Alcina Dimitrescu
Acabara de explicar e mostrar a Bela, a ressurreição de Donna e Heisenberg por meio do mutamiceto reforçado com uma grande quantia do sangue de Heller. As probabilidades para o sucesso eram altas, mas não imagina que "Ressurreição" existia de fato, apenas um palavra fantasiosa demais para colocar fé. Mas minha perturbação ainda não cessou, como também a de Bela. Minha filha certamente irá pensar, quebrar a cabeça na parede em busca de uma razão, e eu aqui farei o mesmo.
Heller era parte de nós, tão próximo a Bela quanto qualquer outra pessoa, se igualando ao vínculo de suas irmãs e a mim. O motivo de ter uma criança em um recipiente e ter ficado furioso é muita estúpidez. Ele sabe quem somos e nossa natureza, fora a parte do trabalho de acatar as ordens de alguém superior à nós. Um trabalho apenas.
Matar Donna, Heisenberg e Moreau com ferocidade e eficácia não me convém em nada de sua pessoa. Meu conhecimento que tenho de Heller é que ele seria sim capaz disso, capaz de matar e fazer inúmeras coisas, mas ter motivos mesmo sendo forçado? Isso não é... não é...
Forçado.
Forçado...?
Heller ser forçado à isso...? Mas o que mais no mundo poderia forçar a personalidade de uma pessoa à ser o que ela não é, e mesmo se for possível... é como... é como forçar a alma de uma pessoa a fazer coisas que ela jamais faria, à menos que a própria tenha um julgamento plausível de fazer com clareza.
Isso é impossível. Não dá pra acreditar sem um argumento convencivel. Não tem sentido em ficar insistindo em algo que não sei. Eu preciso de uma pista, elaborar uma tese para saber com o que estou lidando e mesmo se realmente não acertar... ter ao menos poucas pistas levarão minha mente em pensar algo irrefutável.
Algo que eu possa acreditar.
— MÃE! — O grito vindo com força que sai de sua garganta após abrir a porta do laboratório agressiva. Bela faz sua aparição furiosa.
E aí está a pista que necessito, me diga Bela o que você encontrou.
— De quem é essa letra? — Abriu o livro com capa feita de couro marrom e perguntou apontando com seu dedo indicador e mostrando uma das paginas onde as letras se encontravam.
Isso é uma piada?
— Você está gritando por algo fútil? — Perguntei tendo zero esperanças em minha filha agora...
Achei que ela tinha encontrado algo de valioso, mas...-
— EU PERGUNTEI DE QUEM É ESSA LETRA! — Gritou com muita força, eu senti seu coração palpitar e seu punho cerrado, onde suas unhas perfuraram sua carne com outra mão vazia.
Porquê essa raiva e ódio nas palavras?
Seja como for, o modo e tom de voz que ela apresenta e com os olhos afiados e ambas as sombrancelhas juntas, transparecendo em sua face a nítida raiva, não dá mais para pensar que isso é uma piada. Isso... não é uma piada.
Eu nunca ví ela desta forma...
— Deixe-me ver. — Ergui minha mão e a mesma de imediato entregou o livro. Ao analisar as palavras, as letras não condiz com nenhum de nós que está presente aqui, exceto por...
"Mate os Lordes e recupere os frascos em prol da vida de uma pobre criança. A raiva consumida deixando seu coração em palpitação rápida. Um homem de palavra deve cumprir o que for dito como ameaça."
Escritos tais palavras com a caligrafia de Mãe Miranda, isso ultrapassa qualquer lógica. A raiva transparecida e o coração com palpitação rápida, e usar palavras como ameaça me fez lembrar de um momento e em uma única pessoa: Heller.
Um tanto intrigante o que está descrito no livro de fato ocorreu. E PIOR... a tinta usada, ou melhor, sangue. O cheiro de pena de corvo e o aroma de sangue que está exalando dessa página não resta dúvidas de que é Miranda. Porém... como?
— Bela, me responda com clareza... — Um breve momento de silêncio e antes de fechar o livro, a caligráfia de Bela estava lá em algumas páginas anteriores. Deixei isso de lado por um momento e retornei meu olhar para minha filha. — Que livro é esse?
Miranda usou esse livro, mas Bela também deve ter usado. Sua raiva e ódio naquele momento não era drama, eu quero saber.
— Eu não sei a razão... mas para qualquer palavra descrita como uma ação ou fala que uma pessoa, no caso Heller... para o próprio é como uma ordem dada. — Arregalei meus olhos e retornei meu olhar para o livro. — Não importa as ordens, Heller vai executar. — Concluiu Bela.
O livro que dei a Bela... mas... isso realmente...? Isso existe!?
... Certo... as peças já se encaixaram sem eu mesma ter que elaborar uma hipótese. Mãe Miranda manipulou Heller usando este livro, colocou o próprio contra todos nós. Com esse livro, fazê-lo retornar para o castelo não será um problema e temos todas as provas para fazer um argumento convincente à Heller. Porém... ter esse livro me deu muitas escolhas agora.
Não posso convencer Ethan, não importa o quanto eu insista, mas posso mandar Heller buscar todos os frascos e fazer sua filha voltar a forma original de uma criança, já que Heisenberg saindo do castelo para pegar o recipiente só estaria colocando sua vida em risco novamente. Miranda nos quer mortos e com Heller que ficou ao seu lado naquele momento, quase conseguiu em nosso último encontro.
— Vamos fazer Heller buscar o frasco na Fábrica de Heisenberg, depois trazê-lo aqui no castelo. Com todas as partes da criança, podemos voltar sua forma original e ter aquele homem... Ethan ao nosso lado. Com Heller aqui, também podemos pegar seu sangue e ressuscitar Moreau. — Entreguei o livro para Bela, e a própria pega. — Miranda vai vir atrás de nós, com nós todos aqui... os quatro Lordes juntos, Heller e minhas filhas podemos proteger a criança e Ethan. — Uma sugestão, apenas aguardando as respostas de todos que se coincidirem, podemos prosseguir com isto.
— Olha, Heller ainda é um perigo que não posso confiar. — Disse Daniela. — Depois de tudo que ele fez... não é algo que podemos esquecer.
— Todo o perigo pode ser controlado. O que Heller fez foi algo forçado e o livro é a prova do acontecido. — Decretei. — Todos vocês sabem disso, acredito que Heller... não seja isso quando está em sã consciência. — Retornei meu olhar para Bela e acenti em sua direção, lhe dando a permissão para fazer Heller ir para a Fábrica de Heisenberg e trazer Ethan para o castelo.
Bela saiu de nossa presença junto com o livro. Se eu bem conheço Heller, no amanhã ele estará aqui.
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Heller Dimitrescu
ПриключенияSob neves intermináveis que tocam o solo em todos os anos desde que um enorme castelo fora construído em frente ao nosso vilarejo. Nada e nem ninguém sabe o que aquelas paredes feitas de pedra guardam em seu interior. Luzes de velas sempre eram vist...