Heller Dimitrescu
Eu beijei a Bela... não, ela me beijou. Seus lábios eram quentes que parecia sangue fresco. Espera... isso não é um crime? Eu beijei uma mulher de 70 anos que mora num castelo.
Eu sou um aproveitador? Não, espera. Eu tô sendo a vítima aqui!
Enquanto estou encarando a porta que ela acabou de sair, deixo meus dedos nos lábios, estupefato, tocando minha boca enquanto não consigo parar pensar novamente o quão macio, úmido o toque dos seus lábios. Maldito seja! Maldito corpo de adolescentes que esses hormônios agindo involuntariamente agora mesmo!
A razão de eu me sentir culpado foi porque gostei disso.
— Haaa. — Suspirou fortemente enquanto esfregava minha nuca com os dedos. — Só espero realmente que isso não traga um clima ruim. — Murmurei comigo mesmo antes de sair para os corredores.
De primeiro momento avistei a boneca no ar, mas sendo manipulada por fios enquanto pousava sob meu ombro esquerdo.
— O que aconteceu? — Perguntou ela com a voz mais aguda que já ouvira em minha vida.
— Não pergunta pra mim. Estou completamente confuso. — Admiti.
Eu respiro profundamente ao me sentar nos primeiros degraus do segundo andar. Angie sobe na minha cabeça, sentando-se ao apoiar meu ombro esquerdo na quina da escada depois dos corrimãos. Eu percebi nas janelas um breu que não poderia ver nem sequer a neve caindo, onde a luz ainda não se fazia presente. Era cedo demais, estava tudo muito calmo. Conseguia ouvir inúmeras respirações dos soldados lá embaixo, dito que dois cômodos enormes de distância. Já faz um tempo desde a última vez em que me senti tão fraco que parece que já tá virando normal.
Não preciso nem olhar para o espelho para saber que minha aparência já está mudando conforme o tempo. Uma aparência de alguém doente, frágil e debilitado. Consigo levantar e caminhar como nenhum outro, mas minha estamina está baixa, sem dúvida alguma.
— Este lugar está ocupado? — Eu me viro para ver Cassandra, onde a própria estava se inclinando até que sua cabeça se nivelasse à minha.
— Não, vá em frente. — Me direcionei um pouco para o lado para lhe dar mais espaço.
Cassandra cuidadosamente ergueu seu vestido antes de sentar-se. Nós ficamos alí, silenciosos, ambos vendo o nada até que ela rompeu esse silêncio.
— Eu fiquei sabendo o que aconteceu...
— Ah, sério? — Perguntei desconfiado ao olhar para Cassandra, onde em questão de segundos de encarada, não conseguiu resistir.
— Ah~ — Suspirou fortemente. — Tá... todos nós vimos o que aconteceu...
— O que quer dizer com "todos nós"? — Mantive meus olhos fixos em Cassandra, que desviou seu olhar para frente.
— Todos do castelo. — Respondeu ela. — Com a excessão dos soldados, é claro.
Pela primeira vez perdi minha compostura enquanto me encolhia sobre meus ombros. Meu rosto estava ilegível até para mim enquanto entrava em pânico.
— Pfft! Eu acho que é a primeira vez que eu vejo essa mudança de expressão no seu rosto, chega a ser divertida. — Cassandra ficou rindo enquanto tentava reprimir sem o mínimo esforço ao colocar uma de suas mãos em frente a boca.
— Por favor, não tire sarro de mim. — Pedi, percebendo minha expressão envergonhada. — Não pensei que você fosse esse tipo de pessoa.
— Oh~ Que tipo de pessoa pensa que eu sou? — Inclinou sua cabeça com curiosidade.
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Heller Dimitrescu
PertualanganSob neves intermináveis que tocam o solo em todos os anos desde que um enorme castelo fora construído em frente ao nosso vilarejo. Nada e nem ninguém sabe o que aquelas paredes feitas de pedra guardam em seu interior. Luzes de velas sempre eram vist...