Capítulo 48 - Em busca de Solução II

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Bela Dimitrescu

A única coisa que eu queria agora era que algo esfriasse a minha cabeça. Os pensamentos acelerados que estou tendo jájá vai me sobrecarregar. Pois aquela carta foi sim uma surpresa. Chris teve seu joelho e ombros quebrados, e mesmo depois de tudo isso ainda está disposto a uma trégua, quer dizer... seria mesmo uma trégua?

Tô cansada de pensar... se isso se prolongar, posso ter melancolia e não é disso que eu preciso.

Apesar de eu ter pegado a xícara de chá contendo sangue, já havia esfriado há algum tempo e, o que eu não quero agora é ir lá fora.

— Você não me parece bem... — Meu silêncio prevaleceu diante a fala. — Mesmo concordando, não vejo isso em seus olhos... sua expressão condizindo concordância neste assunto.

Sentada e cabisbaixa. Sem virar o pescoço para direcionar meus olhos em sua direção, permanecemos em silêncio por um breve momento... momento onde agora eu iria começar a falar.

— Você... adora ver as entrelinhas, não é? — Minha voz baixa faz ele ficar na minha frente.

A postura com um só joelho no chão, cuja apoiava o braço do mesmo lado, lá estava ele ajoelhado na minha frente após eu ter levantado minha cabeça. Uma postura quase perfeita de quem queira fazer uma reverência formal. Notei que Heller havia tirado o sobretudo e estava com um casaco feito de lã cinza, feito por Donna. Fechei os olhos com força e os abri novamente saindo do transe.

— O que você acha que estou pensando? — Perguntei aleatoriamente, sem nem mesmo ter pensado o motivo de ter feito tal pergunta, apenas... perguntei.

— Está querendo que eu diga algo que não tenho uma opinião concreta? Ainda mais... o que se passa na sua cabeça? — Não respondi, fiquei imóvel até o momento em que ele começaria a falar novamente. — Eu não sei o que se passa na sua cabeça, digo isso pois sei que não é pouca coisa. No entanto, aparenta estar confusa.

— Confusa? — Repeti sua afirmação.

— Bela, você está confundindo silêncio com paz há algum tempo. — Disse ele e juntei minhas sombrancelhas. — Sabe tanto quanto eu que têmos que acabar com isso o quanto antes. A criança, Ethan... todos tem que ir embora para um lugar onde estarão seguros, e, quando digo seguros, inclui também pelo que aconteceu antes que nos trouxe a este momento não possa ser repetido.

Desfiz minhas sombrancelhas e novamente volto a pensar...

De fato, Heller está certo e aceitei isso de imediato, pois eu não me sentia em negação pela minha linha de pensamento, eu apenas... apenas deixava fluir ao meu querer. Tudo que pensava era apenas na segurança contra perigo, e não na solução para desfazer o perigo.

Sou retirada dos pensamentos ao perceber que fixava meu olhar em Heller. E ele percebendo isso, devolveu o olhar com os olhos semicerrados. Dalí pra frente seu rosto me dava uma sensação densa, tal que tentei não olhar para ele mais do que a cortesia me exigia.

— Você parece desconfortável com algo...

— Tente de novo. — Disse eu virando o pescoço e evitando o contato visual.

Um breve silêncio, Heller volta a falar novamente.

— Como está o coração? — Perguntou em um tom de brincadeira.

— Me diga você... sei que você o ouve melhor do que eu. — Senti um "Hum" feito dentro da garganta vindo de Heller, transmitindo humor junto à um riso. Retornei meu olhar para seus olhos que ainda estavam lá me fintando. — Como... como você acha que vai ser quando eles chegarem para o castelo? — Uma pergunta sendo pouco controlada com um tom de voz envergonhada, mas feita sem gaguejos.

Heller DimitrescuOnde histórias criam vida. Descubra agora