Bela Dimitrescu
Com os pensamentos de dúvidas que eu me questionava sobre o acontecido agora há pouco com Heller, ouço batidas fracas na porta de meu quarto. O cheiro do próprio estava alí, no aguardo de uma resposta.
Por um momento parada e recebendo outras novas batidas na porta, me direciono até ela e abro a porta vendo Heller com um fraco sorriso.
— Olha... — Suspirou enquanto coçava sua nuca desviando o olhar para o lado e retornando logo após. — Eu não sei o que deveria ter feito ou o que você quisesse que eu interpretasse o personagem mas... me desculpe se isso a chateou. — Sua face de preocupação comigo e decepção consigo mesmo se fizeram presente.
Não sei se um abraço seria melhor que as palavras que eu usarei agora, mas ainda opto pelas mesmas.
— Não é sua culpa. — Afirmei esboçando um sorriso no meu rosto. — Eu me surpreendi muito. Por favor, não se sinta culpado, eu só... eu... — Tentava encontrar palavras para finalizar essa questão envergonhante, porém minha mãe fez sua aparição atrás de Heller com um semblante nada agradável.
— Temos uma emergência... talvez. — Mesmo que esse talvez cessou o sentido de emergência, sua expressão de preocupação é nítida em seu rosto.
Heller perguntou a minha mãe qual era o problema que a deixava inquieta. A mesma disse para segui-la para seu quarto do lado juntos com minhas irmãs que inclusive já estavam a espera.
Eu, Heller e minha mãe adentrando nos aposentos de minha mãe, um cômodo antes de seu quarto, Cassandra e Daniela estavam sentadas em ambos os sofás de frente para o outro, apenas separados por uma pequena mesa em frente uma da outra.
Nossa mãe sentou-se na poltrona individualizada a frente de todos. Heller sentou-se ao lado de Cassandra e eu junto a Daniela apenas esperando vossa mãe.
— Vocês se recordam de Donna Beneviento, filhas? — Levantou o assunto, que pelo visto foi bem objetiva e direta ao ponto. — Fazem alguns dias que não recebo suas cartas. — Declarou vossa mãe.
A mãe não tem um vínculo forte para com Donna Beneviento, mas o presente que ela deu para nós... suas filhas é algo que ela admirou por tal atitude. Onde a própria fez e entregou para nós alguns presentes.
— Desculpe-me interromper, mas quem seria Donna Beneviento? — Perguntou Heller antes de levantar sua mão e olhar fixamente em direção a nossa mãe com dúvida.
— Donna Beneviento é uma das Lordes do vilarejo, mas além disso é amiga de minhas filhas. — Continuou a mãe. — Eu não tenho nenhuma inimizade com ela como eu tenho com outros Lordes, mas também não é como se ela fosse uma amiga minha.
— Conhecemos apenas um ano, então no ano retrasado ela fez alguma bonecas com aparência semelhante a nós mesmas apenas pelo nosso aniversário. A gentileza dela foi muito gratificante. — Disse Cassandra com as pernas cruzadas e as mãos juntas com os dedos entrelaçados. — Bela assim como à mim, gostamos de Donna Beneviento, mas em comparação com Daniela, parece que nosso "gostar" seja algo sutil.
Eu já estava analisando Daniela ficar inquieta com a notícia e sinto o olhar de Heller sobre ela que também esta a analisar. A expressão facial de minha irmã ao meu lado deixa o moreno curioso, mas ao mesmo tempo, duvidoso.
— O frio está ainda mais intenso lá fora, mandar Heller para lá talvez seja-...
— A melhor opção. — Interrompeu o próprio para a fala de vossa mãe. Ouvimos seus batimentos cardíacos, suas pulsações e o tom de voz que acabara de usar em tom de afirmação clara. — Apenas me dê o mapa e deixe-me ir. — Seu tom de voz não foi de pedido, o que nos deixou surpresas.
— Veja, precisamos que você seja o mais discreto possível.
— E precisamos tirá-la de lá o quanto antes! — Heller levantou sua voz como se ele tivesse toda a razão, agora bastava ouvirmos sua explicação. O próprio suspirou e continuou a falar. — Viu e percebeu de primeiro momento que Karl Heisenberg quer matar à todos, inclusive a senhora. É por isso que eu digo que devemos tirá-la de lá e manter todos seguros aqui dentro do castelo. — Apontou e tocou a mesa a sua frente com o dedo indicador.
Heller afirma com toda clareza que esse é o jeito de manter Donna Beneviento segura de Karl Heisenberg. Mas porquê ele quer matar todos inclusive a mãe?
— Mãe, por qual motivo seu irmão quer matar todos? — Perguntou Daniela olhando em seus olhos, ansiando em ter imediatamente a resposta.
— Heller trouxe consigo de sua viagem seus pertences, dito isso, achamos e concluímos que não é uma hipótese. — Seu tom cortante na voz deixa claro que ela não está mentindo. Não que ela nunca tenha mentido para nós. — Estou afirmando que de agora em diante, Heller e eu estamos sendo caçados e Donna Beneviento já está na lista. — Os olhos dourados de vossa mãe agora ganhou cor, e um aceno de cabeça em direção à Heller a permissão foi dada.
Heller levantou-se do sofá, virou suas costas abrindo e fechando as portas do cômodo. Vossa mãe também levantou-se da poltrona e camimhou até a porta abrindo-a, mas antes de sair de nossa presença deixou suas palavras.
— Enquanto Heller estiver fora, pensaremos em nosso próximo passo. — Dito isso, vossa mãe nos deixou fechando a porta.
Não tínhamos nada para comentar uma com as outras, agora é com o tempo que teremos com que preocupar-se. Boa sorte, Heller. Você pode até entrar na casa de Donna Beneviento, mas não sei se poderá sair...
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Heller Dimitrescu
PertualanganSob neves intermináveis que tocam o solo em todos os anos desde que um enorme castelo fora construído em frente ao nosso vilarejo. Nada e nem ninguém sabe o que aquelas paredes feitas de pedra guardam em seu interior. Luzes de velas sempre eram vist...