. O sangue pelas feridas abertas estava escorrendo pelos dedos.
Uma dor do caralho.
— Você é apenas um humano, Heller. — Disse Eveline com êxtase na voz. — Nada que fará com essa parede pode ser quebrada.
— Como tem tanta certeza? — Perguntei me virando em sua direção.
— Porque eu ainda estou aqui. — Falou ela calmamente e lentamente com as palavras, querendo que eu prestasse atenção em cada palavra a ser dita.
Por um único instante em meio ao silêncio, sua face se tornou surpresa em um único instante, em seguida, curiosa. A garota vem ao meu encontro puxando o mesmo braço quebrado, ou pelo menos era de se esperar.
Pude mover novamente meus dedos, virar meu pulso. Ver e perceber pele e osso totalmente curados. Os dedos de Eveline acaricia a palma da minha mão, olhando fixamente em meus olhos.
— O que voc- ARGH! — Fechei meus olhos fortemente junto com meu grito estrondoso.
Ao abrir um dos meus olhos novamente já segurando meu pulso com a outra mão e vejo uma poça de sangue aos poucos sendo formada e aumentando seu alargamento pelo chão e vejo Eveline de pé encarando-me.
Na palma da minha mão, percebo um grande buraco no centro sendo preenchido por algo negro, parece até que tá vivo ao vê-lo mecher-se. Minutos agonizando de dor, vendo minha pele se esticando e cobrindo a parte negra no centro de minha palma. E o resultado não mudou.
Totalmente curado.
— Mas que porra foi essa? — Perguntei olhando para cima na esperança de uma resposta convincente e clara o bastante. Olhei em volta e não vejo mais ela na grande sela.
Direita, esquerda, até no teto. Não vejo mais Eveline presente na sela. Segundos depois o chão treme o suficiente para saber que algo está vindo de fora. As quatro paredes se abaixam, centenas de militares incluindo meu pai armado com colete, fuzil e máscara de oxigênio.
— Confirmando. E-001 ainda presente na sela. — Disse ele com um fone comunicador no ouvido, e logo após o relatório, vejo linhas vermelhas em minha direção saindo da boca das armas.
Um guarda ao lado do meu pai, caminha em passos padrões, sem lentidão, mas sequer rápidos. Se direciona atrás das minhas costas e começa a me algemar pelos pulsos, pescoços e pernas.
Sou escoltado para outro lugar, mas ao decorrer do caminho pelos corredores, minha visão fica embaçada e logo não podia ver mais nada, nada além de um breu.
Antes que pudesse desmaiar sem nada a fazer, ouço uma voz familiar.
"Tomaremos outro rumo."
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Heller Dimitrescu
AdventureSob neves intermináveis que tocam o solo em todos os anos desde que um enorme castelo fora construído em frente ao nosso vilarejo. Nada e nem ninguém sabe o que aquelas paredes feitas de pedra guardam em seu interior. Luzes de velas sempre eram vist...