Heller Dimitrescu
Fiz algumas compras com Duque no primeiro andar. Uma camisa de manga cumprida branca e calças de couro preta. Ambas as roupas não aquecem muito, mas também não deixa o frio ultrapassar sobre as mesmas. A bota que ganhei de presente de Duque me deixou impressionado pelo conforto.
Eu o agradeci por tudo e saí de sua presença. Saindo da sala do comerciante, me encontro no salão dos quatro. Há quadro colunas pedestal em forma de estátuas. Suas formas estão nítidas abaixo do chão.
"Para que a salvação possa advir, o clarão dos anjos há que cobrir."
De frente a placa de metal escrito tais palavras, me pego muito duvidoso por tal frase. Claramente isso tem significado, mas o que seria afinal? As pinturas pelo castelo parece pertencer a era renascentista, mas essa frase não parece pertencê-la.
— Arminianismo. — O tom de voz feminina ecoa atrás de mim, ainda sim, não dou o trabalho de virar-me. — "Para que a salvação possa advir, o clarão dos anjos há que cobrir". É uma crença soteriológica, cujos os ideais refutavam o calvinismo. Em outras palavras, a salvação é baseada na fé, nenhum sistema conhecido de Arminianismo nega a salvação pela fé. — Disse Cassandra se aproximando ao meu lado com ambas as mãos atrás das costas com postura ereta.
Chegando com uma bela explicação mesmo sem ter feito tal pergunta...
— Então Deus não elege os escolhidos para oferecer a graça. Isso dependeria da vontade do homem de buscar a salvação. — Afirmei tendo quase a certeza de que havia entendido.
— Sim. — Respondeu Cassandra. — A fé é a única condição para entrar no Reino de Deus, a falta de fé torna sua passagem inexistente. Em vida, a falta de boas ações não condizem nada. — Decretou com clareza, com os olhos entre-abertos e fixando-os na placa de metal.
Sem nada a expressar em seu semblante, sua face inexpressiva dizia pouco, mas o suficiente para deduzir que tipo de pensamento a própria tem neste assunto.
— Com sua licença, irei ver sua mãe. Ver se posso fazer algo por ela. — Cassandra acentiu em concordância e virei minhas costas em direção ao saguão principal.
Daniela chamara minha atenção que estava junto com Bela sentada em uma cadeira individualizada, enquanto Donna Beneviento e Angie estão juntas no sofá, ao lado de Daniela. Após eu me aproximar, percebo que a boneca no colo de Donna se mantém atenta ao fixar seus olhos em mim.
Deixando ela um pouco de lado, olho para Daniela aguardando o que ela tem a dizer.
— Bela me contou que você... — Enquanto Daniela falava, reparei uma veia saltitando, pulsando na sua têmpora. Não ousei falar sequer uma palavra para interromper e dar meus motivos.
Porém enquanto ela falava, não tirava os olhos de Daniela que transparece uma raiva pura em cima de mim. Mas chega à ser um pouco engraçado em saber que somente eu tenho culpa disso.
— Parece que você não está levando a sério isso, não é, Heller? — Perguntou a própria fechando as sombrancelhas no centro da testa e fixando seu olhar em meus olhos, esperando uma resposta.
— Não estou de brincadeira Daniela, mas também não significa que eu esteja a sério. — Essa fala realmente é genuína, mas meu tom de voz com qualquer sentimento inexistente, deixa a dúvida prevalecer.
— Por que não resolvemos isso com um... joguinho? — Bela se faz presente na conversa adicionando uma proposta. — Quem perder, faz o que o adversário quiser. — Decretou a mesma, mas sua face que apresentara não concordava nada com tais palavras ditas.
— Eu aceito. — Declarou Daniela confiante em apresentar um sorriso no rosto, transparecendo determinação no olhar.
Ela realmente está levando isso à sério a julgar por sua postura e semblante.
— Qual jogo iremos jogar? — Minha pergunta já deu a entender que aceitei a participar.
Bela, Daniela, Donna e Angie levantam-se e traçam seus caminhos para o andar superior. Decido segui-las.
Na ala de jogos, uma mesa retangular no meio de algumas outras, nos sentamos. O cômodo é muito bem conservado, as paredes muito bem detalhadas, candelabros nas paredes fazendo a iluminação deixa o ambiente mais belo.
A porta do mesmo cômodo se abre, Lady Dimitrescu acompanhada com Cassandra se faz presente.
— Ora Ora. — Em um tom de satisfação, Lady Dimitrescu esboça um sorriso. — Sinto-me um pouco chateada por não terem nos chamado, certo Cassandra? — A garota de cabelos negros bufou junto à um sorriso.
— Perdoe-nos mãe, mas Daniela apostou com Heller que o perdedor pode fazer o que bem entender com o próprio. — Explicou Bela. — Até podemos aumentar os participantes para quem quiser jogar, mas temos que deixar esta aposta como a principal atração.
— Assim será. — O sorriso de Lady Dimitrescu se intensificou ainda mais após Bela ressaltar o real motivo. — Formaremos as equipes.
Lady Dimitrescu pegara um papel e não adicionara quem não gostaria de jogar. Daniela e eu já fazíamos parte do jogo, então Cassandra, Bela, Lady Dimitrescu e Donna foram as únicas, deixando apenas Angie que não gostaria como espectadora.
Usando uma caixa vazia e com pequenos papéis dobrados sobre a caixa, Daniela e eu tiramos nossos parceiros. Daniela, Bela e Cassandra juntas. Eu, Lady Dimitrescu e Donna em meu grupo.
— E então, que jogo iremos jogar? — Perguntou Lady sem ainda ter o conhecimento já que havia chegado antes.
— 21.
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Heller Dimitrescu
AdventureSob neves intermináveis que tocam o solo em todos os anos desde que um enorme castelo fora construído em frente ao nosso vilarejo. Nada e nem ninguém sabe o que aquelas paredes feitas de pedra guardam em seu interior. Luzes de velas sempre eram vist...