Capítulo 26 - Julgamentos I

59 13 0
                                    

Bela Dimitrescu

Inacreditável.

Simplesmente inacreditável que alguns momentos que é relatado no meu livro e o que me ocorreu hoje de fato aconteceu! Simplesmente aconteceu! Não é coincidência, não é mesmo!

Igual que, até agora estou deitada ao lado de Heller é citado da mesma forma e momento. O próprio dormindo enquanto eu contemplava um rosto sereno, seu rosto sereno e cansaços visíveis em seus olhos.

Letra por letra. Estrofe por estrofe. Parágrafo por parágrafo.

O livro me colocara, assim como o Heller em situações semelhantes descritíveis no livro. Não sei o motivo ou a razão. O livro não demonstrou que está manipulando quaisquer objetos ou seres dentro do castelo, ou... até mesmo fora, somente nós dois estamos sendo incluídos até o momento.

Porém em algum momento no futuro, isso se encaixaria para minhas irmãs... Donna, Angie ou até mesmo minha mãe?

Seja como for, decido rondar o castelo com o livro em minhas mãos. O próprio livro no qual seguro segue, mesmo que em outra interpretação, os diálogos e ações dos personagens principais. O que eu escrevi, é o que de fato acontece, ou seja, ao meu favor, ao meu querer.

Isso significa que tudo que eu escrever, Heller irá fazer ou... falar? Eu deveria testar. Entretanto, o que eu deveria testar algo que, Heller não faria e as pessoas ao redor não interferissem ou... talvez algo mais simples?

No andar inferior, passando pelo saguão principal em direção ao salão dos quatro. Há quadro colunas pedestal em forma de estátuas, onde apenas os quatro quadrados eram vistas sobre o chão, mas que agora foram acionados para não acumular muita poeira que poderia comprometer o mecanismo de realizar sua função.

Me sentei acima de uma das ambas estátuas atrás das duas outras na frente. Ao abrir o livro, as próximas páginas em branco escrevo o que eu quero que aconteça, levando em conta o ambiente e momento.

Assim como eu estou sentada acima de uma das estátuas que se encontram próximas da porteira de ferro junto a descrição da placa dizendo: "Para que a salvação possa advir, o clarão dos anjos há que cobrir". Farei ele sentar em uma das estátuas e de costas, deixarei relatado no livro que o próprio irá repetir a frase.

Parece simples, mas o modo e o tom de voz que relatei no livro dificilmente seria encarado como coincidência. De pernas e braços cruzados ele irá repetir a frase como se estivesse perguntando para mim apenas por usar um tom de voz diferente.

Fechei o livro, fiquei de pernas cruzadas e coluna ereta apenas esperando a presença de Heller no salão dos quatro, coisa que, não demorou sequer dois minutos para fazer sua aparição. O próprio desce as escadas com as mãos depositadas no bolso, seu rosto apresenta cansaço, mas sua postura diz o contrário.

Assim como é relatado no livro, Heller pula para a estátua do meu lado e permanece de costas para a placa com braços e pernas cruzadas.

— Para que a salvação possa advir, o clarão dos anjos há que cobrir hã? — Perguntou exatamente, o modo e tom de voz que é descritível no livro.

A fala que descrevi no livro era apenas e, somente a frase com um tom de pergunta, dúvida no caso. Heller ao acrescentar o "hã?" deixa mesmo que, não totalmente comprovado que a situações ou até mesmo as falas não sejam iguais, mas isso não tira o conceito à ser seguido.

— Era Arminianismo. — Disse à Heller. — É uma crença seteriológica... — Concluí.

— Sim, sua irmã que disse isso. — Heller ainda permanecia com os braços e pernas cruzados, mas o único detalhe de ele ficar de cabisbaixo não deixei passar.

Alí parada, eu o contemplava. Observava-o enquanto os minutos passava sem ele sequer dar um único movimento. Isso confirmou de vez que, Heller irá seguir tudo àquilo que estiver escrito no livro, não seguirá igual é relatado no livro, mas o objetivo é claro e não deixa de ser seguido.

Heller irá fazer, falar e acatar as ordens que estiverem descritos no livro. Mas por que? Qual a razão? É como se o livro o designasse ás ordens dadas.

Bom, nesse caso seria ridículo...

— Ei, vocês! — Uma voz masculina ecoou no local. Olhamos para o lado onde o próprio estava vindo dos fundos.

Não tive tempo para perceber que alguém estava vindo. Por não sentir sua presença, um barulho ensurdecedor ecoou no local. O homem que vestia uma blusa de moletom bege e calças jeans faz sua aparição puxando o gatilho de uma arma na têmpora de Heller, onde o mesmo caí de costas no chão.

Cassandra e Daniela interviram o invasor no mesmo instante após dissipar o inchame de insetos para a forma humana. O que elas fizeram com ele tampouco me importei já que Heller não levantava de forma alguma do chão. Sei que ele se regenera, mas ele sequer está dando algum sinal de persistência. Seu pulso e batimentos cardíacos frequentemente ficam fracos a cada instante.

Palavras de nossa última briga ecoaram em minha mente. "Se dói? É claro que dói. Mas ninguém se importa já que no final do dia estarei curado."

É... no fim do dia estará curado, mas aqueles cansaços visíveis em sua face deixa que minha preocupação tome conta da minha mente. O corpo de Heller está mudando e isso... isso qualquer um pode ver. Pode perceber que aos poucos, seu corpo deteriora.

Seu corpo agora está trabalhando. Mas seu tom de pele agora é pálida, o suficiente para ver cada veia e sua cor nitidamente e olhos cansados, tendo sua coloração em volta dos mesmos.

Heller DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora