Medo

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- Se sente melhor querida? - Minha mãe pergunta entrando no quarto com uma bandeja em suas mãos.

- Mãe, você não precisa me trazer café no quarto todos os dias. - Digo me sentando apoiando as costas da cabeceira da cama. - E sim, estou me sentindo melhor.

Na verdade, eu ainda sentia fortes dores no corte em meu braço, já que ainda não havia cicatrizado, mas não queria preocupa-los ainda mais, então apenas omitia essa parte.

- Não vejo problema algum nisso Melinda... - Diz deixando a bandeja em meu colo. - Hoje eu volto para o St.mungos, você ficará bem aqui sozinha filha?

- Não se preocupe. - Dou um sorriso. - Se precisar eu mando Hades até você.

- Tudo bem. - Deposita um beijo em minha testa. - Seu pai chegará mais cedo do trabalho hoje, deixei o jantar de vocês preparado.

- Obrigada mãe.

Ela se despede de mim, mas não sem antes reprisar várias vezes a importância de mandá-la uma carta caso necessário. Assim que ela sai  dou a primeira garfada no delicioso bolo de chocolate a minha frente, era uma das especialidades de Agnes.

Um forte dor no meu braço me atinge fazendo com que eu derrubasse o talher que estava em minha mão. Eu poderia jurar que conseguia sentir cada veia do meu braço pegar fogo, estava tão insuportável que sem ao menos perceber eu já estava chorando enquanto segurava meu braço.

Aos poucos sentia a dor aliviar mas as lágrimas ainda caiam freneticamente pelo meu rosto. Puxo minha varinha apenas para retirar a bandeja do meu colo e o talher que estava no chão. Me deito na cama novamente me cobrindo até a cabeça, desejando que aquilo acabasse de uma vez, já haviam se passado quase duas semanas e eu ainda continuava sentindo aquela dor insuportável, que por vezes me fez querer arrancar fora meu próprio braço.

Os soluções baixinhos ainda saiam dos meus lábios, até eu sentir o cobertor sendo puxado. Me sento assustada na cama, já que era assim que eu vivia o tempo todo, com medo.

Eu não conseguia acreditar na visão a minha frente, o garoto não disse uma palavra apenas me abraçou fortemente me puxando para o mais perto possível.

- Eu fiquei sabendo o que aconteceu. - Ele diz deixando um beijo em minha testa. - Desculpe chegar sem avisar mel.

- Obrigada por estar aqui Pierre. - Me aconchego mais em seus braços me sentindo tranquila por ele estar ali.

- Você estava chorando. - Diz passando a mão em meu rosto ainda molhado. - Está sentido dor?

- N-não, eu apenas... - Sabia que não iria conseguir ser tão convincente para Pierre quanto era para os meus pais.

- Eu sei que está mel, conheço você. - Diz sorrindo amigavelmente. - Venha, conheço uma receita que pode aliviar.

Seguro em sua mão para me levantar da cama e seguimos até o andar de baixo onde ficava a cozinha. Me sentei no balcão enquanto Pierre trabalhava com a ajuda da sua própria varinha.

Rapidamente me lembro de Mattheo, eu não tinha nenhuma notícia dele a semanas, eu queria que ele estivesse aqui, mas sabia que era arriscado até mesmo uma rápida visita.

- Pronto. - Pierre diz me tirando dos meus pensamentos. - Talvez arda um pouco, mas você vai sentir o alívio logo em seguida.

O garoto mergulha o pano na água que estava dentro de uma pequena tigela, haviam algumas folhas mas eu nem ao menos sabia para que serviam. Com delicadeza Pierre pega meu braço colocando o pano que estava morno sobre meu corte, um grito estridente saia dos meu lábios assim que eu sinto o líquido em contado com o machucado.

Ardia como nunca, mas em questão de segundos a dor foi dando espaço para um alívio quase que instantâneo, me fazendo soltar um logo suspiro de alívio.

- Você disse que ardia um pouco, não que meu braço iria parecer estar sendo mutilado. - Digo sorrindo limpando as lágrimas.

- Desculpe ma chérie. - retira o tecido do meu braço. - Mel, por que fizeram isso com você?

- Eu não sei Pierre, mas foram os piores momentos da minha vida. - Pela primeira vez eu me sentia confortável para contar isso para alguém. - Eu achei que não iria aguentar Pie, apenas em lembrar da maneira como a voz
dela exalava satisfação ao me desferir por duas vezes uma maldição imperdoável, me causa calafrios.

- E adivinhe? Eu não consigo esquecer pois esse maldito corte me faz relembrar todos os dias de como eu fui fraca, todos os dias me faz sentir todo a dor que ela queria me causar, é como se toda raiva de Belltrix ainda estivesse em mim. - Digo afundando o rosto em minhas mãos.

Pierre permanecia calado, assim que meus olhos sobem até o rosto do garoto, vejo que o ele não olhava para mim, mas sim para algo atrás de mim.

Olho para trás encontrando o moreno encostado no batente da porta, seus olhos estavam cravados em mim e estavam marejados, olheiras profundas estavam bem visíveis.

- Deixarei vocês a sós. - Pierre diz saindo da cozinha.

Mattheo vem às pressas em minha direção e automaticamente eu pulo da bancada dando um passo para trás. Eu não sabia o por que de ter feito aquilo, me amaldiçoei no segundo em que senti uma pontada de receio com a sua aproximação repentina.

- Você está com medo de mim? - Ele pergunta e eu posso sentir a decepção em sua voz.

- N-não, me desculpe. - Digo mas sem conseguir me aproximar. - Eu não sei por que fiz isso.

Mattheo se aproxima novamente e eu luto contra a vontade de dar mais alguns passos para trás, mas assim que seus dedos encostam em meu rosto tudo parece se resumir apenas a ele.

- O que fizeram com você meu amor?. - Pergunta me puxando pela cintura, me agarro em seu corpo inalando o cheiro que eu tanto sentia falta. - Me perdoe Mel.

- A culpa não é sua. - Puxo seu rosto com minhas mãos. - Ei, olhe para mim, eu senti sua falta.

Vejo um sorriso de canto surgir em seu rosto e logo em seguida seus lábios tocam os meus, aprofundo o beijo sentido cada parte do meu corpo reagir positivamente.

- Estava com medo de perdê-la, eu não posso perder você Melinda, entendeu?

- Você não vai... - seus olhos analisavam cada expressão do meu rosto. - Eu amo você Mattheo, e se fosse preciso passar por tudo de novo para estar com você, eu passaria.

- Não diga isso, se alguém ousar encostar em você novamente, eu torturo essa pessoa até que ela tenha uma morte lenta e dolorosa. - Diz sério. - Eu amo você mais do que tudo Melinda, não vou admitir que alguém lhe machuque.

- Aparentemente sua mãe me acha uma "verdadeira vadia" ou melhor "uma vagabunda traidora de sangue" - Meu estômago se embrulha ao lembrar das frases de Bellatrix Lestrange.

- Ela lhe disse isso? - Pergunta travando a mandíbula. - Bellatrix irá pagar caro por isso, quem ela acha que é para lhe falar isso?

- Está tudo bem, o importante é que você está aqui. - Digo sorrindo enroscando meus braços em seu pescoço. - Já posso me considerar uma vadia feliz? - sussurro mordendo levemente seus lábios.

Be with me - Mattheo Riddle Onde histórias criam vida. Descubra agora