Capítulo 22 - Boneca

51 12 0
                                    

Angie

Donna nasceu na nobre casa Beneviento, onde sua família era fabricantes de bonecas e, por gerações, mantiveram as alianças com Dimitrescu, Heisenberg e Moreau. Controlando assim as regiões e todos os arredores.

Quando menina, ela me disse que se escondia dos outros devido à cicatriz em seu olho direito. As piadas, risadas e brincadeiras de mau gosto era o que ela sempre ouvia outras com medo. A sua forma, como também a única para se proteger de todo aquele desconforto era à mim, uma boneca, construída e produzida por seu pai.

A morte dos seus pais à abalou e se isolou completamente do mundo á fora. Reclusa, distante do convívio social até que mãe Miranda adotou-a como um de seus filhos e infectou-a com o Cadou.

Após a infecção, o poder que tinha de controlar as bonecas e expelir um feromônio controlador de plantas capaz de induzir alucinações em qualquer pessoa que inalasse pólen de uma planta infectada por mutamiceto. Com o efeito colateral do parasita, sofria de uma doença mental debilitante e adquiriu um abcesso mutante sobre o olho direito, onde a cicatriz se encontrava.

Graças à esse poder, essa capacidade de controlar bonecas, eu criei minha própria personalidade. Dividimos e compartilhamos uma vida em dois corpos. Seu corpo humano me dá a vitalidade que preciso para me manter "viva".

Dito isso, gargalhadas, brincadeiras e felicidade ao ver minha presa em desespero, a satisfação nítida em meu semblante ao ver que sempre vencia um jogo proposto por mim mesma. A mesma forma que tratavam Donna Beneviento, irei tratar o mundo da mesma maneira.

Sou um tipo de boneca sádica, mas protetora por qualquer perigo que vá contra Donna. Mesmo que isso signifique que um dia, terei que enfrentar mãe Miranda.

Porém em intantes do garoto estar completamente imóvel, está desaparecido. Vendo pelos olhos das outras bonecas que há espalhadas pela casa, não o encontro. Também não consegui achá-lo durante duas horas rondando pela casa. Até mesmo do feto monstruoso averiguando foi incapaz de encontrá-lo, que, agora, não passa de um cadáver.

Se eu não o encontro, é esta a razão que eu me sinta observada? Todas as bonecas se viraram para mim de uma forma horrenda. São só bonecas que agora estão sorrindo de orelha a orelha e seus olhos me acompanhando onde quer que eu vá.

Por que sou eu quem estou me escondendo?

— "Por que sou eu quem estou me escondendo" você se pergunta... — Uma voz de criança, uma garotinha.

Há mais alguém na casa? Eu tinha a plena certeza de que somente aquele garoto havia entrado. Não tenho mais o controle das bonecas, o que está havendo?!

— Não se desespere. — O sussurro da garota é feito ao meu lado. Bem ao meu lado. Ela está do meu lado. — Vamos mudar essa brincadeira. Se você gritar, correr ou sentir medo, farei você agonizar de dor sem nem mesmo poder ter forças para gritar. — Decretou ela enquanto surgia uma imensa mão abraçando meu torço.

Não havia pele, suas unhas é grandes e escuras. Sua carne podre, tão podre que não conseguia sequer ver a cor do seu sangue. Talvez pela quantidades de baratas, aranhas e lacraias que há dentro de sua carne exposta.

Uma imagem desagradável aos olhos.

Saí de lá com grande velocidade no ar, dirigindo-se com fios que há nos locais para me locomover. Mas eu parei, parei sentindo uma dor intensa no estômago, indo para a garganta. A dor é tão aguda que parece que está rasgando de dentro pra fora.

Não consigo gritar, pois há algo em sua garganta impedindo o ato. O máximo que consigo e abrir a boca o máximo que posso e levantando a cabeça encarando o teto.

Uma pequena garota estava alí de braços cruzados com os joelhos dobrados em minba frente, conseguia vê-la pelo canto do olho, sorrindo com os lábios. Com o tempo, não consigo mais vê-la pelas patas de uma tarantula que saí da minha boca. A tiro de lá de forma rápido com as duas mãos, cortando seu corpo ao meio.

Eu estou incapacitada, não há mais fios. Ela os cortou? Cadê o garoto?

— Por favor, entenda que isso faz parte do meu ser.

— O que?

— Estou apenas tentando ver a minha presa sofrer. — Disse ela caindo em gargalhadas. Em seguida, tocou minha barriga com o dedo indicador. — Se você não se render agora, além do ninho de aranhas que há em seu estômago, vou colocar lacraias também. — Decretou ela com um semblante calmo, mas que qualquer um levaria ela muito à sério agora.

— O que você quer? — Perguntei para ela sem ter idéia da resposta. Num piscar de olhos, a garota já não está mais presente. O garoto toma conta da conversa em instantes.

— Fui enviado por Lady Dimitrescu. — A dor sumiu, as bonecas estão novamente sob meu controle e Donna se faz presente no cômodo principal. — Donna Beneviento, Daniela está aguardando sua presença no castelo.

Isso foi muito repentino, suas palavras foram muito direto ao ponto. Não seria exagero em dizer que ele está com pressa. Seu comentário e postura já haviam explicado toda a situação, mas pelo qual motivo?

Heller DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora